Especial contrarelogioadm 26 de novembro de 2017 (1) (1703)

Japão: terra de muitas e ótimas maratonas

Se existe um país das maratonas, esse local é o Japão. E também das ultras. Um mercado de corridas altamente aquecido, que segue em evolução e com pelo menos 20 provas oficiais com mais de 10 mil concluintes. No mês passado, nesta série especial de volta do mundo por maratonas, mostramos a estratégia dos diretores da World Marathon Majors de expandir a série para a Ásia, mas fora do Japão. Esse plano tem diversas justificativas, como veremos especificamente a seguir.
A começar pelo motivo mais óbvio: a Maratona de Tóquio foi incluída como a sexta Major e hoje é uma prova consolidada, de excelente organização, percurso rápido e com 300 mil inscritos para 30 mil vagas na loteria anual (leia mais sobre a prova ao longo desta matéria). Segundo porque, atualmente, o número de concluintes em provas de 42 km no Japão (600 mil) é o maior do mundo. Desde 2015, superou o dos Estados Unidos (veja a seção "Estatísticas" nesta edição).
O terceiro, e não menos importante atrativo: a maior parte desses corredores é do próprio Japão e, depois, de países próximos, como a China e a Coreia do Sul, por exemplo. Estrangeiros da Europa ou do Continente Americano, com exceção da Maratona de Tóquio, ainda são em menor número nos eventos japoneses.
Basta ainda uma análise sobre o "mundo dos calçados" para encontrar modelos de tênis produzidos e comercializados exclusivamente no Japão. Alguns, devido a pedidos, até são exportados para Europa, Estados Unidos e Brasil, como o Takumi Sem, da Adidas, citando apenas um exemplo. Mas a maioria você só encontra no Japão. Em termos de vestuário, idem. Os produtos são pensados para o perfil do corredor asiático e, neste caso específico, do japonês.
Nas próximas temporadas, teremos um "aprimoramento" desses olhares para o Japão, já que Tóquio será a sede da Olimpíada de 2020 e, por isso, todo o foco esportivo estará voltado para a cidade e, consequentemente, para o país. Os japoneses têm atração por organização e respeito ao próximo, o que se reflete diretamente nas maratonas, além de a maioria das provas terem percursos voltados também para a parte turística e cultural, valorizando as riquezas do local, sem contar o apoio irrestrito da população.
A listagem de maratonas poderia ser muito maior, mas levamos em conta alguns fatores importantes para escolher as 16 provas aqui apresentadas. A começar por misturar diversas regiões do Japão, em um tour pelo país. Depois, todas estão entre as maiores, com excelente organização, com chancela da Federação Japonesa e de entidades internacionais. Agora, um fator primordial: todas têm a opção de inglês no site oficial, além de outros idiomas.
Há maratonas grandes e excelentes no Japão, mas com o site apenas em japonês e outras, que incluem somente o chinês e o coreano como extras, por exemplo. Assim, caso tenha fluência no idioma local, a possibilidade irá crescer bastante. Mas ao pensarmos na grande parte dos leitores, consideramos fundamental ter as informações em inglês. Concluídas as explicações, vamos começar o passeio pelo Japão, a partir da Hokkaido Marathon. Boa leitura.

