Sem categoria admin 4 de outubro de 2010 (0) (168)

Uma história secular

As disputas olímpicas remontam à Grécia Antiga, onde as provas aconteciam no santuário da cidade de Olímpia. Já os Jogos Modernos começaram na principal cidade do mesmo país, Atenas, em 1896. O Brasil mandou seus primeiros representantes à edição de 1920, realizada na cidade belga de Antuérpia. De forma surpreendente, a equipe brasileira de tiro ao alvo, voltou com três medalhas: uma de ouro para Guilherme Paraense, uma de prata para Afrânio Antonio Costa e uma de bronze para a equipe em pistola livre. A presença de atletas nacionais no torneio de atletismo aconteceu apenas anos depois, em 1924, em Paris.

À capital francesa viajaram oito atletas, entre eles o fundista Alfredo Gomes. Assim como os demais nomes da equipe, ele não obteve bons resultados. Foi o 9º na preliminar dos 5.000 m e não completou a prova de cross country, que atualmente não consta mais do programa olímpico. Mas ele era um bom atleta, tendo sido recordista e campeão brasileiro dos 5.000 m e dos 10.000 m. E entrou para a história como o primeiro campeão da Corrida de São Silvestre, em 1925.

Já o velocista Álvaro de Oliveira Ribeiro não passou da preliminar dos 100 m e dos 200 m. Mas, na primeira prova, competiu contra o britânico Harold Abraham, que ao final ganhou a medalha de ouro e que depois foi um importante jornalista esportivo. Quase seis décadas depois, Abraham teve sua história contada no filme "Carruagens de Fogo", ganhador do Oscar em 1981. Um dos grandes nomes em Paris foi o finlandês Paavo Nurmi, campeão dos 1.500 m e dos 5.000 m.

Epopéia rumo a Los Angeles.  O Brasil não mandou representantes para nenhum dos torneios nos Jogos de Amsterdã, em 1928, mas uma delegação brasileira foi aos Estados Unidos, para os Jogos de Los Angeles, em 1932. Embora sem render filme ou romance, num país onde os artistas têm dificuldade para retratar as epopéias, a viagem rumo a Los Angeles para os 10º Jogos possibilitou inúmeras reportagens.

Os problemas começaram com a decisão das autoridades de exigir dupla função de atletas, treinadores e dirigentes. Nos portos em que o navio aportava no caminho dos Jogos, eles tentavam vender um carregamento de café. Os valores conseguidos deveriam cobrir os gastos da delegação.

Com parca experiência olímpica, o grupo mostrou-se igualmente sem tino para os negócios. Tanto que, sem recursos, parte dos atletas não pôde desembarcar em Los Angeles e acabaram em San Francisco. Ficou famosa a luta do brasileiro Adalberto Cardoso, que desceu em San Francisco e conseguiu chegar a Los Angeles no dia de sua prova principal, os 10.000 m. Mesmo assim, Adalberto terminou em 9º lugar.

Adalberto foi o herói brasileiro, mas os melhores resultados do atletismo nacional foram conseguidos em provas de saltos. No salto com vara, Lúcio de Castro foi o 6º colocado, e no salto em distância, Clóvis Rapozo ficou em 8º lugar. Lúcio de Castro, ao lado do barreirista Sylvio de Magalhães Padilha, foi talvez o primeiro atleta brasileiro de nível mundial. Outro brasileiro presente ao evento foi Carlos Joel Neli, que não marcou no salto com vara. Mais tarde, Neli foi, durante muito tempo, diretor do jornal A Gazeta Esportiva, e secretário de esportes da Prefeitura de São Paulo.

Duas delegações em Berlim. Nos tempos heróicos do esporte olímpico no Brasil, antes da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), uma das situações mais difíceis enfrentadas pelas equipes nos Jogos aconteceu em Berlim, na edição de 1936. Neste ano, duas delegações foram enviadas à capital alemã: uma, representava o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), fundado havia apenas um ano; outra, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Na sede dos Jogos, a equipe do COB foi instalada na Vila Olímpica. Os demais atletas enfrentaram dificuldades, até que um acordo, enfim, permitisse a unificação das delegações.

