TENDINITE ANTIGA
Fui acometido de uma tendinite no tendão de Aquiles há mais dez anos e busco tratamento especializado.
Benival Vilaça Ferreira, por email
A tendinite do tendão de Aquiles na verdade é apenas uma variante de situações ortopédicas que podem acometer seu tendão calcâneo, conhecido popularmente por tendão de Aquiles. A tendinite normalmente envolve um processo inflamatório na bainha do tendão, uma membrana externa de revestimento que se torna inflamada, mais espessada e dolorida ao toque, enquanto que o processo de tendinose se reserva ao quadro de alterações estruturais do tecido tendíneo em seu interior, como fissuras e calcificações. Portanto, o termo genérico de tendinopatia deve ser utilizado até que se determine um diagnóstico mais preciso. O tratamento inicial é eminentemente conservador, com alteração das atividades aeróbicas para redução da carga física sobre o tendão e medidas fisioterápicas, tanto para analgesia (melhora da dor pela redução do processo inflamatório), quanto para cinesioterapia (exercícios para reequilíbrio muscular e ganho de alongamento).
DORES NAS CANELAS
Como fazer para parar as dores nas canelas. Eu gostaria de correr todos os dias, mas não consigo porque me dói muito e não quero tomar anti-inflamatório.
Sidnei Marcos Lopes, Campo Bom, RS
Inicialmente você deve procurar ajuda e orientação em relação à investigação do por que destas dores nas canelas. As dores começam em que ponto do treino? Ocorrem todos os dias? Tem dor para andar? Ao ficar parado? Estas perguntas são importantes para ajudar os médicos no diagnóstico e na recomendação do tratamento. Concordo que não deva tomar anti-inflamatórios, porém não é necessário correr todos os dias para manter seu condicionamento, bastando alternar a corrida com outras atividades aeróbicas alternativas ou musculação na academia.
EXERCÍCIOS CONCÊNTRICOS
Gostaria de saber se exercícios passivos e exercícios concêntricos causam fadiga muscular?
Roberta Vieira, Alfenas, MG
Exercícios musculares sempre causam fadiga, ou seja, cansaço ou esgotamento muscular, sejam eles passivos (feitos com o auxílio de outra pessoa) ou ativos (feitos pelo próprio praticante), tanto concêntricos (músculo se encurta enquanto produz força) quanto excêntricos (músculo se alonga enquanto produz força). A fisiologia por trás da fadiga muscular ainda é objeto de estudo dentro da medicina do esporte, pois seus mecanismos não estão completamente esclarecidos, mas as teorias apontam para a diminuição de substratos energéticos, produção aumentada de íons hidrogênio, e falência da conexão entre fibras musculares e fibras nervosas.
LUXAÇÃO NA PATELA
Tive uma luxação na patela há seis anos, e desde então a rótula deve ter saído do lugar umas três vezes, nada absurdo. Mas agora estou pensando em correr, mesmo que seja de forma moderada. Na verdade já participei de uma prova de 10 km; não corri ela toda, fui mais no "trote", porque estou habituada a caminhar, então não foi tão difícil, aliás foi até prazeroso. Gostaria de saber se há algum problema se correr se tornar algo frequente para mim, como estou pensando.
Kelly Celimária, São Paulo, SP
Você sofreu uma luxação de patela (osso da parte da frente do joelho), o que significa que houve um deslocamento deste osso para fora de seu lugar habitual. Refere também que outros três episódios de luxação ocorreram desde então, o que não é pouco. Antes de se tornar séria em relação à corrida, você deve tomar algumas providências para minimizar o risco de complicações futuras com seu joelho. Comece com treinamentos de caminhada que se alternam com períodos de trote; evite nos primeiros meses, ou até no primeiro ano, treinos de velocidade, e principalmente adote um rígido programa de fortalecimento muscular, pois seus músculos são a única estrutura que será capaz de lhe fornecer condições que protejam seu já comprometido joelho.
JOELHO DESGASTADO
Tenho 50 anos e faço corridas de longas distâncias há mais de dez. Desde a Maratona de Búzios que sinto muita dor próxima ao joelho direito; tive uma consulta com um ortopedista, mas gostaria de uma segunda opinião, principalmente para a solução do problema. Estou sem poder correr desde o dia 6/11 e ansiosa para voltar logo. Envio resultado da ressonância, que constatou condropatia fêmoro-patelar leve/moderada, entre outros problemas. Fiz uma artroscopia em 1995 e retirei um pedacinho do menisco deste mesmo joelho e nunca havia tido problemas com ele. Também retirei a tireoide há dois anos e por enquanto o cálcio está normal, conforme densitometria feita em agosto.
Anna Perez, Rio de Janeiro, RJ
Você relata que foi submetida a uma meniscectomia parcial no joelho há 17 anos e que não havia tido mais problemas com ele desde então, porém você deve entender que a partir daquele ponto seu joelho, ou qualquer parte do nosso sistema músculo-esquelético que sofra uma intervenção, jamais será o mesmo, e necessita permanentemente de um trabalho físico, geralmente ganho de força muscular para que os músculos continuem a dar suporte adequado para a articulação acometida. Você não menciona o que fez para seu joelho nestes 17 anos, nem qual menisco foi abordado, mas o retrato que a ressonância aponta é para um joelho desgastado, ou seja, portador de inúmeras alterações, nenhuma extremamente grave, diga-se de passagem, que são frutos do próprio desgaste articular, de sua atividade de corrida, mas principalmente de uma eventual falha no condicionamento muscular de seus membros inferiores. Além de fisioterapia para ganho de força, o uso de substâncias condroprotetoras (sulfatos de glicosamina e condroitina) pode ser instituído em seu caso.
CANELITE PERSISTENTE
Tenho periostite (canelite) e não consigo sarar. Me ajudem!
Walfram dos Santos, São Paulo, SP
A periostite, conhecida popularmente como canelite, é uma lesão por carga excessiva sobre os membros inferiores, que se reflete através de dor em uma faixa ao longo da face ântero-medial da tíbia (osso da canela), dificultando a progressão dos treinos de corrida. Nesta fase, normalmente é o periósteo (membrana que reveste o osso) que se torna inflamado, gerando este quadro clínico caracterizado principalmente por dor. A diminuição ou a substituição temporária da corrida por outras atividades aeróbicas se faz necessária para que o tecido se recupere, além de medidas analgésicas fisioterápicas para auxiliar no processo. Porém, o mais importante está em determinar possíveis fatores de risco para o desenvolvimento da periostite, que se não tratada adequadamente pode evoluir para a temida, e infinitamente mais grave, fratura por stress. Aumentos desproporcionais de quilometragem de treino, não só em volume, mas também em intensidade, são os fatores de risco mais comuns, além de despreparo da musculatura da face anterior da perna.