27 de agosto
Hokkaido Marathon
http://hokkaido-marathon.com/2017/overview-en/
A Maratona de Hokkaido é realizada no Verão japonês. Teve início em 1987 com apenas 437 participantes e atualmente reúne mais de 15 mil. O nível técnico é muito forte e conta com a presença dos principais corredores japoneses em busca de índices para Mundiais e Olimpíadas.
A prova ocorre em Sapporo, capital da Província de Hokkaido, uma das mais modernas do Japão, com ruas planejadas e espaçosas, o que beneficia a realização da maratona. O esporte está no dia a dia dos moradores. A cidade foi sede da Olimpíada de Inverno de 1972 e de partidas da Copa do Mundo de Futebol de 2002, por exemplo. Além disso, tem como destaques o Festival da Cerveja nos jardins da Avenida Odori Koen (no Verão) e o Festival da Neve, em fevereiro.
Tradicionalmente, o período de Verão é ameno e com menos chuvas do que no resto do país. O ponto de partida e chegada está localizado no Odori Park. O trajeto conta com a sanção tanto da Associação Japonesa de Atletismo (JAAF) quanto da AIMS, o que significa ser elegível inclusive para a quebra de recordes mundiais.
O percurso começa em subida nos primeiros 5 km e, depois, tem uma longa descida, voltando a subir um pouco no trecho final, a partir do km 39. Mas todas as elevações são pequenas em termos de altimetria: pelo mapa do percurso, a prova varia de -10 m a 30 metros do nível do mar.
A organização se destaca, com 17 pontos de hidratação, além de 11 locais com banheiros químicos. Como é tradição em provas no Japão (e você verá ao longo desta reportagem na maioria das provas), há pontos de controle pelos 42.195 m: são 13 na Maratona de Hokkaido e quem está acima do limite de conclusão de 5h15 é barrado, sendo impedido de seguir correndo (essa medida é tomada para ir liberando o trânsito aos poucos nos pontos já percorridos, o que reduz o impacto nos municípios).

29 de outubro
Kanazawa Marathon
http://www.kanazawa-marathon.jp/outline/english.html
Kanazawa é capital da província de Ishikawa, que tem uma vasta riqueza histórica, gastronômica e cultural (com destaque para o artesanato). Uma das principais atrações é o Castelo de Kanazawa, assim como o Portão Ishikawamon e o Sanjikken Nagaya, designados como bens culturais do Japão. Já Nagamachi é um dos distritos de samurais mais visitado do Japão e está localizado perto do Kanazawa.
A Maratona de Kanazawa tem um limite de 13 mil participantes e uma reserva de vaga para mil estrangeiros residentes fora do país, que não passam pela loteria (fazem a inscrição em um sistema diferente), pois a procura é grande pela prova, como ocorre com a maioria das provas de 42 km no Japão. O limite de conclusão é de 7 horas, um dos mais altos, sendo que há nove pontos de checagem de tempo e quem fica acima do limite é "barrado".
Todo o trajeto é certificado pela JAAF e pela AIMS. A maratona faz um tour pela região, passando tanto pela área histórica quanto pela zona central e rural de Kanazawa, sempre com muito público nas ruas. Em termos de altimetria, as subidas concentram-se nos primeiros dez quilômetros, para então descer por mais 10 km e seguir relativamente plano até a chegada.

29 de outubro
Yokohama Marathon
http://www.yokohamamarathon.jp/2017/en/
O limite de participação na Maratona de Yokohama é de 26.950 participantes (incluindo outras distâncias). Devido à grande procura, há a possibilidade de loteria. O trajeto é ponto a ponto, ou seja, larga na Minato Mirai Ohashi Bridge e termina no Pacífico Yokohama, após fazer um grande passeio pelos pontos turísticos e culturais da cidade. A prova é marcada por longas retas, a maior parte no trecho do litoral.
Yokohama tem boas lembranças para o futebol brasileiro. Foi palco da final da Copa do Mundo de 2002, vencida pelo Brasil, e também do Mundial de Clubes de 2012, que teve o Corinthians como campeão diante do inglês Chelsea. O estádio, inclusive, faz parte do percurso da maratona. Devido ao movimentado porto (percorrido nos 42 km), Yokohama é a principal porta de entrada de produtos, vestuários, alimentos e conceitos estrangeiros no Japão.
Entre as principais atrações estão o edifício Landmark Tower, um dos mais altos do Japão, o bairro de Chinatown (com mais de 150 anos de história e 500 lojas). A cidade está localizada a apenas 25 quilômetros de Tóquio e próximo de Kamakura, repleta de importantes templos budistas e casa do Grande Buda de bronze, um das mais elegantes estátuas do Japão.

