Hoje foi o segundo dia de aulas no curso de Educação Física na Esef, em Jundiaí. Aos 41 anos, após “enrolar” por muito tempo, parti para cursar uma outra faculdade, além de jornalismo. Um sonho antigo que vai se materializando.
Já neste segundo dia, tivemos uma aula dupla (na verdade, são todas duplas, então, foram quatro seguidas) de Antropologia e Sociologia aplicada à Educação Física. Há sempre conversas muito interessantes;
Voltando ao tema, hoje discutimos como a cultura influencia no desenvolvimento das pessoas. Desde que o mundo é mundo. Nesse caso, tratando do esporte, da corrida de rua, podemos fazer um paralelo com essa questão na etapa de São Paulo da Golden Four Asics, no último domingo.
A prova já está consolidada. Vive o momento de voo por piloto automático. Não significa que pode se acomodar. Assim, não impede de ter algumas novidades interessantes. Como as informações via SMS ou Whattsapp (antes e após a prova) e os aplicativos de fotos funcionando perfeitamente nas redes sociais. Além de agilidade na Expo, o respeito aos horários, hidratação correta, boa dispersão… esse últimos pontos são o mínimo do mínimo, mas foram bem entregues.
Chegamos, então, ao ponto que se refere a nós, corredores, e da influência cultural. O “nós” nesse caso é genérico, Entra no caso de que estamos inseridos no meio e não há como fugir. Mas é um “nós” que eu (e a maioria dos que está lendo esse texto) também não se inclui. Muito pelo contrário.
Gente que se inscreve com nome de um parente ou amigo com mais de 60 anos; que corre com chip de mulher; que corta caminho… o que tem de resultados estranhos, principalmente na “briga” para conseguir um top 100 (no caso masculino) ou top 20 (no feminino)… Gente com diferenças enormes entre os tempos bruto e líquido (enorme é enorme mesmo), sem a passagem do tapete dos 10 km (pode ter falhado, pode, mas…), outros que literalmente cortaram caminho e chegaram com os braços levantados, em uma festa incrível. Comemorando o quê? Qual o sentido disso?
Se você se machuca ou sente um cansaço fora do normal e decide ir até o final, é uma escolha pessoal. Se eu não completo a distância da prova, não pego a medalha. Mas isso é individual. Cada um tem uma forma de pensar e agir. Nem é disso que estou falando, mas de buscar um prêmio (pois é uma premiação a medalha dourada, seja para homens ou mulheres) que não lhe diz respeito. O que é pior. Afeta outra pessoa pois deixa quem merecia de fora!
Fica uma dica para a Asics e a Iguana em 2016 em todo o circuito da Golden Four. Dará mais trabalho, claro. Além dos tapetes ao longo do percurso (e na hora da chegada do top 100 ou top 20, não dá para conferir isso), somente para a classificação final, seria fundamental voltar ao passado. O controle manual. Gente anotando a cada 3 km os números de quem vai passando e informando via rádio ou outro sistema, para ter um controle mais preciso. Vai acabar tom os golpes totalmente? Não. Porém, será uma forma de inibir.
Além disso, não sei quanto à questão legal (um advogado poderia explicar melhor), mas acredito que depois possa publicar no site os desclassificados, com base nas apurações (as maratonas lá fora fazem isso, caso não tenha as passagens pelos tapetes ao longo do trajeto) e pedir que devolvam as medalhas de top 100 ou top 20. Teria algum impedimento disso?
Se uma parte dos corredores (espero, sinceramente, que continue sendo uma pequena parte, apesar do que tenho ouvido cada vez mais de gente até cobrando para fazer índice para Boston, correndo com dois chips etc) segue agindo assim, podemos dizer que é uma questão de influência cultural que reflete os costumes da sociedade em que vivemos? Fica em aberto a discussão.
Foto: Asics/Blog