20 de setembro de 2024

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Especial admin 12 de outubro de 2014 (0) (159)

ASSESSORIAS EXCLUSIVAS PARA AS CORREDORAS

A presença do público feminino nos eventos de corrida do Brasil cresce a cada ano. O fato alertou o mercado de corrida do país, que já realiza um grande número de provas "só para elas". Muito natural que cresçam, também na mesma proporção, as assessorias esportivas exclusivas. Em São Paulo, existem as equipes Projeto Correr Mulher, o Grupo TPM – Treinamento Para Mulheres, e o Projeto Mulher, que atende também no Rio de Janeiro. Todos criados por mulheres, para mulheres.
"Como atleta e mulher, vivenciei sempre todos os benefícios e a disposição que a corrida proporciona, quando integrada à rotina das mulheres. Sempre enfatizo o quanto o gosto por esse esporte é importante para que a aluna possa perceber o ganho que está conquistando. Na minha experiência de 20 anos treinando mulheres, vejo que a maioria busca qualidade de vida com a corrida", disse a treinadora Eliana Reinert, idealizadora do Projeto Correr Mulher e técnica de atletismo e corrida do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo.
Adotar um plano especial, individualizado e dinâmico é possível em toda e qualquer assessoria esportiva por meio de acompanhamento de um profissional preparado. Há ainda os grupos de corrida que oferecem um treinamento sem cobranças exageradas e que conseguem proporcionar atenção exclusiva e identificar bem cada evolução da participante. O que diferencia, então, os grupos unicamente femininos?
Na opinião de Eliana, as trocas e os vínculos acontecem o tempo todo. Dessa forma, muitas sentem que, por maiores que sejam as dificuldades – e muitas sentem grande dificuldade, principalmente no começo -, terão ajuda e suporte profissional diferenciado. "A identificação e a integração entre as mulheres funcionam como um grande incentivo, permitindo que os objetivos dessas alunas, como emagrecer ou melhorar o condicionamento físico, sejam atingidos com mais facilidade."

NAMORADO FORA. Além dos planos de exercícios, orientação e acompanhamento técnico específicos à sua natureza, as corredoras buscam convivência com companheiras que dividem os mesmos problemas e interesses, de acordo com o relato das treinadoras. "O universo feminino tem suas peculiaridades, seus assuntos, seus problemas em comum, o que torna isso uma grande vantagem. A única desvantagem que vejo é a impossibilidade de arrumar algum namorado no grupo. O resto é só vantagem", brincou a criadora do Grupo TPM, Adriana Piacsek, que leva sua experiência de 28 anos no mundo das corridas para as meninas da equipe.
Em maio, o TPM completará 11 anos, e o objetivo de Adriana é poder mostrar para suas alunas que o mais importante nesse esporte é a saúde e o bem-estar. "Algumas mulheres chegaram aqui sedentárias e hoje correm meia-maratona. Isso é maravilhoso. Nós as incentivamos, também, a cuidar da alimentação – e por isso a maioria emagrece e fica em ótima forma", disse Adriana.

TREINO E DIETA. A nutrição também é um pilar fundamental para o Projeto Mulher, criado há 17 anos pela educadora física e triatleta Cristina Carvalho. "Mostramos que não adianta se exercitar e não cuidar da dieta. O conceito de alimentação saudável tem que caminhar junto com o de treinamento físico em todos os casos, especialmente no das mulheres, sempre mais preocupadas com o controle do peso."
Além do menor teor de gordura corporal e do aumento da quantidade de massa muscular em relação ao peso, estudos já comprovaram que a corrida torna os ossos mais fortes, com mais cálcio, e melhora a aptidão física e cardiorrespiratória. Todos esses são aspectos fundamentais no processo de envelhecimento com qualidade para as mulheres.
Os fatores como gravidez, menstruação e a famosa tensão pré-menstrual também são levados em conta numa assessoria feminina, mas com a diferença de quem sente na pele os efeitos das alterações hormonais. Segundo Cristina, é necessária uma adaptação. "O desconforto sempre atrapalha o desempenho. Portanto, a influência será proporcional ao desconforto destas situações", disse.

TRÊS EXPERIÊNCIAS. Eliana começou a correr aos 16 anos e aos 20 já era atleta profissional. Já Adriana deu as primeiras passadas aos 15 anos e nunca parou (hoje, tem 43 anos). E Cristina começou a amar a corrida na época da faculdade, quando se tornou triatleta. Experiências não faltam a esse trio. "A corrida atualmente tem um papel vital em minha vida, que me proporciona leveza, equilíbrio, realizações e a certeza de que este esporte leva as praticantes a uma esfera de autoconhecimento e performance jamais imaginados", disse Eliana.
Adriana, que disse ter passado mais tempo de vida praticando a corrida do que qualquer outra coisa, não quer mais uma finalidade competitiva com o esporte, e mostra sua paixão pelo lado positivo dessa sua dedicação. "Hoje eu prego tudo o que eu não vivi, que é o bom senso aos treinos, o não exagero e o respeito ao corpo, com o objetivo de estar saudável." Já a ex-triatleta Cristina acredita que os espaços e os recursos que a corrida traz para cada praticante é para toda vida: "Correr é para todas as pessoas que acreditam que o corpo pode sustentar qualquer sonho, um padrão motor de todos os seres humanos, de todas as mulheres".

DIFERENÇAS COM OS HOMENS

O corpo feminino guarda mistérios que não só os homens tentam desvendar. A ciência e a medicina abrem cada vez mais espaços e dedicam um número crescente de estudos para entender a anatomia e a mecânica da corrida para a mulher. Se você já faz ou pensa em fazer parte desse grupo e quer correr com mais segurança e performance, saiba que há diferenças anatômicas, neuromusculares e hormonais entre homens e mulheres que requerem cuidados bastante pontuais.
A pedido da CR, as treinadoras ouvidas nesta reportagem destacaram as principais peculiaridades das mulheres corredoras.
OSSOS. A mulher tem massa óssea menor, o que significa um baixo peso por área corpórea e, consequentemente, menos fadiga ao praticar o esporte.
QUADRIS. A bacia mais larga pode causar mau funcionamento dos músculos dos quadris, principalmente dos glúteos médios, responsáveis por estabilizar toda a pelve durante a corrida.
TORNOZELOS E PÉS. A largura e o comprimento dos ligamentos dos tornozelos e joelhos femininos são menores, deixando as mulheres mais suscetíveis a lesões, como canelite e fratura por estresse em caso de sobrecargas.
CÉREBRO, NERVOS E MÚSCULOS. A mulher apresenta mais flexibilidade muscular e articular, o que reduz o aparecimento de distensões. Por outro lado, as reações involuntárias de contração e relaxamento são mais lentas, aumentando o risco de torções ou microtraumas por repetição.
ASSOALHO PÉLVICO. Anatomicamente, a mulher tem a uretra mais curta, e na corrida ocorre uma sobrecarga no assoalho pélvico. O fortalecimento muscular da região ajuda a diminuir a probabilidade de desenvolver incontinência urinária.

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