12 de novembro
Okayama Marathon
http://www.okayamamarathon.jp/en/
Com 6 horas de limite de conclusão e 11 pontos de verificação do ritmo dos corredores ao longo do trajeto, a Maratona de Okayama tem largada diante do ginásio de Okayama (Zip Arena Okayama) e chegada na pista de atletismo do City Light Stadium.
Com longas retas, o percurso apresenta pouca variação de altimetria, mas não é plano, sempre com subidas e descidas leves. A maior alteração ocorre no km 30, que precisa ser levada em conta tanto no treinamento quanto na estratégia no dia da prova.
O limite de participantes é de 15 mil corredores, incluindo a prioridade para 2 mil moradores locais e de 1 mil para estrangeiros (com preferência para quem tenha feito a prova em anos anteriores).
Localizada no distrito de Chugoku, Okayama é uma importante cidade comercial, indústrial e cultural do chamado "Japão Ocidental". A principal atração é o Jardim Koraku-en, e serve também como porta de entrada para o Parque Nacional do Mar Interior e para a Ilha Shikoku. Okayama tem acesso direto a partir de Tóquio: a viagem demora 1h30 de trem.
O Jardim Korakun-en, próximo ao Museu Provincial de Okayama, está localizado na margem leste do Rio Asahi. É um dos mais célebres jardins do Japão. Os outros dois são o Kenrokuen (em Kanazawa) e o Kairakuen (em Mito). Tem uma área de 14 hectares e data de 1700. Contém árvores de chá silvestre, extensos gramados, lagoas, bosques e colinas.
Já o Castelo Okayama, localizado a 3 minutos de caminhada do Jardim Koraku-en, foi originalmente construído no século 16. A torre principal de quatro andares, reconstruída em 1966, exibe muitas relíquias da história local. A Seto Ohagi Bridge é a primeira ponte construída para ligar as ilhas de Honshu (cidade de Kagawa) e Shikoku (cidade de Okayama). Inaugurada em 1988 após nove anos de construção, é outro ponto turístico local.

12 de novembro
Fukuoka Marathon
http://www.f-marathon.jp/en/
No site oficial, os organizadores afirmam que "o trajeto da Maratona de Fukuoka é um inesquecível passeio por 42.195 m juntando duas cidades, Fukuoka e Itoshima, mesclando a estrutura de uma região com a natureza e o cenário deslumbrante da outra, em uma experiência única, reforçada pelo calor dos moradores e pelos aromas da deliciosa cozinha local, o que com certeza ampliará o número de fãs de Fukuoka ao redor do mundo".
O slogan da prova é "Corra pela cidade. Corra pelo mar. Corra para o futuro. De Fukuoka a Itoshima". Com limite de conclusão de 7 horas, a maratona tem largada na Tejin Area (em Fukuoka) e chegada na Itoshima City Koryu Plaza Shima-kan. São nove check-points ao longo do trajeto, ou seja, quem ficar acima do ritmo mínimo, não poderá seguir correndo! O trajeto, boa parte no litoral, não é totalmente plano, com as maiores elevações localizadas entre os km 19 e 21 e do km 30 em diante, quando as oscilações são em maior número.
Localizada ao norte da Ilha de Kyushu, Fukuoka é o ponto de partida para explorar a região: a histórica cidade de Nagasaki, as termas naturais de Beppu (a maior caldeia vulcânica do mundo), o monte Aso (na divisa das províncias de Kumamoto e Oita), o vulcão ativo Sakurajima e as paradisíacas praias de Okinawa, Amami e Yakushima.

