A Volta Internacional da Pampulha é a "São Silvestre dos mineiros". Na 17ª edição, disputada no dia 6 de dezembro, foram 11.507 concluintes (7.803 homens e 3.704 mulheres) antecipando o encerramento do ano em alto astral em Belo Horizonte, sempre contando com convidados de todo o país.
Em 2014, tinham sido 10.600 concluintes. Esse crescimento de 8,5% (907 corredores) foi novamente impulsionado pelas mulheres, algo comum nos últimos anos nas provas nacionais, repetindo um fenômeno já consolidado no exterior. O público feminino aumentou em 706 corredoras, contra 201 homens a mais completando a volta na Lagoa da Pampulha.
Como na São Silvestre, a festa impera e dá o tom do evento. Há até quem goste de buscar um recorde pessoal na prova, fato cada vez mais difícil pela largada cheia, sem divisão por baias (até há uma separação virtual da organização, com marcações, porém, sem qualquer controle, o que não funciona nem um pouco na prática), mas são cada vez mais minoria. Da mesma forma, há aquelas pessoas que passam o ano inteiro sem treinar ou competir, porém, faltando duas ou três semanas, começam a "preparação" para a Pampulha, o que também faz as equipes médicas trabalharem dobrado!
Foi o que presenciou o corredor Pedro Prates, de Belo Horizonte. Devido a uma dor no joelho, que o levou a sessões de fisioterapia, não pode correr a prova como está acostumado. Assim, integrou a turma do fundão e teve uma experiência diferente. "Larguei até bem, mas no quarto quilômetro já senti o incômodo no joelho. Então, fui seguindo e parando para alongar. À medida em que os corredores passavam, percebi como a turma de trás é solidária. Parei em alguns posto médicos e vi corredores passando mal. Por outro lado, constatei o bom trabalho do pessoal de apoio."
Essa experiência tornou a Volta da Pampulha de 2015 ainda mais inesquecível para Prates. "O bacana foi perceber que muitos corredores se solidarizam com a dor do outro, mesmo tratando-se de ilustres desconhecidos. Teve um atleta de perna amputada que me pedia para não desistir. Em outro momento, uma mulher com dores nas pernas dizia: ‘Diminua o ritmo que consegue chegar. Vamos juntos'. A cada um agradeci pela força que emanavam para eu prosseguir", afirma o mineiro.
O assinante Marcos Albert, de Sarandi-PR, foi um dos estreantes na Pampulha. "Desde que me tornei um assíduo corredor, sempre tive vontade de fazê-la. A prova tem um ambiente agradável, além de ser muito bonito correr em torno da lagoa, diferentemente do que estamos habituados em outras provas", afirma. "O trajeto plano ajuda na busca de tempos bons e o clima favoreceu bastante. Estava nublado e depois ainda teve uma leve e abençoada chuva por uns três quilômetros na parte final. Um prova bem organizada, com agilidade na retirada dos kits. Gostei também da camisa e a medalha foi muito bonita. Em suma: para quem ainda não correu a Volta Internacional da Pampulha, recomendo", completa Albert.
TRICAMPEONATO. Giovani dos Santos conseguiu o tetracampeonato na 17ª edição. O mineiro completou os 17.699 metros em torno da Lagoa da Pampulha com o tempo de 52:32, confirmando o grande momento e a condição de um dos melhores nomes do país na atualidade – tem esperança de se classificar nos 10.000 m para a Olimpíada do Rio (nesse caso, o índice exigido pela CBAt é de 28:00). Já Solonei Rocha da Silva chegou na quarta posição, com 53:22.
"Sabia que eles (os africanos) forçariam no final, pois eu ouvi a conversa de ambos com o técnico. Mas eles aumentaram o ritmo antes, o que chegou a me surpreender. Mas eu estava preparado, consegui anular e tinha consciência que poderia forçar no final. Felizmente, deu tudo certo e pude vencer de novo aqui", disse Giovani, natural da cidade mineira de Natércia.
Entre as mulheres, novamente, Joziane Cardozo (vencedora em 2014) foi a melhor colocada do Brasil, desta vez na terceira colocação com o tempo de 1:04:45. O pódio teve ainda outras duas brasileiras: Valdilene Silva (1:04:50) e Sueli Pereira da Silva (1:04:53), em quarto e quinto lugar, respectivamente. Confira os resultados completos em www.yescom.com.br.
quipes alugam casas
Um aspecto curioso na Volta da Pampulha é que muitas das equipes de corredores de BH, que proliferaram nos últimos anos, alugam casas para uso apenas no domingo, ao invés de montarem barracas. São imóveis ociosos próximos da lagoa, onde os integrantes podem usar banheiros e deixar seus pertences, voltando todos no final, geralmente para um churrasco e naturalmente com muita conversa sobre a prova.
A participação dos assinantes é uma das marcas da revista, sendo a situação mais comum os depoimentos sobre maratonas e meias no exterior. Mas por vezes somos surpreendidos com contribuições inesperadas e muito boas, como nesta edição. O assinante Paulo Cesar Vannucci Jr, de Uberaba, nos enviou excelentes fotos da Volta da Pampulha e optamos por ilustrar a matéria com seu material, além de premiá-lo com a capa desta edição. Um sincero e público agradecimento a ele.