Notícias admin 29 de março de 2015 (0) (101)

Veja 6 mitos para serem esquecidos

Todos os dias uma infinidade de informações chegam a nós. Sejam ou não relacionadas às corridas. Muitas delas dizem respeito a nossa alimentação, estratégias de treino, recuperação etc. Não é fácil filtrar o que chega e absorver apenas o que realmente pode nos fazer bem. Principalmente o que diz respeito à nutrição. O que não falta são mitos e informações que surgem para que o consumo de produtos dispensáveis aumente sem parar.
Médica do exercício e do esporte e mestre em Nutrologia Esportiva, Flávia Pinho Teixeira explica que quando se trata de indivíduos não se pode generalizar. O que deve valer é o princípio da individualidade. Mas há certos mitos que o corredor precisa conhecer e deve conversar sobre eles com seu médico, seu treinador e seu nutricionista, se tiver esse suporte.
"Esses três profissionais atuam como equipe, trocando informações importantes sobre cada esportista. A avaliação individualizada e integrada entre as especialidades vai ajudar a identificar as dificuldades de cada atleta e o que cada um precisa para evoluir. A nutrição está intimamente relacionada à performance e deve ser ajustada de acordo com a fase do treinamento, os objetivos de cada pessoa, as necessidades de mudar composição corporal e pela presença de doenças ou características especiais de cada um".
A médica listou alguns mitos amplamente difundidos e aceitos pelo senso comum:

1 – Preciso me alimentar bem antes de uma prova, mas depois posso comer e beber o que quiser!
Errado! O período após uma prova é o momento mais importante para a recuperação muscular. E a recuperação muscular adequada é que vai garantir menos dores musculares tardias, boa disposição para os treinos subsequentes, e longevidade no esporte, sem lesões! É importante alimentar-se e hidratar-se bem sempre, mas principalmente antes, durante e na refeição que sucede a prova.
O pior problema após uma competição ou treino forte é não ingerir os nutrientes mais importantes para a recuperação muscular! Quanto mais treinado é o atleta, menor é janela metabólica, ou seja, o tempo que ele tem para adquirir os nutrientes fundamentais para a recuperação do glicogênio e as proteínas musculares, que são os carboidratos (frutas, cereais, sucos, mel, arroz, pães) e as proteínas de alto valor biológico (animais ou proteína isolada da soja)
Uma refeição pós-treino ou pós-prova ideal deve conter carboidratos de rápida absorção (em torno de 60 gramas) e proteínas (em torno de 10 a 12 gramas) em até 30 minutos após o exercício!
Para a saúde, os riscos de uma alimentação ruim são as lesões musculares de repetição ou infecções respiratórias por diminuição da imunidade, que podem ocorrer caso a reposição de nutrientes após um exercício não seja feita adequadamente.

2 – Durante provas e treinos, quanto mais água eu beber, melhor!
Errado! É amplamente sabido que a falta de água é muito prejudicial para a performance e saúde dos atletas! Entretanto, estudos recentes concordam que a hiperidratação pode ser igualmente perigosa, pois pode gerar hiponatremia, colocando em risco a performance esportiva e a saúde! Portanto, hidrate-se respeitando a sua sede, mas atenção: fique atento a ela!
Caso a ingestão seja repetidamente baixa, a sobrecarga será renal por desidratação e baixo fluxo renal durante as provas. Pode até haver precipitação de cálculos renais, principalmente no verão, época mais quente. E quando há hiperidratação ou uso exagerado de isotônicos, os riscos são de ganho de gordura (pelo excesso de carboidratos de rápida absorção), hipertensão arterial (pelo excesso de sais minerais) e precipitação de cálculos renais também, pois a ingestão maior de sódio aumenta a excreção renal de cálcio e favorece o aparecimento de cálculos renais,

3 – Todo esportista deve consumir suplementos com proteínas.
Falso! Os suplementos protéicos, muito frequentes nas prateleiras de lojas de suplementos, podem ser muito úteis para esportistas de diversas modalidades, desde que tomados quando bem indicados e nos horários e quantidades adequadas! Quando não são necessários, alem de onerosos, podem engordar e provocar sobrecargas para os rins e o fígado.
Em médio e longo prazo, se a ingestão for calculada corretamente, não vai haver sobrecarga. Mas caso haja o consumo exagerado, aumentará a filtração renal e até deposição de material protéico nos rins, levando a prejuízos na sua função. A ingestão elevada de proteínas também eleva a excreção de cálcio e favorece o aparecimento de cálculos renais. Além disso, toda ingestão maior de proteínas acarreta maiores níveis sanguíneos de uréia e ácido úrico, sobrecarregando o metabolismo hepático.

4 – Corredores precisam tomar suplementos de vitaminas.
Errado! A grande maioria dos esportistas consegue, através de alimentação balanceada, ingerir quantidades suficientes de vitaminas para o adequado funcionamento metabólico e para a performance! A suplementação com altas doses de vitaminas não está associada à proteção contra infecções e não deve ser feita indiscriminadamente, sem orientação criteriosa de um médico ou nutricionista.
As hipervitaminosas não são tão comuns, mas acontecem. Algumas vitaminas são muito bem avaliadas em dosagens no sangue, como a B12 e a 25(OH) vitamina D. Há diversas interações entre as vitaminas. Por exemplo, o consumo excessivo de vitamina A em alguns suplementos, pode atrapalhar a absorção adequada de vitamina D. O excesso de vitamina D, por sua vez , pode desencadear inibição de hormônio paratormônio e aumentar os níveis de cálcio no sangue, entre outros casos. As reposições em doses elevadas devem sempre ser acompanhadas por um médico.

5 – Repositores energéticos são sempre indicados para qualquer esportista.
Falso! Nem toda modalidade esportiva requer suplementação de carboidratos ou eletrólitos, além da alimentação balanceada e hidratação adequada. Além disso, crianças, portadores de litíase renal, hipertensão arterial e diabetes mellitus devem evitar o seu uso, exceto por indicação precisa de médico ou nutricionista.
Substituir água por repositor energético nem sempre é bom. A água é fundamental, até para compensar a osmolaridade dos alimentos sólidos que ingerimos. A substituição desmedida de água por isotônicos pode gerar sobrecarga de carboidratos e sais minerais.

6 – Para emagrecer basta retirarmos os carboidratos das refeições noturnas.
Errado! Os carboidratos refinados são grandes vilões para a saúde e para a manutenção do peso corporal. Contudo, há carboidratos que são saudáveis, como frutas e cereais integrais. Alem disso, esportistas que praticam exercícios à noite ou no inicio da manhã não podem abrir mão da adequada oferta de carboidratos saudáveis nas refeições noturnas, seja para adequada recuperação após treinos ou para garantir substrato energético suficiente para o treino subsequente! Lembre-se que os carboidratos são os combustíveis imediatos para os músculos de um esportista! Quem busca emagrecer deve se dedicar aos exercícios aeróbicos e deve procurar médico ou nutricionista para gerar déficit calórico de maneira saudável, ou seja, ingerir menos calorias do que gasta, sem provocar carências de nutrientes!
Os carboidratos são os maiores termogênicos para qualquer atleta. A restrição de carboidratos implica em queda de rendimento em aproximadamente 15%, além de estar associada com fadiga precoce, lesões musculares, câibras e infecções respiratórias, após treinos e provas mais intensas.

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