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Especial Notícias Redação 11 de janeiro de 2012 (0) (116)

Solonei e Adriana, maratonistas de ouro!

As disputas do atletismo no Pan-Americano de Guadalajara começaram e terminaram da mesma forma: com ouro do Brasil na maratona. Primeiro com Adriana Aparecida da Silva que venceu em 2:37:36, novo recorde da competição. Depois, na última competição no México, vitória de Solonei Rocha nos 42 km com 2:16:37. A dupla dourada comemorou somente por alguns dias porque sabem que nos próximos meses a dificuldade será ainda maior: conseguir vaga para Londres-2012.

Adriana sofreu bastante com o forte calor. Ela ficou em segundo lugar na maior parte da maratona, só conseguindo ultrapassar a mexicana Madai Perez (tem 2:22:59 como recorde pessoal) por volta do km 38. O pódio foi completado por Gladys Tejeda, do Peru. A outra brasileira presente, Michele Chagas, desistiu próximo da metade do percurso.

Esse foi o segundo ouro brasileiro na maratona feminina: Márcia Narloch venceu em Santo Domingo-2003. Em Winnipeg-1999, Viviany Anderson foi bronze, enquanto no Rio-2007 Márcia ganhou a prata e Sirlene Pinho, o bronze.

Como prêmio pela vitória pan-americana, Adriana recebeu duas semanas de férias do técnico Cláudio Castilho. A atleta liderou o ranking brasileiro dos 42 km em 2010, com 2:32:30 em Berlim, e também deste ano, com o tempo de 2:33:48 em Viena. E em setembro tornou-se campeã sul-americana de meia-maratona, ao vencer em Buenos Aires com 1:13:26, seu recorde pessoal.

Tanto Adriana quanto Cláudio sabem que o trabalho pela frente será ainda mais difícil e desgastante do que a preparação para o Pan. E os planos já estão traçados. Vão buscar o índice olímpico (2:30:07) no começo de 2012, nas maratonas de Sevilha (19 de fevereiro) ou Tóquio (26 de fevereiro).

"Em 2 de janeiro a Adriana sobe para treinar na altitude, na Colômbia, ficando até o final do mês. Caso a opção seja Tóquio, viajaremos 15 dias antes para fazer uma boa aclimatação. Em caso de Sevilha, a preparação será em São Paulo mesmo", explicou Cláudio Castilho. A meta é, com o índice olímpico obtido, buscar o recorde brasileiro e sul-americano de Carmem de Oliveira (2:27:41, de 1994) em Londres-2012, correndo para 2h27, 2h28, tempo que a colocaria também em qualquer maratona do mundo. Caso o índice não venha no começo do ano, já há um plano B montado pela comissão técnica: as maratonas de Londres ou Hamburgo, já que a data-limite para obtenção da marca é dia 29 de abril.

 

TETRACAMPEONATO. A vitória de Solonei representou a quarta medalha de ouro seguida do Brasil na maratona do Pan-Americano e a quinta na história. Ivo Machado Rodrigues foi o campeão em 1987, em Indianápolis. Depois, Vanderlei Cordeiro de Lima ganhou em Winnipeg-1999 e Santo Domingo-2003. No Rio-2007, a medalha de ouro ficou com Franck Caldeira.

Aos 29 anos, Solonei já havia conquistado o ouro nos 12 km do Campeonato Sul-Americano de Cross-Country em Assunção-2011. Hoje ele é o número 2 do ranking sul-americano do ano com 2:11:32, obtido em Pádova, na Itália, em abril. O primeiro colocado é Marilson Gomes dos Santos, com 2:06:34, em Londres, também em abril. Solonei venceu em Guadalajara com 2:16:37, na frente dos colombianos Diego Alberto Colorado (2:17:13) e Juan Carlos Cardona (2:18:20). O outro brasileiro na prova, Jean Carlos da Silva, foi o 9º colocado, com 2:22:41.