Os Jogos de Berlim antecederam a Guerra desencadeada pelos nazistas, então no poder na Alemanha. Embora o espírito belicoso dos nazistas já fosse conhecido, os líderes do país-anfitrião ainda pronunciavam a palavra paz e 30 mil pombos foram soltos na cerimônia de abertura. A vitória do norte-americano Jessé Owens em quatro provas destroçou o mito da superioridade dos brancos. O representante alemão no salto em distância – vencida por Owens – foi Luz Longo, por sinal, um grande atleta, que se dava muito bem com o adversário.

O Brasil não teve o que comemorar, a não ser a performance de Sylvio de Magalhães Padilha no torneio de atletismo. Padilha marcou 53.3 na semifinal dos 400 m com barreiras, marca que se constituiu em recorde sul-americano por quase duas décadas, além de garantir a vaga na final. Na decisão, obteve o 5º lugar, com 54.0, e ganhou merecidos aplausos. Padilha ainda seria atleta por muito tempo. Mas logo iniciaria a carreira também como dirigente. Mais tarde foi secretário de esportes do Estado de São Paulo, presidente do COB e membro do Comitê Executivo do COI.

Na equipe, ainda, Ícaro de Castro Melo, que não foi à final do salto em altura. Mas Ícaro foi um bom atleta e mais tarde tornou-se um arquiteto de sucesso. Foi dele o projeto original do Conjunto Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera. O estádio de atletismo do complexo esportivo paulista, aliás, leva o seu nome. Vale registro a presença de Dietrich Gerner, como treinador da equipe. Profissional de origem alemã, Gerner mais tarde foi técnico de alguns dos maiores atletas brasileiros, como Adhemar Ferreira da Silva.

Mulheres vão a Londres. Depois da 2ª Guerra Mundial, que impediu a realização dos Jogos de 1940 e 1944, a competição foi novamente disputada em Londres, em 1948. Apenas 28 anos após estrear nos Jogos Modernos, o Brasil voltou ao pódio olímpico. Os autores da proeza foram os jogadores da seleção de basquete, que era treinada pelo professor Mocyr Dajuto e ganhou a medalha de bronze. Na equipe, um jogador que faria história, Zenny de Azevedo, o "Algodão", que ainda jogaria em 1960, quando o basquete voltou a ganhar bronze, em Roma. A novidade no atletismo foi a presença de seis mulheres na equipe nacional, entre elas Elizabeth Clara Muller, que disputou quatro provas: 100 m, 4×100 m, salto em altura e arremesso do peso.

No masculino, teve início a tradição olímpica do triplo brasileiro, com a presença de dois saltadores do país entre os oito primeiros: Geraldo de Oliveira foi 5º colocado com 14,82 e Hélio Coutinho da Silva, o 8º, com 14,49. A prova teve mais um brasileiro, que ainda faria história, até se tornar o maior atleta olímpico da história nacional: Adhemar Ferreira da Silva. Na sua estréia olímpica, Adhemar foi o 14º, com 14,46.

Astro aparece em Helsinque. O atletismo é o esporte universal por natureza. Mas há um país onde o atletismo é o esporte número 1. Acertou quem pensou na Finlândia, que levou para sua capital, Helsinque, os Jogos de 1952. Quem entrou no Estádio Olímpico com a tocha foi um dos maiores nomes da história do atletismo finlandês: Paavo Nurmi, o homem que na década de 20 derrubou 29 recordes mundiais, em provas com distâncias de 1.500 m a 10.000 m. Feito superado apenas sete décadas depois, pelo ucraniano Sergei Bubka, que estabeleceu 35 recordes mundiais no salto com vara.

