Uma maratona tem histórias completamente opostas de outras. Então, por que nos cobramos?

Fazia uma tempo que queria escrever sobre esse assunto especificamente. No sábado, na Expo da Golden Four São Paulo, bati um longo papo com o Geraldo Oliveira Junior, corredor das antigas, experiente, com muita vivência deste mundo das corridas. Ele me perguntou qual a minha opinião sobre a comparação de tempo entre maratonas.

Com a questão, já estava embutido o tema de que cada maratona tem uma história e, ao mesmo tempo, considero complicado comparar desempenhos em provas com características muito diferentes.

Por exemplo, citando as brasileiras, como comprar Curitiba e Foz do Iguaçu com Porto Alegre? No exterior, Boston e Nova York com Berlim? Isso pelas diferenças de altimetria. Nem estou citando a temperatura no dia dos 42 km, pois isso, é uma verdadeira loteria. Foge de qualquer controle.

Nos cobramos, gostamos de baixar tempos, principalmente os apaixonados pelas maratonas. A Iaaf, nas corridas de rua, procura não usar a palavra recorde (que é comum na mídia e entre os corredores). Focam em “melhores marcas”. No site da CBAt, também adotam a palavra “marca”. Exatamente por isso. E podemos levar isso para os 10 km (menos, mas também) e para a meia-maratona. É diferente de correr em uma pista de atletismo: 10.000 m serão sempre 10.000 m.

Minha resposta para o Geraldo foi exatamente a seguinte: “A melhor forma de avaliarmos nossa evolução, é na mesma maratona, com o mesmo percurso e clima parecidos. Por exemplo, se fez 3h40 em Porto Alegre no ano passado e, neste ano, voltou à capital gaúcha e terminou em 3h29, melhorou e bastante. Baixou 11 minutos.” E por aí vai. Podemos, daí, comparar Berlim com Disney ou Buenos Aires? Aí sim, provas “semelhantes”. Não idênticas, mas bem parecidas.

Essa análise, para mim, vale inclusive para a elite. Tanto que (com o absurdo de Boston em 2011, um ponto completamente fora da curva) dificilmente teremos um recorde de percurso melhor em Nova York do que em Berlim. Claro que isso não é uma ciência 100% exata, porém, voltando a nós, simples e mortais amadores, a comparação entre o desempenho nas mesmas maratonas tende a ser mais justa. Ou não?

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