Notícias admin 4 de outubro de 2010 (0) (123)

Uma maratona só para portugueses e espanhóis

Foi a segunda vez que fiz esta maratona. Em 2005 ela havia sido a primeira de uma, então para mim inédita, série de 5 maratonas em 3 meses. A partir da metade da prova me transformei no último, posto que mantive até o fim, seguido do carro que fechava a corrida, o ônibus para os desistentes e a ambulância. Desta vez eu esperava não terminar tão na rabeira, mas faria tudo com calma e tranqüilidade. Era só diversão.

Cheguei a Badajoz no sábado à tarde, peguei o meu dorsal – como chamam o que para nós é o número de peito – e o kit do corredor. Paguei a inscrição – pouco mais de 13 euros (quase 40 reais) – e ganhei duas camisetas e um short.

Domingo de manhã, 1º de fevereiro, chovia leve. Adoro correr na chuva. O terrível, para mim, é dia de sol e calor. Andei uns vinte minutos do hotel até a largada. Sem chip, precisei registrar o código de barras no dorsal antes da prova. O legal de correr maratonas pequenas – menos de 300 completaram a prova – é que você se posiciona, de fato, próximo à linha de largada. A temperatura era de 9ºC, e não passou dos 11. Extremamente confortável. Largamos!

A prova é composta por duas voltas praticamente idênticas, com trechos planos, e algumas subidas e descidas leves, além de uma subida um pouco mais longa e íngreme, em torno do km 9, que é repetida no 30. A organização é impecável: trânsito controlado, água, isotônico e esponjas a cada 5 km. Dos pontos de ônibus, varandas e janelas, as pessoas aplaudiam e incentivavam. Uma moto com dois fiscais passou várias vezes por mim, perguntando se estava tudo bem. É inacreditável como, cobrando uma inscrição tão barata (para os padrões europeus), conseguem fazer uma prova tão boa.

NÃO MUITO DEVAGAR, POR FAVOR. Comecei no ritmo em torno de 6 minutos por quilômetro, mesmo sabendo que alguma hora iria cair um pouco, e lembrando que a organização recomendava terminar a primeira volta em 2h06, para irem reabrindo o trânsito, portanto correria dentro do tempo-limite indicado. Fui tranqüilo, sem ultrapassar ou ser ultrapassado, até em torno do km 18. Aí comecei a passar alguns poucos corredores – uns dez até a marca da meia-maratona. Estava bem. Em torno do km 26, num curto trecho de retorno, contei 18 corredores atrás de mim, e vi que a última vinha, como eu há 4 anos, seguida pelos carros da organização.

Como disse, não estava treinando para maratona. O máximo que havia feito tinham sido dois treinos em ritmo leve, um de 25 e outro de 27 km, o último quatro dias antes da prova. Percebi a falta de treino quando a subida do km 30 virou um "muro". Reduzi, parei no posto de abastecimento, bebi com calma meio copo de isotônico, tomei dois BCAAs e fui em frente. Toda subida um dia acaba, e quando esta terminou, surgiu uma maravilhosa descida: suave e bastante longa. Muro derrubado, era terminar a prova.

A uns 6 km do final um corredor passou por mim como um foguete. Como ele conseguia correr naquele ritmo? Mais três me ultrapassaram. Não me importei. Era só um treino. Quase no final, no Passeo Fluvial, fiquei emocionado. Ia terminar inteiro, e tendo mantido um ritmo razoável durante toda a prova. Quando estava para chegar, disseram meu nome. Na chegada passaram um leitor no dorsal, e quando recebi a medalha já me deram um papel em que tinha o meu tempo, a minha classificação geral e na faixa etária. Que eficiência! Eu havia terminado em 4:20:18, praticamente repetindo o tempo que fiz na Maratona de Curitiba, em novembro. Acho que, depois de vários anos, aprendi a correr maratonas. Bebi uma ótima cerveja espanhola, e voltei alegre, debaixo de uma chuva pesada, para o hotel. Pensava, feliz, que havia sido um bom início de comemoração dos meus 50 anos.

Os resultados da corrida podem ser vistos no site http://www.carreraspopulares.com.es/fullscan_2009/V1_FS_index_carrera.asp?fr_id_carrera=3950

NA DIVISA COM PORTUGAL. Badajoz está a apenas 4 km da fronteira com Portugal, na região espanhola de Extremadura. É uma cidade antiga, mas hoje bem industrializada, com pontos turísticos interessantes. Próximo de Badajoz (60 km) fica Mérida, que merece uma visita. Fundada pelo imperador romano Augusto, em 25 a.C., apresenta diversas ruínas que revelam o melhor da arquitetura romana na Espanha.

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