O estádio estava lotado em 23 de julho, na disputa do salto triplo. Ao final, 60 mil pessoas aplaudiram de pé o brasileiro Adhemar Ferreira da Silva, que correu os 400 m da pista para agradecer. Adhemar, aos 25 anos, acabava de inventar a "Volta Olímpica", depois de ganhar a medalha de ouro. Na prova, o paulistano da Casa Verde superou duas vezes o recorde mundial – que era 16,01 e pertencia a ele mesmo -, ao saltar 16,12 e 16,22. O vice-campeão foi o soviético Leonid Tcherbakov, com 15,98. Eles se reencontrariam 45 anos depois, quando o brasileiro foi a Manaus, como Patrono da Vila Olímpica do Amazonas, onde o antigo adversário trabalhava como técnico.

Porém, a primeira medalha olímpica do atletismo brasileiro fora conquistada três dias antes, por outro grande atleta: José Telles da Conceição, ganhador da medalha de bronze no salto em altura, com 1,98. O torneio olímpico de 1952 foi muito bom para o atletismo nacional. Além das medalhas de Adhemar e de José Telles, o Brasil obteve outros bons resultados. No salto em distância, Ary Façanha de Sá ficou em 4º lugar, com 7,23. E no triplo, Geraldo de Oliveira pela segunda vez consecutiva ficou entre os oito melhores: foi o 7º colocado, com 14,95.

Um dos grandes nomes da história do esporte viveu seu auge em Helsinque: o tcheco Emil Zatopek, campeão dos 5.000 m, 10.000 m e maratona, feito nunca conseguido nem antes, nem depois. E o tcheco – que no ano seguinte viria a São Paulo para ganhar a Corrida de São Silvestre – pôde comemorar em família, já que sua mulher, Dana Zatopkova, ganhou ouro no lançamento do dardo.

Os Jogos de 1952 marcaram também a aparição da gigante União Soviética, poderoso estado socialista formado por 17 repúblicas européias e asiáticas, das quais a maior era a Rússia. A delegação soviética foi a primeira a suplantar os Estados Unidos no quadro de medalhas. No começo dos anos 90, a União Soviética ruiu e cada um dos países integrantes readquiriu sua soberania.

Canguru brasileiro em Melbourne. Adhemar Ferreira Silva era um astro do esporte em 1956 e chegou à cidade olímpica de Melbourne, na Austrália, como favorito ao ouro no triplo. Um ano antes, na Cidade do México, ele tinha saltado 16,56, seu novo recorde mundial no triplo. Logo, ganhou um apelido carinhoso da imprensa australiana: "Canguru Brasileiro", relacionando um dos típicos e saltitantes animais do país sede dos Jogos e a prova disputada por Adhemar.

Os soviéticos eram os grandes adversários. Mas, na verdade, o maior problema de Adhemar teve que ser enfrentado antes da prova: uma infecção dentária, que atrapalhou muito, até ser descoberta e tratada. Na competição, o brasileiro saltou 16,35, novo recorde olímpico. O perigoso soviético Vitold Kreyer, que marcou 16,02, ganhou a medalha de bronze. A de prata foi para um inesperado craque, revelado pela pequena Islândia: Vilhjalmur Einarsson, com 16,26.

José Telles da Conceição desta vez não foi bem no salto em altura, mas chegou à final dos 200 m, conseguindo o 6º lugar, com 21.3.

Em Melbourne, o norte-americano Al Oerter começou uma carreira olímpica extraordinária, ao vencer o lançamento do disco. Ele voltou a ganhar ouro na prova nas três edições olímpicas seguintes e tornou-se tetracampeão olímpico no México, em 1968. Quase 30 anos depois, um compatriota de Oerter, Carl Lewis, igualou seu feito, ao conquistar o tetracampeonato no salto em distância.

Roma faz os Jogos eternos. O porta-bandeira da delegação brasileira no desfile de abertura dos Jogos de Roma em 1960 só poderia ser Adhemar Ferreira da Silva. Ainda em recuperação de uma tuberculose, Adhemar chegou a competir, mas terminou em 14º lugar. Mas ele deixou a pista aplaudido, com o reconhecimento do público pelo que já havia feito. O polonês Josef Schmidt, então recordista mundial com 17,03 – condição que conservaria até os Jogos do México, oito anos depois – ganhou ouro na Cidade Eterna, com 16,81.

