Existe no mercado brasileiro uma infinidade de alimentos destinados aos praticantes de atividade física. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estes alimentos são os repositores hidroeletrolíticos, repositores energéticos, alimentos protéicos, alimentos compensadores, aminoácidos de cadeia ramificada e outros para fins específicos (veja quadro).
No Brasil, todos os produtos que contenham substâncias farmacológicas estimulantes, hormônios e outras consideradas como "doping" pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), produtos fitoterápicos (como as ervas ginseng, cogumelos, ginkgo biloba), suplementos de vitaminas e minerais não entram na categoria de alimentos destinados aos praticantes de atividade física.
Creatina e carnitina. De acordo com a nutricionista Renata Ferreira, da Anvisa, "quase todas as barras de proteínas possuem registro. Já os produtos que prometem estimular a síntese de hormônio de crescimento são irregulares. Geralmente, também não existe autorização para a comercialização de creatina, nem carnitina".
É importante entender que os suplementos esportivos não são necessariamente benignos. Casos de doping e óbito entre atletas que ingeriram efedrina foram largamente documentados. A efedrina, um suplemento usado para acelerar o metabolismo, pode aumentar a pressão sanguínea de forma fatal, em alguns casos. No Brasil seu uso como suplemento é proibido.
A creatina – um aminoácido estocado nos músculos – é o suplemento esportivo mais vendido nos EUA. No Brasil também conta com grande prestígio entre atletas, estando disponível na forma de pós ou cápsulas. De acordo com seus fabricantes, o mesmo aumentaria a produção de energia durante exercícios intensos e de curta duração.
Porém, os benefícios parecem ser limitados às atividades que demandam força ou grandes velocidades em curtos períodos de tempo. Já para maratonistas ou outros atletas de longas distâncias este suplemento parece não ter muito valor. Além disso, para qualquer tipo de atleta seu uso parece comprometer a saúde em geral, visto que a creatina aumenta a concentração de água nos músculos, desidratando o restante do organismo e causando cãibras e diarréia.
Recentemente, o DHEA (Dehidroepiandrosterona) entrou ilegamente em nosso mercado. Este hormônio, produzido naturalmente em nossas glândulas adrenais, é fundamental para o aumento dos níveis de testosterona e estrogênio. Devido à sua conexão com estes hormônios, alguns atletas ingeriram cápsulas da substância com a intenção de estimular a produção de mais músculos. Porém, em outubro passado, um artigo publicado no periódico The New England Journal of Medicine não demonstrou qualquer efeito positivo em homens, após o uso diário de 75 mg, por dois anos.
Apesar de terem sua eficácia posta a baixo, muitas vezes os dados científicos e o bom senso acabam pesando menos do que a propaganda boca a boca feita por usuários e vendedores, além da esperança, que o consumidor alimenta, de que o medicamento irá melhorar a sua performance de alguma forma. Por isso, vale o aviso: tenha cuidado com seu corpo e não experimente substâncias desconhecidas, oferecidas em ambientes como lojas de suplementos e academias.
Existem, porém, alguns suplementos que realmente cumprem o que prometem. Contudo, como a maioria é ineficiente, tente separar os bons dos maus produtos, seguindo a regra óbvia: não consuma suplementos que não tenham sido autorizados e largamente pesquisados, e não se engane achando que um suplemento irá corrigir todos os seus erros alimentares ou deficiências de treinamento. Além disso, o que funciona para uma pessoa, pode não funcionar para outra. Tenha em mente também que efeitos positivos podem ser decorrentes da autoconfiança adquirida com o uso do caro suplemento, e não necessariamente devido à sua eficácia fisiológica.
Partindo destas informações, podemos classificar os suplementos em três grupos principais (veja quadro).
Vitaminas e minerais. A maioria das pessoas consome vitaminas e minerais em quantidades adequadas, a não ser que estejam seguindo uma dieta muito restritiva ou monótona. Porém, atletas de alta performance podem precisar de quantidades superiores às recomendações para a população geral, uma vez que utilizam mais oxigênio ao dia, produzindo, subseqüentemente mais radicais livres, que podem ser deletérios para as células do corpo.
Por isso, foi teorizado que os mesmos deveriam ingerir quantidades superiores das vitaminas C, E, beta-caroteno e coenzima Q10, a fim de combater estes elementos. Contudo, pesquisas recentes produziram resultados contraditórios. Estudos em animais sugerem que grandes quantidades destes nutrientes aumentaram o estresse oxidativo, enquanto outros estudos sugeriram que os mesmos aumentavam a recuperação muscular, principalmente em atletas mais velhos.
Por isso, apesar de muitas vezes inofensivos, os suplementos vitamínicos e minerais foram incluídos no Grupo C por não aumentarem a performance nem a saúde de indivíduos bem nutridos.
Por essa razão, evite então adquirir suplementos vitamínicos ou minerais nas farmácias e drogarias, pois cada produto tem uma quantidade diferente de nutrientes, que provavelmente não será adequada para você. De acordo com a nutricionista Cristiane Cursi, especialista em nutrição esportiva, o ideal é sempre consultar um profissional da área. Este tem melhores condições de prescrever a quantidade adequada para cada situação.
Fique atento também à expressões como "anabolizantes", "body building", "hipertrofia muscular", "queima de gorduras", "fat burners", "aumento da capacidade sexual", ou equivalentes, já que as mesmas são proibidas no Brasil. Por isso, se encontrá-las no rótulo de algum suplemento, desconfie do produto.