POR TOMAZ LOURENÇO
Depois da ocorrência de 15 maratonas oficiais no país em 2023 (válidas para o RANKING CR), sendo 4 no último fim de semana de agosto, constata-se que passaram pela linha de chegada dos 42.195 metros um total de 23.801 corredores, considerando-se os 22.542 das 12 provas na TABELA, mais os 1.259 de outras 3 citadas. Portanto, um avanço de 10,1% sobre o total de concluintes nas provas do ano passado.
É efetivamente uma boa evolução, mas decorrente principalmente do forte aumento de participantes no evento carioca, e, em segundo plano, pela volta da Maratona de Blumenau, que compensaram a queda ou estabilização em outras maratonas. Digno de nota também é o crescimento na Internacional de João Pessoa, mesmo com o lançamento de nova prova este ano, na capital paraibana.
Em termos percentuais, o destaque positivo vai para Campo Grande, enquanto no oposto aparece Ponta Grossa, pagando o preço por uma prova com falhas em 2022. Ainda nesse critério, significativo foi o avanço da Maratona Fila na cidade de São Paulo, com o detalhe de acontecer em quatro voltas (de 10,5 km), juntando solo e revezamento, o que pode representar uma tendência, apesar das muitas desistências nesse tipo de evento. Trata-se de uma releitura da famosa Maratona Pão de Açúcar de Revezamento, surgida há 30 anos.
Aliás, o percurso em duas voltas na de Blumenau talvez tenha ajudado para o retorno com sucesso dessa antiga maratona, ao permitir uma maior interação dos maratonistas com seus familiares e amigos, além do evento não atrapalhar tanto o trânsito da cidade, o que é sempre motivo de reclamações, notadamente quando os bloqueios são feitos para a passagem de alguns poucos corredores, realidade da maioria de nossas maratonas.
De qualquer forma, o número de maratonistas ainda é pouco expressivo no Brasil, em comparação com o que se verifica no hemisfério norte, especialmente em função do nosso clima quente, que desestimula os sempre desgastantes treinos para o desafio dos 42 km.
Até o final do ano, depois de acontecerem as 8 maratonas oficiais restantes (Foz do Iguaçu, Salvador, Recife, Manaus, Jurerê-Fpólis, Curitiba, Monumental-DF e Sorocaba), o total de concluintes deve chegar perto dos 30 mil, o que irá representar menos que 5% dos estimados 700 a 800 mil corredores brasileiros, aqui considerados os que participam de provas, devidamente inscritos.
Para que a evolução continue, os organizadores devem se empenhar para atrair os maratonistas, os tratando com o máximo de carinho, na forma de largadas bem cedo (de madrugada mesmo), percursos planos, excelente abastecimento e eventualmente revezamentos nos 42 km, para que eles não se sintam tão sozinhos, especialmente na segunda parte, como acontece em várias de nossas maratonas, quando o pessoal da meia termina os 21 km. A queda de participantes na SP City tem um pouco a ver com isso.
Evolução de concluintes nas maratonas BR*
Obs.: Estão fora da tabela provas que aconteceram pela primeira vez este ano ou que não ocorreram em 2022 e que são: Maratona de João Pessoa (364 concluintes), Maratona Brasília (101) e Maratona Internacional de Blumenau (794), totalizando 1.259 participantes nessas 3 corridas.
Tomaz Lourenço é jornalista, 76 anos; lançou a revista Contra-Relógio em outubro de 1993, sendo seu editor até a última edição em abril de 2021. Correu mais de 60 maratonas no Brasil e exterior, além de 2 Comrades; seu recorde nos 42 km foi ao estrear na distância, em Blumenau 1992, com 3h04. Contato: tomazloureno1947@gmail.com