Especial admin 4 de outubro de 2010 (0) (452)

Você precisa fazer parte de uma equipe para correr?

Nas ruas e nos parques das principais cidades brasileiras o volume de corredores aumenta a cada dia. A Cidade Universitária, em São Paulo, recebe mais de 5 mil pessoas aos sábados. O Parque do Ibirapuera, somando-se todos os períodos, obtém igual número de esportistas. É uma onda que pode ser medida também pela quantidade de participantes em competições. Em 2007, segundo a Federação Paulista de Atletismo, foram mais de 200 provas só no estado de São Paulo, ultrapassando 500 mil inscritos.

Correr é um movimento simples, natural para o homem. A atividade talvez tenha sido o primeiro esporte praticado na história da humanidade. Milhares de anos depois, o que era apenas necessidade ou diversão virou um grande negócio. No Brasil, estima-se que existam mais de quatro milhões de praticantes (incluindo-se os que correm apenas de vez em quando). E diante de um contingente como esse, vem aumentando também o número de assessorias esportivas, dispostas a ensinar o indivíduo a correr – algumas, exagerando, defendem até que seja necessário assessoria para caminhar…

Professor de educação física há 22 anos e pioneiro na área de assessoria esportiva, Marcos Paulo Reis diz que os grupos têm suas vantagens, como orientação mais personalizada e principalmente socialização. Mas tudo depende dos objetivos que se deseja alcançar. "O indivíduo não precisa entrar numa equipe dessas para começar. Acredito em automotivação e em boas dicas de publicações especializadas", fala o treinador, que vendeu 12 mil exemplares do livro Programa de Caminhada e Corrida.

O fundamental é obter informações de fontes sérias – como profissionais ligados ao esporte, médicos e revistas conceituadas – e não obrigatoriamente na figura de um professor. "Praticar uma atividade física, mesmo que sozinho, é melhor do que ficar parado, lamentando que não tem condições de contar com uma assessoria esportiva. É interessante, porém, recorrer a veículos e profissionais bem informados para realizar a atividade com alguma segurança", acredita Rodrigo Florêncio, treinador da RF Corrida e Saúde e professor da academia Acqua Fitness, de São Paulo.

MUITO ALÉM DA PLANILHA. Sim, você pode obter orientação técnica das mais diversas maneiras. E quem procura uma equipe é claro que está de olho nisso, especialmente na promessa de treinamento personalizado que a maioria oferece. Mas não é o único motivo que leva alguém a ingressar em um grupo de corrida. A oportunidade de trocar experiências com outros corredores, fazer amizade e até mesmo arrumar namorado/a (ou emprego) – pode apostar – também estão no rol de intenções e contam como vantagens. Ou seja, o fator convívio social acrescenta pontos à escolha.

A PlayTeam é um bom exemplo da socialização que muitos buscam. A equipe surgiu a partir de amigos que viraram corredores – ou teria sido o contrário? Não importa: o certo é que desde que nasceu, em 2005, até hoje, o grupo mantém forte sua base de relacionamentos. "Mostramos que ainda existe um lugar onde o companheirismo, o respeito e principalmente a amizade fazem a diferença", diz Ricardo Aloise, criador da Play, que acredita ser esse o principal motivo de crescimento do grupo, atualmente com mais de dois mil corredores cadastrados!

Uma assessoria de corrida é ainda uma corporação. E é comum ver esses grupos orgulhosos de suas camisetas. Não pela beleza em si, é óbvio. Mas pelo que elas representam: o nome do técnico que está por trás delas, a filosofia seguida ou o perfil das pessoas que integram a equipe. E diante de tudo isso o sentimento de cooperação também aflora: um por todos e todos por um!

VÁ PROCURAR SUA TURMA! Mas por onde começar ao se decidir por uma assessoria esportiva? O que levar em conta: indicação de amigos, o nome do treinador, um grupo com muitas pessoas, a atenção especial por meio de um personal? Uma coisa é básica: a equipe deve ter profissionais sérios, formados em educação física e com especialização em treinamento. "Não adiante ter um bom currículo de corredor, ter corrido maratonas ou ter um corpo bacana, pois isto não credencia ninguém a trabalhar e colocar a saúde dos outros em risco. Importante também que os alunos tenham perfis semelhantes e que haja opções de horários para os treinos", aconselha Nelson Evêncio, presidente da Associação dos Treinadores de Corrida de Rua de São Paulo (ATC-SP). E é obrigatório que o professor tenha registro no Conselho Regional de Educação Física (CREF).

Procure observar também se o treinamento de corrida é o objetivo principal da equipe – isso, se correr for seu objetivo principal também. Afinal, como meio de atrair alunos e reforçar o lado da socialização do esporte, é cada vez mais comum as assessorias oferecerem um menu variado de eventos, como festas, churrascos, jantares, viagens. Como diferenciais, ainda enchem os olhos dos corredores com a possibilidade de aulas extras de ioga, alongamento consciente, musculação e outras firulas mais. 

Sem dúvida, a empolgação é grande logo que você começa a fazer parte de um grupo. Mas é importante manter a objetividade e verificar a pontualidade e a seriedade dos profissionais, o nível de atenção com cada aluno, o respeito às individualidades e os resultados alcançados no trabalho com outros alunos. Mais: técnico bom é aquele que está por perto em todas as horas: nas vitórias e nas fases difíceis, como na época de uma contusão às vésperas de uma competição da qual você queria muito participar. E dê preferência ao treinador que esteja sempre com o grupo, que saiba seu nome e não o veja como um número de planilha.

Vale ressaltar: o treinador não é necessariamente o dono da assessoria esportiva e vice-versa. Saiba que quem não é formado em educação física deve ter um sócio que tenha esta capacitação e responda pela parte técnica da coisa. O indivíduo que não tem a formação só pode exercer a função administrativa. "Se entrar na parte técnica, estará exercendo a profissão ilegalmente", alerta Evêncio.

ASSESSORIAS, TÉCNICOS E O QUE OS REGULAMENTA

A Associação dos Treinadores de Corrida registra o treinador pessoa física e não a pessoa jurídica (assessoria esportiva). "Temos quase 200 treinadores cadastrados, mais de 120 associados, sendo que cada um destes responde por uma assessoria esportiva. Estes cerca de 200 treinadores possuem mais três ou quatro treinadores agregados em cada assessoria, totalizando mais de 800 treinadores de corrida, só em São Paulo", revela Nelson Evêncio.

A ATC é uma entidade que não visa lucros e toda verba que arrecada (o treinador associado paga uma anuidade voluntária), além de cobrir as despesas básicas de manutenção, é revertida em benefício de seus associados. "Surgimos em 2003, da necessidade que tínhamos de ter uma entidade legalmente constituída que representasse a classe dos treinadores de corrida perante os órgãos públicos e privados, além de unir vários profissionais com objetivos em comum, promovendo a troca de experiência e a ética entre eles", conta Evêncio.

A importância de associações como essa é batalhar pelo crescimento sustentável da corrida, legalizando e organizando os pontos de treino e auxiliando as organizações de provas a oferecerem eventos seguros e atrativos.

MANUAL DO CORREDOR

A Associação dos Treinadores de Corrida de Rua desenvolveu um "Manual do Corredor", abordando vários aspectos importantes sobre o esporte. Você pode solicitar um exemplar pelo telefone (11) 5642-0458 ou baixá-lo pela Internet, através do link
www.atcsaopaulo.com.br/manual-do-corredor.php

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