20 de setembro de 2024

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Especial admin 10 de março de 2015 (0) (136)

20 semanas para se preparar para a Comrades

Não é por acaso que a Comrades é a mais famosa ultramarato¬na no mundo. Ao con-trário das demais até bem conhecidas, a prova sul-afri¬cana é uma competição popular, reunindo mais de 15 mil partici¬pantes, a maioria do próprio país, com 90% conseguindo completar, com exceção do último ano, em que um calor absolutamente fora do normal levou a uma quebra de 25%. A largada este ano é às 5h, em Pietermaritzburg, no escuro e com frio de 5 a 10 graus, seguindo por estrada asfaltada, com planos e descidas, até a cidade litorânea de Durban, onde a temperatura chega a 25 graus.
Depois das reportagens da CR em 2007 e 2008, a cada ano uma centena de brasileiros tem partici¬pado da Comrades, e que acabam sendo propagandistas da prova, que é sem dúvida empolgante, pela grande e festiva presença de públi¬co pelo caminho, pela sensação de superação ao final e pelo prazer de conquistar a tão desejada medalha (só para quem completa em até 12 horas), que apesar de pequena tem enorme valor, premiando os vários meses de treinamento.
O normal seria que apenas pes¬soas já com algumas maratonas no currículo se animassem a en-frentar o desafi o, e é mesmo o que predomina, mas muitos encaram a disputa sul-africana sem nunca ter corrido os 42 km e terminam sem problemas. Completar a pro-va não é mesmo um bicho de 7 cabeças, desde que o corredor se prepare para ela, fazendo muita quilometragem por 3 a 5 meses (a depender da rodagem de cada um), alterando um pouco seus hábitos de vida, emagrecendo, ca-prichando na alimentação, etc. E tudo isso precisa ter por trás um detalhe fundamental: a pessoa precisa estar convicta de que quer fazer a Comrades!

VOLUME CRESCENTE. Minha pre- paração para a Comrades foi ba- seada em dois pilares: musculação geral (segundas, quartas e sextas) e rodagem (terças, quintas e domin- gos), com descanso no sábado. O principal nos treinos de corrida era fazer uma quilometragem crescen-te, mas muito gradativa, e sempre em ritmo confortável, equivalente ao que pretendia ou esperava con-seguir lá na África do Sul. Em relação ao trabalho de 1 hora na academia, ele era geral, ou seja, para braços, pernas e abdominais, seguido de uma corridinha na es-teira, rápida, porém curta, de não mais do que meia hora, para ga-nhar um pouco de ritmo. A muscu- lação e a esteira foram mantidas durante os 4 meses de preparação, sendo reduzidas apenas nas duas semanas anteriores à ultra. Já os treinos de corrida eram re-alizados por tempo, sem preocu-pação com a quilometragem com-pletada no fi nal de cada sessão. Dessa forma, comecei correndo 1 hora na terça, 1h30 na quinta e 2 horas no domingo. A cada semana aumentava 10 minutos os treinos da semana e 20 minutos os dos do- mingos, até a 16ª semana, quando fi z 3h30 na terça, 4h00 na quinta e 7h00 no domingo. Depois, fi caram estáveis os trei- namentos no meio da semana, au-mentando para 7h30 e 8h00 (nesta última semana, a quilometragem total, rua + esteira, chegou a apro- ximadamente 170 km) os longões de domingo, para uma redução de 50% na penúltima semana e apenas tro- tes leves de 2 horas na semana da Comrades, com descanso absoluto nos dois dias anteriores. Assim, a proposta aqui é para o início da pre- paração dia 14/01, resultando em exatas 20 semanas de preparação.

NO DIA. Em relação a como se "comportar" durante a Comrades, a sugestão é para que o participan- te esqueça o relógio, ou seja, para que ele entre na prova sem preocu-pação com o ritmo e muito menos com o tempo fi nal. Muito mais do que numa maratona, em uma ultra "tudo pode acontecer", então a re-comendação é para que o corredor saia em ritmo confortável e assim permaneça, deixando para os 10 km fi nais uma possível acelerada. Na Comrades existem vários pontos de corte no percurso, mas eles são bem fáceis de serem su- perados, pelo menos na primeira metade. Não se pode esquecer que o ritmo médio para quem completa em 12 horas é 8:05/km. Também é verdade que depois de 1/3 de pro- va é normal que os participantes (com exceção dos muito rápidos) passem a caminhar na passagem pelos postos de abastecimento (a cada 1,6 km), assim como nas subidas, que são poucas quando o trajeto é em descida. Aliás, os últimos 40 km são pre-dominantemente em leve desci- da, o que é muito bom, mas se a pessoa chega neste ponto já que-brada, de nada vai adiantar esse detalhe, daí ser fundamental sa-ber se poupar pelo menos até a metade. Para os que optarem em lá correr este ano, por ser "para baixo", vale destacar que isso tem pouca importância, já que as difi – culdades são semelhantes nos dois sentidos. Os tempos dos campeões, por exemplo, costumam ser muito próximos tanto nos 89 quanto nos 87 km ("em subida"). Este editor, por sinal, correu me-lhor na subida, mas estava um pouco mais preparado e mais leve, que é algo fundamental em uma ultramaratona. Ou seja, levar um 1 kg a mais durante uma longa distância é algo que se pode ima-ginar bastante contraproducente. Boa sorte aos que se animarem a enfrentar a Comrades dia 1º de ju-nho. Com certeza será uma expe-riência sensacional, que superará o sentimento (já maravilhoso) de completar os 42 km.

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