19 de novembro
Kobe Marathon
http://kobe-marathon.net/2017/english/
Na manhã do dia 17 de janeiro de 1995, um terremoto de 7,3 pontos na escala Richter devastou Kobe (na Província de Hyogo), uma das principais cidades do Japão. A tragédia deixou mais de 6,4 mil mortos, 35 mil feridos e 300 mil desabrigados. A Maratona de Kobe foi criada com o intuito de marcar a reconstrução local e também de mostrar a gratidão do povo da região pelo amplo apoio mundial recebido após a catástrofe.
Por isso, a Maratona de Kobe apresenta o slogan "42.195 quilômetros de gratidão", com a expectativa de 20 mil participantes. Com longas retas e no litoral, o trajeto não é plano, mas as alterações na altimetria são bem pequenas. A maior subida está entre o km 37 e o 40, para depois ter uma descida íngreme até o km 41 e a reta final sendo plana.
O porto de Kobe foi um dos primeiros abertos ao comércio exterior no Japão (depois de Osaka) em 1868. Por esse motivo, a região sofreu forte influência de culturas estrangeiras. Como curiosidade, foi dessa cidade que embarcaram os japoneses rumo ao Brasil. Na tarde de 28 de abril de 1908, os primeiros 781 emigrantes partiram de Kobe no navio Kasato-Maru rumo a Santos.

26 de novembro
Osaka Marathon
http://www.osaka-marathon.com/index_en.html
Osaka recebe uma das maratonas mais bonitas do Japão, com o percurso passando por inúmeros pontos turísticos, como o Osaka Castle Park, a Central Public Hall, o Kyocera Dome Osaka e o Porto Nanko. Inclusive, a largada ocorre no parque onde está localizado o castelo, com a chegada diante do salão internacional da cidade (Intex Osaka). O trajeto é relativamente plano.
Capital da província de mesmo nome, Osaka é a segunda maior cidade do Japão, localizada a 553 quilômetros de Tóquio, na foz do Rio Yodo. Além de importante centro comercial e industrial, é rota de tráfego aéreo e marítimo, além de contar com uma extensa rede ferroviária. Assim, é a base ideal para visitar as antigas capitais, Nara e Kyoto, o movimentado porto de Kobe e o Mar Interior do Japão, um dos tesouros nacionais que oferece belas paisagens.
Um dos pontos turísticos mais importantes é mesmo o Castelo de Osaka, construído por Hideyoshi Toyotomi no final do século 16 e famoso pelo tamanho e pelas grandes pedras de granito das muralhas.
Já a Torre Tsutenkaku, com 103 metros de altura, é um dos marcos da cidade (está no percurso da maratona). Ao redor da torre fica Shinkesai, um popular centro de divertimento. O Aquário de Osaka e o parque temático da Universal Studios são outras atrações, assim como o Santuário Sumiyoshi.

26 de novembro
Tsukuba Marathon
www.tsukuba-marathon.com/outline_english.html
Tsukuba é uma cidade japonesa localizada na província de Ibaraki. Uma das atrações locais é a Tsukuba Daigaku, uma das universidades mais antigas do Japão, fundada em 1872. O campus principal cobre uma área de 258 hectares, sendo o maior do Japão. A universidade está diretamente ligada à maratona, com a largada ocorrendo dentro do campus e a chegada na pista de atletismo da instituição de ensino.
Haverá cinco portões ao longo da maratona, que devem ser alcançados dentro dos tempos-limite de cada um, caso contrário o participantes é impedido de continuar, sempre pelo mesmo motivo: não causar um transtorno muito grande no trânsito da cidade. O total de participantes é de 15 mil corredores nos 42 km e de 3,5 mil nos 10 km.

3 de dezembro
Naha Marathon
http://www.naha-marathon.jp/en/index.html
A maratona acontece na ilha subtropical de Okinawa, conhecida pela longevidade e receptividade dos habitantes. Naha é a capital da ilha. O evento é um dos principais do Japão, tendo início em 1985 para a comemoração do 25º aniversário de "cidade-irmã" entre Naha e Honolulu. Cada edição da prova tem a função de promover laços de amizade e interação local e internacional.
A largada e a chegada ocorrem na região do Ohnoyama Stadium. Há bastante sobe e desce ao longo da maratona, principalmente entre os km 10 e 20. Depois, os corredores passam a descer bastante e, entre os km 25 e 38, torna-se plano, com a última subida localizada entre os km 38 e 40, quando o trajeto volta a ser "morro abaixo".
Boa parte dos turistas vem a Okinawa para conhecer as praias de areias brancas e águas azuis, encostadas tanto em grandes resorts quanto em pequenas ilhas completamente isoladas. O arquipélago é dividido em três grupos menores de ilhas. Cada uma tem arquitetura distinta e costumes e linguagem próprias.
Sede da maratona, Naha é a base para iniciar uma exploração pela região. Entre as atrações, estão o Castelo Shuri (patrimônio da humanidade pela Unesco) e as áreas relacionadas à 2ª Guerra Mundial em Himeyuri. O mar é a grande atração para praticar kite e windsurfe, velejar, passear de caiaque, mergulhar ou simplesmente relaxar e curtir o sol. Além disso, as ilhas oferecem uma cultura bem distinta do resto do Japão, com ateliês de cerâmica e artesanato, academias de caratê (Okinawa é a pátria do esporte) e construções históricas.

