20 de setembro de 2024

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Releitura Redação 7 de janeiro de 2019 (0) (138)

Suplemento é coisa séria!

Corredores costumam ter necessidades energéticas aumentadas em virtude das próprias características da atividade que praticam. Estas necessidades, tanto de energia quanto de outros nutrientes essenciais ao bom funcionamento do organismo, podem, na maior parte das vezes, ser supridas por uma alimentação saudável e balanceada. Porém, quando o atleta não se alimenta apropriadamente, suplementos alimentares podem ser utilizados para complementar os requerimentos do corpo.

Mas é bom conhecer um pouco sobre o assunto, para separar o que comprovadamente faz bem, o que ainda está em estudo e o que efetivamente é proibido ou prejudicial ao corpo humano

Existe no mercado brasileiro uma infinidade de alimentos destinados aos praticantes de atividade física. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estes alimentos são os repositores hidroeletrolíticos, repositores energéticos, alimentos protéicos, alimentos compensadores, aminoácidos de cadeia ramificada e outros para fins específicos.

No Brasil, todos os produtos que contenham substâncias farmacológicas estimulantes, hormônios e outras consideradas como “doping” pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), produtos fitoterápicos (como as ervas ginseng, cogumelos, ginkgo biloba), suplementos de vitaminas e minerais não entram na categoria de alimentos destinados aos praticantes de atividade física.

O que são e para que servem?

Repositores hidroeletrolíticos – Aqueles formulados a partir de uma concentração variada de eletrólitos, associada a concentrações variadas de carboidratos, com o objetivo de reposição hídrica e eletrolítica decorrente da prática de atividade física.
Repositores energéticos – Os formulados com nutrientes que permitam o alcance e ou manutenção do nível apropriado de energia para atletas. No Brasil, os carboidratos devem constituir pelo menos 90% dos nutrientes energéticos da fórmula.
Alimentos protéicos – Aqueles com predominância de proteína, hidrolisada (quebrada) ou não, em sua composição, formulados com o intuito de aumentar a ingestão deste nutriente ou complementar a dieta de atletas, cujas necessidades protéicas não estejam sendo satisfatoriamente supridas pelas fontes alimentares habituais.  De acordo com nossa legislação, pelo menos 65% das proteínas da formulação deve ser de alto valor biológico.
Alimentos compensadores – Os formulados de forma variada para serem utilizados na adequação de nutrientes da dieta de praticantes de atividade física, podendo conter carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais.
Aminoácidos de cadeia ramificada – Formulados a partir de concentrações variadas de aminoácidos de cadeia ramificada (valina, leucina e isoleucina), com o objetivo de fornecimento de energia para atletas.
Outros alimentos com fins específicos para praticantes de atividade física – Produtos formulados de forma variada com finalidades metabólicas específicas, decorrentes da prática de atividade física.

 

Creatina e carnitina

De acordo com a nutricionista Renata Ferreira, da Anvisa, “quase todas as barras de proteínas possuem registro. Já os produtos que prometem estimular a síntese de hormônio de crescimento são irregulares. Geralmente, também não existe autorização para a comercialização de creatina, nem carnitina”.

É importante entender que os suplementos esportivos não são necessariamente benignos. Casos de doping e óbito entre atletas que ingeriram efedrina foram largamente documentados. A efedrina, um suplemento usado para acelerar o metabolismo, pode aumentar a pressão sanguínea de forma fatal, em alguns casos. No Brasil seu uso como suplemento é proibido.

A creatina um aminoácido estocado nos músculos é o suplemento esportivo mais vendido nos EUA. No Brasil também conta com grande prestígio entre atletas, estando disponível na forma de pós ou cápsulas. De acordo com seus fabricantes, o mesmo aumentaria a produção de energia durante exercícios intensos e de curta duração.

Porém, os benefícios parecem ser limitados às atividades que demandam força ou grandes velocidades em curtos períodos de tempo. Já para maratonistas ou outros atletas de longas distâncias este suplemento parece não ter muito valor. Além disso, para qualquer tipo de atleta seu uso parece comprometer a saúde em geral, visto que a creatina aumenta a concentração de água nos músculos desidratando o restante do organismo, causando cãibras e diarréia.

Recentemente, o DHEA (Dehidroepiandrosterona) entrou ilegamente em nosso mercado. Este hormônio, produzido naturalmente em nossas glândulas adrenais, é fundamental para o aumento dos níveis de testosterona e estrogênio. Devido à sua conexão com estes hormônios, alguns atletas ingeriram cápsulas da substância com a intenção de estimular a produção de mais músculos. Porém, em outubro passado, um artigo publicado no periódico The New England Journal of Medicine não demonstrou qualquer efeito positivo em homens, após o uso diário de 75 mg, por dois anos.