O basquete brasileiro ganhou seu segundo bronze, agora com astros como Wlamir Marques e Amaury Passos. Entre os grandes nomes revelados em Roma estava o pugilista Cassius Clay, depois Muhamd Ali. Ouro como meio pesado, ele passou à história como grande nome entre os pesados. O atletismo mostrou dois novos astros: o etíope Abebe Bikila, que correndo descalço ganhou a maratona, e a norte-americana Wilma Rudolph. Ouro nos 100  m, 200 m e 4×100 m, ela ganhou o apelido de "Gazela Negra".

Nome solitário em Tóquio. A delegação brasileira viajou para Tóquio meses depois que a democracia havia caído no país, com a derrubada do presidente constitucional, João Goulart. Era 1964 e naquele tempo, o torneio de futebol contava com equipes fortes. Isto porque podia competir quem se declarava amador. E os países socialistas assim consideravam todos os seus atletas e competiam com suas equipes principais. Em 1964, na capital japonesa, o ouro no futebol foi para a forte seleção da Hungria. O Brasil, com um time juvenil, não passou da primeira fase.

No atletismo, Abebe Bikila ganhou o bicampeonato na maratona. No triplo, o polonês Schmidt também ganhou seu segundo ouro. O Brasil teve um único nome no atletismo: Aída dos Santos. Literalmente sozinha ela competiu no salto em altura, chegou à final e, com 1,74, conseguiu o 4º lugar.

Protestos e recordes no México. Situada a mais de 2.200 m acima do nível do mar, a Cidade do México é o placo adequado para a quebra de recordes nas corridas curtas e nos saltos horizontais. E assim aconteceu em 1968. No triplo, o atletismo nacional voltou ao pódio com Nelson Prudêncio. O paulista de Lins adquiriu o direito de ser chamado de sucessor de Adhemar Ferreira da Silva, ao ganhar a medalha de prata, com 17,27.

A marca de Prudêncio era o novo recorde mundial, marca 5 cm superior ao salto do italiano Giuseppe Gentile. Este, por duas vezes já superara o antigo recorde do polonês Schmidt (saltara 17,10 na qualificação e 17,22 na final), e ficou com o bronze. Depois de Gentile e Prudêncio foi a vez do soviético Viktor Saneyev saltar: marcou 17,39 , novo recorde e medalha de ouro. Começava a era Saneyev, que chegaria ao tricampeonato olímpico nos Jogos seguintes.

Foram estabelecidos recordes mundiais nas demais corridas curtas e no salto em distância. Destaque para o norte-americano Bob Beamon, que estabeleceu novo recorde no salto em distância com 8,90. Os Jogos de 1968 também foram marcados por protestos. Antes do início, uma manifestação estudantil na Cidade provocou violenta reação do governo do México e cerca de 200 pessoas foram mortas. Durante os Jogos, nas cerimônias de premiação, atletas norte-americanos ergueram a mão esquerda fechada – o gesto-símbolo do movimento político "Panteras Negras" – em protesto contra a segregação racial nos Estados Unidos. Foi o caso dos campeões dos 200 m, Tommie Smith, e dos 400 m, Lee Evans.

Algumas inovações marcaram os Jogos. Primeiro, as pistas ganharam piso sintético. A cronometragem eletrônica foi implantada para as provas de pista. E no salto em altura, o norte-americano Dick Fosbury estreou o novo estilo, em que o atleta supera a barra de costas. Ganhou ouro, com 2,24. E a Alemanha Oriental, país de apenas 17 milhões de habitantes, superou os Estados Unidos no quadro de medalhas, ficando atrás apenas dos soviéticos.

Atentado em Munique. Cidade alemã de maior apelo turístico, Munique recebeu os Jogos de 1972. Nas competições, um astro: o norte-americano Mark Spitz, que levou para casa nada menos que 7 medalhas de ouro, ainda hoje recorde de conquistas para uma só edição olímpica. Fora, um atentado palestino à delegação de Israel levou à morte de 16 pessoas, entre guerrilheiros e atletas.