3 de dezembro
Shonan Marathon
http://www.shonan-kokusai.jp/12th/english/index.html
A Shonan International Marathon ocorre totalmente no litoral, em um percurso de ida e volta. Tem opção também de 21 km para atletas de performance, pois o tempo limite de conclusão é de 1h30.
Percurso com pouca variação na altimetria, que fica oscilando entre o nível do mar e os 15 metros de "altitude", ou seja, pode ser considerada bem plana. Há oito pontos verificação de tempo e de corte ao longo dos 42 km. O limite de conclusão é tranquilo: 6h30.
A prova tem o circuito montado na Baía de Sagami, distante apenas 50 quilômetros de Tóquio. Os maratonistas percorrem as cidades de Hiratsuka (local de largada e chegada), Chigasaki e Fujisawa, além de passar pelo Rio Sagami.

10 de dezembro
Nara Marathon
http://www.nara-marathon.jp/lang/en/
O convite dos organizadores no site oficial é quase irrecusável. "Nosso evento teve início como parte das comemorações do aniversário de 1300 anos da cidade de Nara! Imagine então atravessar a capital antiga, as mesmas ruas em que samurais já cavalgaram seus cavalos."
A largada e a chegada ocorrem no Nara City Konoike Athletics Stadium, com o trajeto sendo relativamente plano (há oscilações, principalmente no miolo, mas com inclinações traquilas). O ponto de retorno ocorre na cidade de Tenri, com os corredores passando por boa parte dos pontos turísticos e históricos da região.
Mas a grande atração mesmo é a história de Nara. Capital do país entre 710 e 784, foi nesta planície que floresceu uma cultura fortemente baseada em valores e costumes importados da China. A escrita, o budismo, a arquitetura e o urbanismo implementados em torno do palácio imperial Heijo tiveram como base a cidade Tang de Chang'an, a atual Xian.
O principal ponto turístico é o tempo budista Todaiji (Grande Templo do Leste), uma das sedes da seita Kegon. Do ano de 752, época que a cidade ainda era a capital japonesa, abriga a estátua Daibutsu, uma imensa imagem do Buda Vairocana feita em bronze. O prédio construído ao redor, o Daibutsuden, é o maior em madeira do mundo.
Caso opte por correr a Maratona de Nara, não se assuste: ao andar pela cidade, irá encontrar inúmeros cervos nas ruas. O animal é considerado um mensageiro dos Deuses, ou seja, sagrado, convivendo com turistas e visitantes dos templos, onde vivem soltos nos jardins.