Apesar de terem sua eficácia posta a baixo, muitas vezes os dados científicos e o bom senso acabam pesando menos do que a propaganda boca a boca feita por usuários e vendedores, além da esperança, que o consumidor alimenta, de que o medicamento irá melhorar a sua performance de alguma forma. Por isso, vale o aviso: tenha cuidado com seu corpo e não experimente substâncias desconhecidas, oferecidas em ambientes como lojas de suplementos e academias.

Existem, porém, alguns suplementos que realmente cumprem o que prometem. Contudo, como a maioria é ineficiente tente separar os bons dos maus produtos seguindo a regra óbvia: não consuma suplementos que não tenham sido autorizados e largamente pesquisados e, não se engane achando que um suplemento irá corrigir todos os seus erros alimentares ou deficiências de treinamento. Além disso, o que funciona para uma pessoa, pode não funcionar para outra. Tenha em mente também que efeitos positivos podem ser decorrentes da autoconfiança adquirida com o uso do caro suplemento, e não necessariamente devido à sua eficácia fisiológica.

Três grupos de suplementos

Partindo destas informações, podemos classificar os suplementos em três grupos principais:

Grupo A – Os que possuem evidências científicas comprovando seu benefício e segurança;

Grupo B – Aqueles considerados adequados apenas para fins de pesquisa, uma vez que seu benefício e/ou segurança ainda não foram completamente esclarecidos;

Grupo C – Sem efeitos benéficos comprovados, não devendo ser utilizados por atletas ou praticantes de atividade física.

Suplementos do Grupo A – Podem ser utilizados.

Estes produtos fornecem fontes seguras de energia e nutrientes, e foi demonstrado em diversos estudos que podem melhorar a performance, quando utilizados adequadamente. Repositores hidroeletrolíticos

Barras de cereais

Barras energéticas

Barras protéicas

Bebidas esportivas

Géis

Suplementos do Grupo B – Adequados apenas para fins de pesquisa

Estes suplementos ainda são relativamente novos no mercado, merecendo mais atenção, apesar de dados preliminares terem demonstrados alguns possíveis benefícios dos mesmos. Creatina

Glutamina

Melatonina

Ribose

Cafeína

Suplementos do Grupo C – Não tiveram seus efeitos comprovados e portanto não devem ser utilizados por atletas ou praticantes de atividades físicas.

Esta categoria inclui a maioria dos suplementos e produtos esportivos. Apesar de sua popularidade, não tiveram seus efeitos comprovados. Hormônios como a testosterona e substâncias como a efedrina foram banidos no mundo todo, pelo alto risco que representam à saúde. Aminoácidos de cadeia ramificada

Carnitina

Picolinato de cromo

Coenzima Q10

Citocromo

Oxido nitroso

Piruvato

Suplementos vitamínicos

 

Vitaminas e minerais

A maioria das pessoas consome vitaminas e minerais em quantidades adequadas, a não ser que estejam seguindo uma dieta muito restritiva ou monótona. Porém, atletas de alta performance podem precisar de quantidades superiores às recomendações para a população geral, uma vez que utilizam mais oxigênio ao dia, produzindo, subseqüentemente mais radicais livres, que podem ser deletérios para as células do corpo.

Por isso, foi teorizado que os mesmos deveriam ingerir quantidades superiores das vitaminas C, E, beta-caroteno e coenzima Q10, a fim de combater estes elementos. Contudo, pesquisas recentes produziram resultados contraditórios. Estudos em animais sugerem que grandes quantidades destes nutrientes aumentaram o estresse oxidativo, enquanto outros estudos sugeriram que os mesmos aumentavam  a recuperação muscular, principalmente em atletas mais velhos.

Por isso, apesar de muitas vezes inofensivos, os suplementos vitamínicos e minerais foram incluídos no Grupo C por não aumentarem a performance nem a saúde de indivíduos bem nutridos.

Por essa razão, evite então adquirir suplementos vitamínicos ou minerais nas farmácias e drogarias, pois cada produto tem uma quantidade diferente de nutrientes, que provavelmente não será adequada para você. De acordo com a nutricionista Cristiane Cursi, especialista em nutrição esportiva, o ideal é sempre consultar um profissional da área. Este tem melhores condições de prescrever a quantidade adequada para cada situação.

Fique atento também à expressões como “anabolizantes”, “body building”, “hipertrofia muscular”, “queima de gorduras”, “fat burners”, “aumento da capacidade sexual”, ou equivalentes, já que as mesmas são proibidas no Brasil. Por isso, se encontrá-las no rótulo de algum suplemento, desconfie do produto.

 

Faça uma alimentação saudável e equilibrada! Você vai correr e viver bem melhor!

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