No atletismo, brilharam nomes como o finlandês Lasse Viren, ouro nos 5.000 m e nos 10.000 m, o soviético Valery Borzov, nos 100 m e 200 m, e o norte-americano Frank Shorter, na maratona. Dois anos antes, Shorter estivera em São Paulo e conquista a São Silvestre. No feminino, a atração foi a alemã ocidental Ulrike Meyfarth, campeã do salto em altura, com 1,92, recorde mundial.

Nelson Prudêncio deu sua segunda medalha para o Brasil, no triplo, com um salto de 17,05. Ele ganhou bronze, enquanto que a prata foi para o alemão oriental Jorg Drehmel , com 17,31, 4 cm a menos que o campeão Viktor Saneyev.

Boicote começa em Montreal. Montreal em 1976 viu o primeiro boicote significativo aos Jogos Olímpicos. Um grupo de 29 nações africanas não compareceu à competição, em protesto contra a presença da Nova Zelândia. O motivo: o país da Oceania permitiu que uma equipe de rúgbi fosse à África do Sul, onde vigorava, à época, um regime de segregação racial, com 18 milhões de negros subjugados por 6 milhões de brancos. Aliás, os sul-africanos só tiveram sua delegação novamente aceita nos Jogos em Barcelona, 16 anos depois, quando o presidente do país já era o legendário líder negro Nelson Mandela.

A grande sensação em Montreal foi a ginasta romena Nadia Comaneci, a primeira a conquistar a nota 10 no esporte. No atletismo, destaque para o bicampeonato de Lasse Viren nos 5.000 m e nos 10.000 m, e as vitórias do cubano Alberto Juantorena nos 400 m e nos 800 m.

O destaque brasileiro era um triplista, para variar: João Carlos de Oliveira, o João do Pulo. Um ano antes o paulista de Pindamonhangaba estabelecera sensacional recorde mundial no PAN da Cidade do México, com um salto de 17,89. No Canadá, João fez o triplo dar mais uma medalha ao Brasil: bronze, com 16,90. Viktor Saneyev foi ouro pela terceira vez, com 17,29, e o norte-americano James Butts ganhou a prata, com 17,18. João ainda conseguiu o 4º lugar no salto em distância, com 8,00. Outro atleta a alcançar a final foi o carioca Ruy da Silva, 5º nos 200 m, com 20.84.

Emoção em Moscou. Boicote, mesmo, houve em 1980. Os Estados Unidos alegaram como motivo para não ir a Moscou a invasão do Afeganistão pela União Soviética. Dezenas de países ocidentais acompanharam o boicote, mas grande número de atletas – com exceção dos norte-americanos – furou o bloqueio, caso dos britânicos Steve Ovett e Sebastian Coe, respectivamente ouro nos 800 m e nos 1.500 m. Mas a lembrança mais marcante dos Jogos é a do mascote Misha, um ursinho.

João Carlos de Oliveira ainda detinha o recorde mundial do triplo. Na capital soviética ele saltou bem várias vezes. Mas em decisão contestada, os árbitros só validaram um de 17,22 , o que garantiu o bronze e a sexta medalha olímpica do triplo nacional. Saneyev foi novamente ao pódio, com 17,24 e a medalha de prata. O ouro foi para um soviético da Estônia, Jaak Uudmae, que marcou 17,35.

Agberto Guimarães chegou a liderar os 800 m, mas terminou em 4º lugar, com 1:46.2. O paraense de Tucuruí ficou a dois décimos do bronze, ganho pelo soviético Nikolai Kirov. O ouro foi para Ovett e a prata para Coe. Agberto estava também no 4×400 m, que foi à final e conseguiu o 5º lugar, com 3:05.9. A equipe teve ainda Paulo Correia, Antonio Euzébio e Geraldo Pegado. O 4×100 m também foi finalista: ficou em 8º lugar, com 39.54 – com Katsuhico Nakaya, Nelson Rocha dos Santos, Milton de Castro e Altevir de Araújo.