18 de fevereiro
Kyoto Marathon
http://www.kyoto-marathon.com/en/
"Cidade da Cultura Internacional e do Turismo", com sete monumentos listados como Patrimônio Cultural da Unesco, além de outras atrações turísticas, foi capital do país por séculos. Se Tóquio é hoje o centro do poder político e econômico japonês, Kyoto traduz a alma e a essência da cultura japonesa.
O trajeto da prova inclui todo esse roteiro histórico. Os sete patrimônios culturais estão ao longo dos 42.195 m para citar somente um dos atrativos. Os corredores percorrem a maratona observando as cinco montanhas ao redor de Kyoto e dez universidades estão localizadas pelo percurso, com milhares de estudantes se reunindo para apoiar os participantes.
Extremamente bonito, o trajeto não pode ser considerado fácil em sua totalidade, apesar de favorável a um bom desempenho, principalmente pelo clima frio (em edições passadas, houve até neve). São algumas subidas leves do km 6 até o km 18 e outra leve entre o km 37 e 38. Há 14 postos de hidratação com água e isotônico, sendo que após o km 18 também é oferecida uma alimentação bastante diversificada (característica das maratonas japonesas). Isso inclui banana, balas e gel, mas também tomate, pãezinhos recheados com doce de feijão e um tipo de pastel cozido, entre outras iguarias.
Da meditação zen à cerimônia do chá, da arquitetura refinada às gueixas em quimonos de seda, Kyoto destaca as tradições do povo japonês. Dezenas de maravilhosos templos budistas e santuários xintoístas espalham-se pela cidade. Abriga também joias arquitetônicas como a vila imperial de Katsura Rikyu e o castelo Nijo, onde os xoguns (os generais que comandaram o país por séculos) distribuíam as ordens que se espalhavam por todo o país. Entre os passeios para depois da maratona, no distrito de Nakagyo há o mercado Nishiki (com lojas de utensílios de cozinha e comidinhas), e a ruela Pontocho (um dos centros da boemia de Kyoto).
Outra possibilidade bem interessante é fazer uma dobradinha, pois a Maratona de Kyoto ocorre tradicionalmente uma semana antes da de Tóquio. Caso tenha tempo e encaixe no orçamento, essa opção será mais do que inesquecível. Como a passagem aérea ao Japão e a adaptação ao fuso exige todo um planejamento, no caso de um 42 km + 42 km, será ampliada a experiência turística e, ao mesmo tempo, o aumento de custo viria da acomodação, alimentação e inscrição, pois de Tóquio a Kyoto a opção é o trem bala.
Mas não basta querer correr a maratona. Há loteria para participar de Kyoto, só que bem menos disputada do que a de Tóquio (pouco mais de 60 mil inscritos para 16 mil vagas em média na largada). Ou seja, um pouco de sorte também será determinante!

18 de fevereiro
Kitakyushu Marathon
http://kitakyushu-marathon.jp/
Kitakyushu é uma cidade industrial que mescla o castelo medieval remodelado e o parque temático Space World, que contrastam totalmente com o tradicional Kurume e o festival de fogos de artifício. Está localizada na Província de Fukuoka,
A maratona, com certificação internacional, ocorre durante boa parte pelo litoral e passa pelos principais pontos turísticos da cidade. Tem largada na Prefeitura de Kitakyushu e termina em frente ao Kitakyushu International. Bem plano em sua totalidade.
Novamente, uma prova com barreiras de controle de tempo: são dez ao longo do percurso, a partir do km 3, e quem estiver acima do limite de 6 horas de conclusão será impedido de continuar. As inscrições começam tradicionalmente no início de agosto (a partir do dia 5 neste ano) e há também uma loteria devido à grande procura. Os participantes serão anunciados em outubro, quando a vaga deve ser confirmada pelo site oficial após comunicação por e-mail.

