20 de setembro de 2024

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Especial admin 14 de janeiro de 2013 (2) (135)

Longões x Treinos de qualidade

Na preparação para uma maratona, os longos acima de 30 km são realmente necessários? Para a maioria, sim. Mas para quem já tem uma boa bagagem e vivência na corrida, apostar na velocidade, nos chamados treinos de qualidade, passa a ser primordial e pode ser o "pulo do gato". Há diversas metodologias, mas nada de encará-las como certo ou errado. É necessário avaliar qual a que melhor se adapta a você. E, também, ao ganhar experiência, saberá: para baixar suas marcas, além da resistência já adquirida, terá de ser mais veloz, ou seja, não tem como fugir dos trabalhos de qualidade.

"Particularmente, penso ser muito importante treinos com mais de 30 km na preparação do maratonista, pois vejo que sua importância está em ensinar o corpo a fornecer energia após longo tempo em exercício, dando condições para que proteína e gordura estejam disponíveis quando forem solicitadas ou permitindo que o glicogênio dure por mais tempo armazenado no corpo", afirma o técnico Murilo Ugolini Klein, coordenador técnico da V8 Assessoria Esportiva, de Curitiba.

Segundo o treinador, seus alunos fazem ao menos dois longos de 30 e 33 km ou ainda 32 e 35 km. Sendo o último três semanas antes da prova e o penúltimo, cerca de 35 dias. "Neles também optamos por altimetria parecida com a da prova, assim simulamos o ritmo em que vamos fazer a maratona. Mesmo trabalhando com esses longos, a média de quilometragem com que trabalho é de 50 km semanais, não vejo necessidade e possibilidades de o atleta amador fazer mais do que isso."

Murilo concorda que para os mais experientes, é possível reduzir os longos (de 30 km no máximo) e apostar na qualidade, com dois intervalados na semana. "Mas estes treinos são extensivos, ou seja, com tiros de 1 km ou mais, com descanso ativo (trote ou caminhada) entre eles. Desse modo, o treinamento garantiria força e resistência ao trabalhar mais próximo do limiar anaeróbio. Além de ainda ‘treinar' o sistema energético a fornecer energia do mesmo modo", afirma. "Se analisarmos que isso acontece com os maratonistas de elite, podemos dizer que nós, seres normais, podemos fazer da mesma forma, mas é necessário a pessoa ter experiência e bagagem para suportar tais cargas de treino, caso contrário usar da estratégia de preparação tradicional me parece ser o mais indicado."

 

LONGÕES SÃO ESSENCIAIS. Para Alexandre Lima, diretor e sócio da Equipe Filhos do Vento, do Rio de Janeiro, os longos acima de 30 km são essenciais. "32 km é obrigatório, 34 km é quase certo e 36 km em alguns casos específicos utilizo também. Justamente a pior parte da maratona é ter pernas para correr os últimos 8 a 10 quilômetros. Simular isso minimamente em treinos é essencial para o aluno adaptar o corpo e a mente às condições que enfrentará no percurso. Além disso, é uma oportunidade de testar a alimentação/suplementação que será usada no grande dia."

De acordo com ele, o último longo deste nível é feito três semanas antes da prova, normalmente. "Em relação à quantidade, pelo menos dois treinos de 30 ou mais quilômetros, mas em alguns casos, para corredores experientes, chegamos a fazer até 6 longos nesta faixa."

Já o técnico Wanderlei de Oliveira, de São Paulo, segue a linha da escola portuguesa de atletismo, que já teve o recordista mundial na distância Carlos Lopes (2h07) e campeão olímpico (1984). A linha principal é preservar a saúde e a velocidade do atleta. "Se são adotados vários treinos longos, acima dos 30 km, há um desgaste desnecessário das articulações e diminuição da velocidade do limiar. O mais importante é a regularidade do volume de rodagem semanal. Por ter treinado vários maratonistas sub 2h20 e no feminino sub 2h55, utilizando essa metodologia, acredito ser um ótimo caminho."

 

DEPENDE DE CADA UM. Luiz Galdolfo, técnico de triatlo do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, prefere não cravar uma certeza entre longões ou qualidade. Para ele, isso tem de ser analisado caso a caso. Depende dos objetivos e características de cada aluno. Dessa forma, há quem precise de mais treinos de qualidade, outros, de uma quilometragem maior. A regra é não ter regras. "Não gosto mesmo é de trabalhar com planilhas, que controlam a situação de uma maneira muito rígida. Você fica treinando (e se esforçando) para fazer o que está escrito. Dessa forma, é bem fácil de errar."

Assim, segundo o treinador, como menos é mais, então, podemos dizer que treinos de qualidade são os mais importantes? "Qualidade também machuca. Só correr com qualidade? Não é verdade. Não existe uma regra. Treino é biológico e não matemático. Durante um tempo funciona, depois, para de funcionar. Por isso é que defendo o ajuste constante", explica Gandolfo.

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2 Comments on “Longões x Treinos de qualidade

  1. EU CONCORDO COM O GANDOLFO;POIS CADA ORGANISMO REAGE UMA FORMA ENTÃO NÃO EXISTE UMA REGRA BÁSICA. TEM QUE FAZER LONGO TEM,MAS TEM PESSOAS QUE NÃO CONSEGUE TREINAR LINGÕES E CORRI BEM MARATONA;É PRECISO DE TREINO DE QUALIDADE SIM MAS TEM ATLETA QUE NÃO ADAPTA.EU ADORO FAZER TREINAMENTO LONGOS,MAS SINTO QUE NAS PROVAS EU FICO MAIS TRAVADO SEM VELOCIDADE.E COMO DEVO FAZER PARA CONCILIAR RESISTÊNCIA E VELOCIDADE? SEI QUE ME FAZ FALTA.PRECISO ADAPTAR A ESTE TREINAMENTO.

  2. Eu tenho o costume de extremar meus treinos nos dois últimos meses, treinando com altimetrias maiores e em horários de sol mais forte. Uma vez por semana faço um longão menos penoso, correndo no fim do dia, mas procuro sempre uma altimetria menos confortável.

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