O ouro em Los Angeles. Como era esperado, os soviéticos e aliados devolveram o boicote aos Jogos de 1984, em Los Angeles. Nas competições, dois norte-americanos confirmaram a fama: Carl Lewis , que 48 anos depois igualou o feito de Jessé Owens, que em Berlim 1936, ganhara ouro nos 100 m, 200 m, 4×100 m e salto em distância; e no basquete, Michael Jordan mostrou porque mais tarde seria eleito o melhor jogador do século 20.

O atletismo deu a principal conquista dos Jogos ao Brasil, com o ouro nos 800 m ganho por Joaquim Cruz. O brasiliense, de 21 anos, treinado por Luiz Alberto de Oliveira, ainda estabeleceu o recorde olímpico da prova, com 1:43.00. O brasileiro se tornaria um dos maiores corredores de 800 m da história e, ainda hoje, é um dos três únicos a fazer a prova em menos de 1:42.00, ao lado de Sebastian Coe e do queniano naturalizado dinamarquês Wilson Kipketer.

Bom resultado, também, do velocista paraibano João Batista Eugênio, que conseguiu o 4º lugar nos 200 m, com 20.30. Mais uma vez, o 4×100 m masculino chegou à final: ficou com a 8ª colocação, com 39.40. Arnaldo de Oliveira foi a novidade na equipe, que teve ainda Katsuhico Nakaya, Nelson Rocha dos Santos e Paulo Correia (este no 4×400 m), os três das campanhas de quatro anos antes, em Moscou.

Final da farsa em Seul. Um dos maiores escândalos da história dos Jogos foi protagonizado pelo jamaicano naturalizado canadense, Ben Johnson. Ele fez o que costumava fazer: ganhou com facilidade os 100 m, com 9.79. Só que, dois dias depois, aconteceu o que se desconfiava há muito. Isto é, Johnson competia dopado. O recorde mundial não foi homologado e a medalha teve que ser devolvida e foi para quem terminara em 2º lugar, Carl Lewis.

Robson Caetano foi o 5º nos 100 m, com 10.11. Mas o melhor desempenho do velocista carioca aconteceria nos 200 m, quando conquistou a medalha de bronze, com 20.04, atrás de Lewis (prata) e de outro norte-americano, Joe Deloach (ouro).

Mais uma vez, Joaquim Cruz ganharia uma medalha nos 800 m: prata, com 1:43.90. Ficou atrás do queniano Paul Ereng e à frente do marroquino Said Aouita. O outro brasileiro na prova, Zequinha Barbosa, também foi à final e conseguiu o 6º lugar, com 1:46.39.

Todos em Barcelona. Os Jogos de 1992, em Barcelona, foram os primeiros em 20 anos sem qualquer tipo de boicote. Apenas não pôde competir oficialmente a Iugoslávia – à época composta apenas por Sérvia e Montenegro e já sem Eslovênia, Croácia e Bósnia -, considerada pela ONU a principal responsável pela sangrenta Guerra nos Bálcãs. Mas seus atletas puderam participar, sob a bandeira do COI.

A novidade foi a presença dos jogadores da NBA na seleção norte-americana de basquete. O "dream team" contou com Michael Jordan, Magic Johnson e Larry Bird e obviamente ficou com o título. O vôlei masculino do Brasil ganhou sua primeira medalha de ouro.

O atletismo brasileiro foi a quatro provas finais. Robson Caetano foi o 4º nos 200 m, com 20.45; Zequinha Barbosa ocupou a mesma posição nos 800 m, com 1:45.06; no 4×400 m mais um 4º lugar, com 3:01.61 – com Robson, Edielson Tenório, Sérgio Matias e Sidnei Teles (Eronildes Araújo correu na semifinal). O outro finalista foi Clodoaldo do Carmo, 11º nos 3.000 m com obstáculos, com 8:25.96.