"Antes da largada comecei a chorar do nada; passaram muitas coisas pela minha cabeça," comentou Solonei que é atleta profissional há apenas dois anos e que antes de começar a participar de provas era coletor de lixo em Penápolis, interior de SP. O maratonista sabe que o índice olímpico (2h16) é bem possível, mas não necessariamente a garantia de uma das três vagas por país, e que estar em Londres será o maior prêmio da sua breve carreira.

A preparação de Solonei já está feita pelo técnico Clodoaldo do Carmo. A intenção é ter duas opções de índice olímpico. Devido aos bons desempenhos do ano, o brasileiro está confirmado na Maratona de Londres, em abril, mas a dupla pretende chegar nessa prova já com a vaga garantida para a Olimpíada. A primeira opção seria Fukuoka, no Japão (dia 4 deste mês), mas não houve tempo para a inscrição. Para garantir a vaga, Solonei tem de correr 2h12 ao menos, tempo considerado por Clodoaldo como necessário para a vaga olímpica. As opções são a Maratona de Dubai ou uma no Japão, no final de janeiro.

Clodoaldo explica que no momento de buscar o índice, o maratonista tem de ser mais cauteloso, já que não é uma prova para arriscar. Assim, a estratégia de Solonei será correr até o km 25 no ritmo de 2h12 para, depois disso, caso esteja se sentindo bem, forçar um pouco mais, pensando num split negativo (a segunda metade mais rápida do que a primeira). Pela projeção do treinador, o brasileiro está pronto para correr 2h09 baixo ou 2h08 alto. "Não é um absurdo para ele. Temos indicativos de que possa fazer esse resultado." Caso consiga a marca para estar na Olimpíada, daí, na Maratona de Londres, em abril, Solonei correrá para o recorde pessoal, arriscando.

A conquista do ouro pan-americano não rende premiação em dinheiro nem da organização nem da CBAt, mas tanto Solonei quanto Adriana receberam um bônus financeiro do clube (Pinheiros) e da patrocinadora (Asics). O próximo Pan será em 2015, em Toronto, no Canadá.

MARILSON VENCE OS 10.000 M

Depois de duas pratas seguidas nos 10.000 m em Santo Domingo-2003 e Rio de Janeiro-2007, Marilson Gomes dos Santos conquistou seu primeiro ouro no Pan-Americano no vencer a prova com 29:00.64, mais de 40 segundos de vantagem para o segundo colocado, o mexicano Juan Carlos Romero. Na mesma disputa, Giovani dos Santos foi bronze com 29:51.71.

Marilson impôs um ritmo forte desde os 2.000 m, quando assumiu a liderança e disparou para a tranquila vitória. "Estou feliz com a minha tática. Acabei sofrendo um pouquinho com a altitude e o sol quente, mas o mais importante é que saí com o ouro. Acho que, mais do que ninguém, merecia essa medalha. Já tinha sido duas vezes vice", disse Marilson.

Já Giovani dos Santos tomou um enorme susto no final da prova. A 50 metros do final, começou a comemorar a medalha de bronze e a jogar beijos para o público, quando viu que seria alcançado por dois americanos que aceleravam. Felizmente ainda teve tempo para retomar o ritmo e garantir o lugar no pódio.

Nas provas de fundo, no feminino, o destaque foi Cruz Nonata, com duas pratas nos 5.000 m e 10.000 m. Em pouco mais de duas semanas, a brasileira foi 9ª colocada na Maratona de Chicago (2h35) em sua estréia na distância e festejou as duas medalhas pan-americanas.

Na chegada mais emocionante e empolgante do Pan, o brasileiro Leandro Prates venceu os 1.500 m com 3:53.44, somente um centésimo de segundo na frente do equatoriano Byron Efren Piedra. Natural de Vitória da Conquista, Prates é policial militar e conquistou neste ano o Campeonato Sul-Americano em Buenos Aires.

 

 

 

 

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