Especial admin 27 de abril de 2016 (0) (156)

As running crews invadem o Rio

Formadas por corredores amadores e profissionais, para as crews (equipe, em inglês) o time vem em primeiro lugar. Não há planilha, mensalidade ou qualquer tipo de cobrança. O objetivo é a promoção do esporte e a inserção da corrida no ambiente urbano. As crews reúnem de ultramaratonistas a iniciantes e o foco não é a competição.
"As assessorias esportivas visam melhorar auto estima e qualidade de vida, fornecem treinamento aos corredores que buscam a superação de limites de forma eficiente e saudável. Já as running crews pretendem difundir a cultura da corrida de rua, compartilhar, produzir, disseminar conhecimentos e saberes" afirma Charles Silva, da Briza Running Crew, do Rio de Janeiro. "Somos um time, uma equipe, uma ‘'gang'' e uma família", define Tarsis Gonçalves, da Cria Crew.
A NYC Bridge Runners foi a primeira running crew a surgir, no verão de 2004 em Nova York e em 2007 veio a Run Dew Crew, em Londres. As running crews, que já são comuns há alguns anos nas grandes metrópoles mundiais, começam também a florescer em algumas cidades brasileiras, como São Paulo e Rio.
Se em uma equipe o sentimento é de união entre os participantes, as crews também demonstram grande integração entre elas. O #Bridgethegap – Bridge The Gap é o movimento que as congrega sob o mesmo teto. A inciativa visa ligar os pontos entre cultura, estilo de vida, música, arte, criatividade e experiências, com eventos ao redor do mundo onde as crews se reúnem. "Corremos não só em busca de performance, mas em um estilo livre, por mais adrenalina, liberdade e suor", comenta Tarsis.
As crews são frutos do cenário urbano e reúnem pessoas que partilham dos mesmos valores. As ideias e projetos que nascem desses encontros rotineiros de artistas, músicos, designers e estudantes são tão importantes quanto as passadas. A integração social é grande e os treinos são seguidos por uma confraternização, com música, comida e bebida. A energia e criatividade desses encontros são canalizadas nas redes sociais, sempre alimentadas por fotos e posts.
Os corredores deixam os MP3 players em casa – não só por segurança, mas para poder interagir com os demais membros do grupo. Mas há música, sim: a Cria Crew, por exemplo, tem o Criamóvel, misto de bicicleta e caixa de som que embala os treinos da equipe carioca. Já a história da Brutal Corre se mistura com a história do rap carioca – ela é um braço da Brutal Crew, comunidade de rappers e MCs da Lapa, que existe desde 1997. As corridas do grupo costumam terminar com som e DJs em algum local a céu aberto do Rio.

NADA DE PRAIA. O Rio de Janeiro é famoso por seu litoral, mas as praias não costumam ser cenário das corridas desses grupos. "Exploramos outras possibilidades que a cidade nos dá", conta Charles Silva, cujo grupo costuma se encontrar na Avenida Oliveira Belo, na Vila da Penha, no subúrbio carioca. A Zona Norte também é cenário dos treinos da Ghetto Run Crew, que se reúne nas noites de quinta-feira no estádio Engenhão.
Todo esse sentimento de grupo vai além das crews e influencia a comunidade por onde elas circulam. "A cada três meses realizamos uma grande corrida e convidamos amigos a colaborarem com a ONG Coletivo Briza, que atua com o acesso e a democratização do skate para crianças de uma comunidade na zona norte do Rio. Oferecemos oficinas lúdicas para as crianças e realizamos uma corridinha para motivá-las e incentivá-las a praticar o esporte", conta Charles.
As crews normalmente dividem os corredores por diferentes paces e assim todos tem companhia para correr. Vagas para membros efetivos são abertas sistematicamente, mas a participação nos encontros é totalmente livre. "Não discriminamos nenhum tipo de corredor; todos os níveis de "performance" são bem vindos", avisa Charles, da Briza. Gostou da ideia? Siga as crews nas redes sociais para ficar por dentro dos encontros e corra!

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