POR TOMAZ LOURENÇO
Como se sabe, o Ranking Brasileiro de Maratonistas, elaborado e publicado pelo site CR, leva em conta os tempos líquidos para apuração (contados apenas após a passagem pelo tapete de chip na largada), que é o jeito mais lógico e que vem sendo praticado pela maioria das provas, para não prejudicar os que não começam na frente e para que as saídas sejam organizadas e tranquilas.
Este detalhe ganha maior importância nas maratonas, quando a maioria dos participantes vai em busca de uma boa marca, seja para registro próprio ou para ingresso no RANKING CR, sem contar aqueles que estão batalhando por índice para uma corrida no exterior, notadamente Boston.
Quando chegaram os resultados da Maratona de Blumenau (24/03), automaticamente considerei a coluna de tempos líquidos para definição dos que deveriam ser ranqueados, descartando a de tempos brutos, sem notar que haviam vários casos de resultados iguais nas duas colunas, o que geralmente se constata apenas entre os primeiros colocados, que largam à frente.
Então, recebi email do corredor Kleber Ribeiro Cunha, dizendo que tinha entrado no RANKING em Blumenau, mas com seu resultado bruto (3:22:54) e não com o líquido, que no seu GPS marcou 3:19:56, já que tinha largado mais atrás, para evitar atropelos.
Ao olhar a listagem (link aqui) da empresa de cronometragem, descobri que o caso de Kleber não era único, mas absolutamente comum e fiz a checagem: 85 participantes dos 245 concluintes tinham tempos iguais nas duas colunas! Como isso é absolutamente impossível de acontecer na prática (85 posicionados na linha de largada), consultamos a SuperCrono, que nos respondeu terem sido os resultados validados pela Federação Catarinense de Atletismo e, portanto, nada havia de errado.
Obviamente que se trata de um equívoco, que não foi apurado pela Federação, como aliás outras checagens por vezes não são feitas, para homologação dos resultados, como o cumprimento do percurso aferido no dia da prova, fato acontecido na Maratona de Criciúma no ano passado.
O que dá para concluir sobre essa situação, que prejudicou 1/3 dos concluintes em Blumenau, ao terem suas marcas com alguns segundos ou mesmo minutos a mais, é que o sistema da SuperCrono deve ter falhado na largada, não captando parte dos chips, e para resolver o problema a empresa decidiu considerar o tempo desde o sinal de saída. Infelizmente, somos obrigados a considerar as marcas como estão nas listagens do evento. Detalhe: esse problema não aconteceu nas outras 3 distâncias (5, 10 e 21 km).
Se não bastasse, Kleber chamou a atenção para o caso de um corredor (Jayme Campo Vianna), que não realizou integralmente a segunda volta, como fica patente na própria apuração, e que mesmo assim não foi desclassificado pela empresa de cronometragem, levando a ser considerado para o RANKING, onde entrou em primeiro lugar na faixa 60/64 anos. Comprovamos o erro absurdo e naturalmente essa pessoa não estará na próxima atualização do RANKING.
Este post tem o objetivo de chamar atenção dos organizadores e das empresas de cronometragem para a importância de tratarem com atenção seus eventos, notadamente as maratonas, onde os resultados ganham muito maior relevância do que nas provas de menor distância, sendo uma declaração de respeito aos participantes, que se dedicam por meses aos treinamentos, para uma luta vitoriosa contra o relógio.
Tomaz Lourenço, 77 anos, treinando para conseguir entrar no RANKING CR em Florianópolis (25/08), onde há alguns anos, um erro na sinalização de retorno obrigou os corredores a fazerem 500 metros a mais. Email: tomazloureno1947@gmail.com