Com a recente popularização dos tênis bem baixos, quase sem amortecimento (veja a matéria "Correr descalço ou quase: uma tendência", CR 198, março), as marcas vão gradualmente se adaptando a essa nova tendência do mercado. O que iremos ver muito em breve, e que já acontece fora do país, será as marcas usarem os termos "minimal" (mínimo) ou "minimalistic" (minimalistico) associados a novos modelos ou a atualizações de tênis já existentes. Então é bom que você, leitor, saiba diferenciar um tênis realmente mínimo, de um que tenha apenas algumas das características desses novos modelos para corrida:
Portanto, qualquer tênis que fuja dessas características não poderia se intitular como um tênis "mínimo". Uma das alternativas bastante próximas desses calçados são os tênis de competição, que por terem pouco amortecimento deixam os pés mais perto do chão do que os tênis de corrida tradicionais.
Então as marcas querem aproveitar essa tendência de consumo? Na verdade, elas estão descobrindo esse novo tipo de corredor, que não quer saber de tênis altos, e tentando se adaptar a esse (ainda) nicho de mercado. Elas começam a adotar alguns dos 4 princípios citados para os tênis mínimos, acrescido eventualmente ainda do detalhe dos calçados não apresentarem qualquer elevação na parte em que se encaixa o chamado arco do pé.
Alguns exemplos da nova postura por parte das principais marcas já aparecem. A Asics fez um cabedal bem mais leve no Kinsei 3 e no Speedstar 5 (que será lançado apenas em março de 2011). A Saucony lançou o Kinvara, que é muito flexível e tem o cabedal bem econômico, e a Nike relança do país, agora com novo nome, o Nike Free Run, que foi o primeiro tênis a adotar princípios dos tênis mínimos com pelo menos 5 anos de antecedência, com a vantagem de ter a forma larga.
"MÍNIMO PRA VALER". A New Balance anunciou uma parceria com a Vibram, que faz o Vibram Five Fingers e lançará no ano que vem o NB Minimus, que adota praticamente todos os conceitos dos "mínimos" e terá uma inclinação do calcanhar para o resto dos pés de apenas 4 mm. Será provavelmente a primeira grande marca de running a lançar um tênis dessa modalidade. A Merrel, que ainda não está presente no Brasil, lançará modelos minimalistas para correr em trilhas, também em associação com a Vibram. Tudo indica que em breve teremos uma enxurrada desses modelos por aqui. É só aguardar.
VITRINE DE TESTES
Esse novo modelo da Vibram foi aperfeiçoado tendo em mente o pessoal que adotou "luvas de pés" para correr. Muita coisa foi melhorada, a começar pelo solado, que recebeu reforços nas áreas de maior contato com o chão. O tecido usado na parte de fora do cabedal "respira" melhor e é mais fina. O que mais gostamos foi da parte interna do Bikila. Diferentemente do KSO, as costuras são mais escondidas, o tecido é muito suave e foi adicionado uma espécie de contraforte para que ele fique melhor moldado ao calcanhar. Em suma, o Bikila é bem mais confortável que os modelos anteriores.
O problema continua sendo como comprá-lo. Apesar de ter uma filial no Brasil (o principal negócio da marca são solados em geral), a Vibram não comercializa os modelos Five Fingers por aqui. Então, só há a alternativa de comprá-los pela internet ou em viagem ao exterior. No entanto, soubemos, por intermédio da filial americana da Vibram, que eles pretendem ampliar sua operação no Brasil. Vamos aguardar.
Vale lembrar que não é muito fácil encontrar o Bikila nos EUA, mas há o site www.birthdayshoes.com,
que mantém uma listagem de lojistas que tem modelos de Five Fingers para vender em estoque, só que poucos enviam para o Brasil. O Bikila custa US$ 100.
Ele parece o tênis do Shrek, o Ogro dos filmes da Pixar (conforme comentou um amigo), mas é muito bom. Descobri a existência dele em um fórum para corredores descalços (ou quase) na Internet. Entrei em contato com o fabricante e nos mandaram um modelo para testar.
A Softstar é uma empresa meio "hippie" do Oregon, EUA. Eles fazem mocassins bem "mínimos". Uma das donas diz o seguinte: "Todos sabem que andar descalço é muito bom, mas não podemos andar sem sapatos o tempo todo, então fazemos calçados que passem a sensação de não estarmos usando nada".
Um belo dia a empresa descobriu que havia clientes correndo com seus mocassins e decidiram fazer um modelo que fosse específico para corrida. O RunAmoc é bem simples. O cabedal é feito de um couro recheado de furinhos para ventilação e o cadarço é que ajusta o calçado no tornozelo. Uma palmilha, também feita de couro, separa os pés de um solado de 2 ou 5 mm (você escolhe a espessura da sola), que por sinal é fabricado pela Vibram.
Já fiz vários treinos com ele e, por mais estranho que pareça, me sinto mais descalço usando um RunAmoc do que com o Five Fingers. Um detalhe interessante é que todos os produtos da SoftStar são feitos à mão e o que tem sola de 2 mm pesa cerca de 160 gramas. Pode-se comprá-lo diretamente pelo site www.softstarshoes.com que eles enviam para o Brasil. É necessário saber inglês para entender as instruções de como escolher o tamanho do calçado e obviamente para encomendá-lo. O RunAmoc custa US$ 89 e chegou na redação 20 dias após a postagem.
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