Especial admin 12 de outubro de 2014 (0) (420)

Cuidados ao correr em baixas temperaturas

Vem chegando junho, julho e agosto. É o inverno no hemisfério sul. Meses marcados pelas férias escolares, da faculdade ou do trabalho. Metade do ano já se foi, sendo bom ou ruim, ficamos na expectativa dos próximos seis meses, para fechar com chave de ouro o que foi ótimo, melhorar algo que saiu errado ou passar arrastado, para que o ano termine e a folhinha vire logo em dezembro.
Para quem pratica esporte ao ar livre, como a corrida, esse período é recheado de provas. Quem no réveillon decidiu mudar de vida deixando o sedentarismo de lado ou quem já tem experiência em treinos ao longo do tempo, geralmente está numa boa, depois dos 5 ou 6 primeiros meses do ano, mas justamente nessa "grande fase" entra em cena um vilão que pode detonar os planos de muita gente: o frio.
Treinar e competir em temperaturas mais baixas é diferente, principalmente para nós que estamos acostumados ao calor. O corpo funciona de outra forma. Mas a natureza é sábia. Através de processos metabólicos e da termorregulação, a máquina humana vai trabalhar, seja no frio ou no calor, para manter "a casa em ordem", em uma condição térmica adequada,tanto em repouso como durante a atividade física.
De forma bem simplificada, quando está calor esse nosso sistema vai diminuir a temperatura corporal por processos como a vasodilatação, em que os capilares sanguíneos aproximam-se da superfície cutânea, havendo uma maior perda de calor pela evaporação do suor e baixando o termômetro ao nível da pele. Quando está mais frio, este processo é reduzido para que o corpo não perca calor em excesso.
Toda essa parte biológica é fundamental para o nosso organismo, mas há um lado prático quando se fala em temperaturas, tanto as desérticas quanto as polares, e é em relação a este fato que suas escolhas e atitudes irão interferir, já que as biológicas e climáticas são comandadas pela mãe natureza. Como nosso papo aqui é o frio, iremos abordar a corrida no ar mais fresco ou aquele parecido com o da sua geladeira.

HIPOTERMIA
Vale citar também a hipotermia, que ocorre quando a temperatura central do corpo fica abaixo dos 36 graus, e que se inicia quando a perda de calor é maior do que a produção de calor pelo corpo. Os sintomas iniciais são calafrios e confusão mental. À medida que a situação térmica do corpo cai e a pessoa não é aquecida, a letargia, afadiga muscular e a desorientação vão tomando conta e o caso vai se tornando mais grave.
Em treinos e competições no Brasil, dificilmente o fato acima irá ocorrer. Atenção e cuidado com a hipotermia devem ser realizados quando se correm provas lá fora, em países de invernos mais rigorosos. Exemplos desses casos seriam maratonas como as de Nova York, Chicago e mesmo a Disney, e provas de montanha no Chile ou Argentina. Por aqui poderíamos pontuar o Desafrio de Urubici.
Os corredores amadores geralmente correm as longas distâncias sempre mais lentos em sua segunda metade, e é aí que mora o perigo. O corpo já desgastado pelo esforço fica muito mais suscetível à hipotermia. Exausto e com as reservas energéticas esgotadas, o corredor reduz o ritmo e começa a caminhar com a roupa ensopada de suor. Pele úmida, vento, tudo vai resfriando e o corpo não encontra maneira de se aquecer sozinho. Ainda pode chover, nevar… Nessa situação, o atleta tem que procurar ajuda logo, trocar as roupas e se aquecer a qualquer custo.

Vestuário certo

Há no mercado muitas opções que irão deixar os seus treinos mais confortáveis e quentes. Para todos os tipos de gosto e bolso, a tecnologia dos tecidos permitiu a indústria de materiais esportivos criar peças funcionais. Ao mesmo tempo em quelhe aquecem, são leves e permitem uma maior respiração da pele, deixando o suor passar e ficar longe do corpo.

Invista em:

Meias – As comuns de algodão não são as mais indicadas, tanto para o inverno quanto o verão. As peças que são constituídas das misturas de dois ou mais fios,como a poliamida e sistema dry fit, são mais confortáveis e protegem os pés, nãoos deixando superaquecer, encharcando e gerando bolhas.
Camisas de manga longa – Em dry fit como as de verão, um pouco mais encorpadas e de mangas até o punho, protegem do frio e possuem o tal sistema de drenagem que retira o suor da pele. Essa época do ano também é propícia para utilizar as peças de cores escuras, que absorvem melhor o calor do sol.
Casacos corta-vento – Essas são ótimas escolhas para quem treina logo nas primeiras horas da manhã, em cidades mais frias e em dias de garoa. Para quem corre de noite, além da proteção térmica, esses casacos possuem materiais refletivos aplicados em regiões específicas para facilitar a visualização do corredor por motoristas e ciclistas.
Hidratação e alimentação – Não é porque não está calor que a água deve ser esquecida. Respirar ar frio pode acelerar um pouco mais a desidratação além de secar as vias respiratórias. Nariz e garganta secos estão mais sujeitos à proliferação de vírus e bactérias. Seu corpo vai gastar mais calorias para a atividade e também para se aquecer, por isso a alimentação pré-treino pode ser reforçada. Consumo de alimentos quentes ajuda a melhorar a sensação de frio. Muitos nutricionistas indicam o chocolate quente como um excelente pós-treino. Essa doce bebida combina carboidratos e proteínas para encher o tanque e aquecer a alma.
Aquecimento – Deve-se ficar atento a essa parte do treino. Em um dia frio, no qual se vai fazer um trabalho de qualidade, como os intervalados,deve-se aumentar em 5 minutos ou mais o tempo dedicado ao aquecimento, para evitar lesões.
Quem vai correr fora do país ou em regiões muito frias, como as serranas, deve atentar a tudo que foi citado acima. Temperaturas mais baixas perto de zero grau ou menos necessitam de mais cuidados. Os pontos-chave a se proteger são a cabeça, o pescoço, as mãos e os pés. A perda térmica pode elevar-se a 70% através destes "pontos frios". Escolha luvas, meias, um gorro ou faixa para o pescoço com qualidades isolantes.
Nunca se esqueça de que ao iniciar uma atividade física intensa, como a corrida, o corpo estará frio, mas 5 ou 10 minutos depois você já estará transpirando. Portanto, lembre-se desse detalhe. É melhor sentir um pequeno desconforto nos minutos iniciais e realizar a maior parte do treino confortável, do que carregar um moletom enorme e quente como um urso amarrado à sua cintura. Teste roupas, se teste, se conheça. Algumas pessoas sentem sim mais frio que outras. Use o que funciona para você.

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