Centenário em Atlanta. Atenas queria os Jogos do Centenário, em 1996. Mas Atlanta, com o apoio da Coca-Cola, que tem sua sede nesta cidade norte-americana, ganhou a honraria. Em plena competição, porém, sofreu uma pane no sistema de informática, que prejudicou os serviços de comunicação. Não faltou um atentado a bomba, na área do anel olímpico. Nos 100 m e no 4×100 m, o Canadá surpreendeu os Estados Unidos, principalmente graças às performances do recordista mundial Donovan Bailey . O grande nome do torneio atlético foi, de qualquer forma, um atleta da casa, Michael Johnson, que venceu os 200 m (com 19.32, recorde mundial) e os 400 m.

O Brasil conquistou sua medalha numa fantástica disputa do 4×100 m. Assim, a tradição iniciada em 1980 finalmente levaria a equipe ao pódio, graças a Robson Caetano, Arnaldo de Oliveira, Edson Luciano e André Domingos. O quarteto brasileiro marcou 38.41 e ficou atrás apenas do Canadá (ouro) e Estados Unidos (prata).

Também brilharam Everson Teixeira e Eronildes Araújo, respectivamente 7º e 8º nos 400 m com barreiras, com 48.57 e 48.78. Bom resultado, ainda, de Luiz Antonio dos Santos, 10º colocado na maratona, com 2:15:55.

Cerimônia tocante em Sydney. Maior cidade da Austrália, Sydney desbancou Pequim, que era considerada a favorita para organizar os Jogos do ano 2000. A cerimônia de abertura teve momentos tocantes. Apenas mulheres australianas, ganhadoras de medalhas olímpicas, carregaram a tocha nos 400 m da pista do estádio olímpico. Cathy Freeman, corredora de origem aborígine, acendeu a pira. Depois, ganhou a medalha de ouro nos 400 m.

O Brasil voltou ao pódio no 4×100 m, conquistando a medalha de prata, com 37.90, uma das melhores marcas da história da prova. Com André Domingos, Édson Luciano, Claudinei Quirino e Vicente Lenilson (Claudio Roberto correu na semifinal), o time ficou atrás somente dos Estados Unidos. Mais três corredores brasileiros foram à final: Sanderlei Parrela, 4º nos 400 m com 45.01, Eronildes Araújo, 5º nos 400 m com barreiras com 48.34, e Claudinei Quirino, 6º nos 200 m com 20.28.

Superação brasileira em Atenas. A capital grega voltou a fazer os Jogos, na primeira edição olímpica do Século 21. Depois de 108 anos da volta dos Jogos, Atenas recebeu mais de 10 mil atletas, bem mais que os 300 que foram à Grécia em 1896. Outra diferença importante: quase 40% do total de participantes desta vez eram mulheres.

O 4×100 m masculino mais uma vez foi à final. Com André Domingos, Édson Luciano, Vicente Lenilson e Cláudio Roberto ficaram com a 8ª posição, com 38.67. Jadel Gregório  fez o triplo brasileiro voltar a uma final olímpica depois de 24 anos. Ele terminou em 5º lugar, com 17,31. Outro finalista foi Matheus Inocêncio, 7º nos 110 m com barreiras, com 13.49. Merece destaque, ainda, José Alessandro Bagio, com o melhor desempenho de um marchador brasileiro na história olímpica. Ele foi o 14º nos 20 km, com 1:23:33.

Porém, o fato que marcou os Jogos de 2004 teve como protagonista o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima. O paranaense liderava a maratona com vantagem que chegou a ser de 40 segundos em relação aos demais corredores. No km 37, contudo, em falha da segurança, um manifestante irlandês agrediu o brasileiro. Antes da segurança, quem ajudou Vanderlei foram populares, com destaque para Polyvos Kossivas. Com vantagem menor, física e emocionalmente abalado, mesmo assim o paranaense de Cruzeiro d'Oeste voltou à prova e ainda conseguiu a medalha de bronze, com 2:12:11. O 1º foi o italiano Stefano Baldini e o 2º o eritreu naturalizado norte-americano Meb Keflezighi.

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