A visão de centenas de corredores lotando a rampa monumental do Bellini, de onde foi dada a largada para a segunda edição da Corrida das Torcidas, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, foi incrível. Sem rivalidades clubistas, quase três mil atletas se uniram, na manhã do dia 22 de setembro, por duas paixões: o futebol e a corrida de rua. O percurso, de 7,5 km, teve chegada em frente à famosa e histórica estátua do Bellini, tradicional ponto de encontro de torcedores. A proposta era que cada inscrito identificasse o seu time de coração.
Alguns participantes correram devidamente uniformizados, outros optaram por usar detalhes, como meião ou boné. Num clima de muita festa, os corredores largaram cantando tradicionais músicas de torcidas organizadas e hinos de seus clubes. A prova, que atraiu corredores de todo Brasil, contou com uma boa participação de torcedores de times de outros estados.
Tinha de tudo um pouco. O namorado vascaíno e a namorada flamenguista. A mãe tricolor e o filho flamenguista. O avô botafoguense e o neto tricolor. Torcedores do América e do Bangu. Gaúchos colorados e gremistas. E até uma corredora com a camisa do extinto clube escocês Glasgow Rangers (rebatizado como The Rangers FC), carregando, nas costas, o nome do polêmico ex-jogador Paul Gascoigne, que foi ídolo no "The Gers", entre os anos 1995 e 1998.
A organização chegou a elaborar um ranking dos times que tiveram o maior número de inscritos. Os quatro grandes do Rio encabeçaram a lista, na ordem: Flamengo (46%), Vasco (20%), Fluminense (17%) e Botafogo (14%). Com isso, o rubro-negro da Gávea, que também obteve o melhor índice técnico na prova – a soma do tempo feito pelos dez primeiros colocados -, levou duas taças para sua sede, na zona sul carioca. Os outros 3% se dividiram em times de outros estados, com destaque para: São Paulo com dez participantes, Atlético/MG e Grêmio, cada um com sete inscritos, Corinthians com seis e Cruzeiro com cinco.
Mas se o Vasco manteve a alcunha de vice no ranking, Clodoaldo Azevedo, o grande vencedor da corrida com o tempo de 23:05, "vingou" o seu time do coração. Embora não estivesse vestindo a camisa do clube, Clodoaldo cruzou o portal de chegada carregando uma bandeira do cruz-maltino: "Foi uma ótima prova e consegui ajudar meu time a chegar em primeiro lugar", disse o torcedor do clube da colina. No feminino, a vitória da botafoguense Tereza Madalena (28:29).
De camisa do Bangu, uma homenagem ao avô, que era torcedor do clube em seus tempos áureos, Reginaldo Gomes, 64 anos, parabenizou os organizadores da prova (a Spiridon Eventos) pelo esforço de realizar essa festa que une corrida de rua e futebol, e deixou sua sugestão: "A ideia é excelente, mas precisa ser melhor trabalhada, principalmente o percurso, que tem muito entra e sai de ruas aqui no entorno no estádio. Ouvi comentários que alguns corredores quase erraram o caminho, por falta de uma melhor sinalização e apoio depois que passa a elite. Fora isso, é uma grande ideia, que merece ser aprimorada."