25 de fevereiro
Tokyo Marathon
http://www.marathon.tokyo/en/
Nesta série especial de volta ao mundo por maratonas e também meias-maratonas, que começou em agosto do ano passado, deixamos tradicionalmente as Majors de fora, pois são provas já conhecidas pela maioria dos corredores, mas não há como falar dos 42 km no Japão e não ter Tóquio na relação. O evento realmente é grandioso e melhora anualmente, ainda mais agora no período de preparação da cidade para receber a Olimpíada de 2020.
A Tokyo Marathon impressiona não apenas pela quantidade de participantes, cerca de 37 mil, mas principalmente pelo apoio da cidade no dia da prova, transformando todo o trajeto em um emaranhando de gente vibrando e torcendo. Há cerca de 1,6 milhão de espectadores nas ruas para apoiar os corredores. O evento é repleto de atrações. São três dias de Expo, no pavilhão de exposições Tokyo Big Sight. Não faltam produtos oficiais, principalmente no estande da Asics.
A programação prossegue no sábado pela manhã, com a FriendShip Run, uma prova festiva de 4 km realizada na área externa no pavilhão de exposições com o objetivo de dar boas-vindas aos estrangeiros. Na parte da tarde, é a vez da Parada das Nações, um desfile das delegações próximo ao local da chegada da maratona. A partir de 2017, o trajeto foi modificado para ficar ainda mais plano (com o corte de algumas pontes) e rápido, ou seja, além de uma experiência incrível, Tóquio tem uma maratona indicada para bons desempenhos e recordes pessoais (tanto que em fevereiro deste ano o queniano Wilson Kipsang obteve o melhor tempo feito em solo japonês, com 2:03:58).
Além da disputada loteria, para os corredores estrangeiros há outras três possibilidades de se inscrever em Tóquio: pela agência oficial de turismo do país com o pacote de viagem incluso (aqui no Brasil, é a Kamel Turismo), por caridade ou por índice técnico (nesse caso, somente 200 vagas). Uma curiosidade da prova é a grande participação de corredores fantasiados.
Tóquio é uma metrópole mundial e também uma das mais populosas. Literalmente, não para durante as 24 horas do dia. A movimentação de pessoas é intensa, seja por carros, bicicletas, a pé ou pelo transporte público (com o metrô sendo uma ótima opção, apesar de realmente muito lotado nos horários de pico). Une o moderno e o tradicional. A parte histórica está preservada no vilarejo de pescadores no estuário do Rio Sumida, além de Asakusa (o distrito comercial com o templo Sensoji), e em Ryogoku (onde lutadores de sumô são vistos passeando de bicicleta).
A cidade jovem e moderna está nas ruas de Shibuya (com o cruzamento mais movimentado do mundo), grandes e coloridos letreiros (em uma mistura de cores e luzes que chega a ofuscar os olhos) e nas baladas de Roppongi (com muitos turistas). Há toda uma tradição na gastronomia, mas também uma cozinha internacional cheia de estrelas, além de grifes famosas da Ásia e de outros locais do mundo.
Para citar somente mais alguns pontos de visitação antes ou depois da Maratona de Tóquio, temos o Tsukiji Fish Market (o maior mercado de peixes do mundo, com os famosos leilões, principalmente de atuns, a partir das 5h); a Tokyo Tower (de 333 metros de altura com o observatório principal localizado a 150 metros de altura e o especial a 250 metros, garantindo uma vista incrível da cidade e, nos dias claros, com o Monte Fuji ao fundo); o Palácio Imperial com um grande parque ao redor, ponto tradicional inclusive de corrida em Tóquio e de longões; e o incrível Santuário Meiji Jingu, dedicado ao Imperador Meiji, que quebrou o longo isolamento do Japão no século 19. Um oásis de tranquilidade em meio à correria/agitação da cidade e um dos pontos onde você irá realmente mergulhar na tradição japonesa (é um santuário xintoísta, a religião nativa do país, quase sempre ligada à família imperial).

Março de 2018
Shizuoka Marathon
http://www.shizuoka-marathon.com/english/
A Província de Shizuoka está localizada na região central do Japão, tendo ao norte o Monte Fuji e ao sul o Oceano Pacífico e a Baía de Suruga. E essas são as grandes atrações da Shizuoka Marathon. Que tal correr por 42 km tendo sempre a visão do Monte Fuji como companheiro? Uma prova com certificação da Federação Japonesa e largada na área central da cidade, próxima das estações de trem (JR Shizuoka e JR Shimizu, o que facilita o acesso e deslocamentos). O tempo limite de conclusão é de 5h30.
O trajeto é novo, sendo alterado para diminuir curvas e ampliadas as retas, fazendo um tour por Shizuoka. Os organizadores destacam no site oficial a hospitalidade dos moradores, refletida pelo apoio e incentivo ao longo da prova, e pela união entre o cenário urbano e a natureza rica, além ser uma corrida visualmente muito bonita, incluindo lugares famosos da história local.
Antes, durante e depois da maratona, a gastronomia também está presente, com a distribuição de morango e

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