Como é bom correr em uma pista oficial de atletismo. Principalmente, se o treino é de velocidade. Tiros de 400 metros, nem se fale. Em Jundiaí, onde moro, temos a histórica pista do Bolão. Judiada, largada, abandonada pelas autoridades, mas está lá, de saibro. Dura em alguns pontos, mas não dá para deixar de correr nela pelo menos uma vez por semana. E mais uma raridade: é pública. Aberta a quem quiser. Sete dias por semana.
Pista histórica porque foi nela que Nelson Prudêncio deu os primeiros saltos triplos. Onde começou o contato com o esporte de um dos maiores atletas brasileiros. Prudêncio, que vive hoje em São Carlos, também no interior paulista, foi medalha de prata na Olimpíada da Cidade do México, em 1968, e bronze na de Munique, em 1972. Sem contar as duas pratas no Pan-Americano, em Winnipeg (1967) e Cali (1971).
Em 1968, na final olímpica, Prudêncio foi o primeiro das Américas a superar os 17 metros. Por três vezes, estabeleceu o recorde mundial (17,05m, 17,15m e 17,27m). Porém, tanto o recorde quando o ouro ficaram com o soviético Viktor Sanejev, que saltou 17,39m.
Meu pai, hoje com 59 anos, lembra que, quando jovem, ia até o Bolão para ver Prudêncio treinar, com suas passadas largas, num estilo inconfundível e incomparável. Nesta época, Jundiaí tinha uma das melhores equipes de atletismo de São Paulo, com outros atletas de destaque desfilando pelo Bolão.
É nessa pista, localizada em um dos pontos mais altos de Jundiaí, que treino duas ou três vezes por semana. Às vezes, até mais. Sempre encontrando outros integrantes do Corredólatras, nosso grupo de corrida. É uma pena que a reforma prometida há anos pela prefeitura não saia do discurso, do sonho. Mas, pelo menos, temos uma pista. Algo que está se tornando raridade em nossas cidades. Infelizmente. Ainda mais uma pista oficial, como a do Bolão, com oito raias e 400 metros.
Dando uma olhada nos projetos dos 12 estádios para a Copa de 2014, não consegui encontrar nenhum com pista de atletismo. Mas não serão arenas multiuso? Muitos desses projetos ainda engatinham, estão indefinidos, então, quem sabe, não surgirá alguma pista. Mas não as encontrei no que foi possível pesquisar. E também não seriam públicas… Como vamos sair do esquecimento que está o atletismo brasileiro, formar novas gerações de atletas, não só de corrida, sem pistas?
No começo do ano passado, levei as crianças para participar da corrida infantil da Corpore, disputada na pista do Ibirapuera, em São Paulo. Confesso, fiquei com vontade de chorar devido ao abandono que vi. Uma pena.
Na sua cidade, há uma pista pública, com medidas oficiais, para correr? Aberta sete dias por semana? Se os principais municípios brasileiros contassem com uma, garanto, o atletismo começaria a renascer. Com escolinhas espalhadas. Sem contar os corredores amadores, que poderiam treinar, assim como os caminhantes de todas as idades. No Bolão, numa mesma manhã, encontro atletas profissionais, amadores, grupos da terceira idade, obesos querendo emagrecer, portadores de deficiência física e neurológica, policiais, bombeiros e guardas municipais correndo… Um espaço extremamente democrático e que deveria ser melhor cuidado.
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É lamentável, mas no meu município tambem não tem pista, a mais próxima fica na UFPR em Curitiba e também está no mais completo abandono. Sinto realmente falta de uma pista oficial para treinar e até mesmo realizar competições. Estive no final de semana passado na pista da AMAN correndo as 24 horas, como é bom a integração que uma pista proporciona.
É inacreditável, mas BH não tem pista pública ou aberta ao público. A UFMG possui algo parecido com uma pista de atletismo, mas não é aberta à população. Até onde sei, na PUC-MG foi feita uma pista muito boa, mas também de uso restrito. No clube dos oficiais da Polícia Militar tem uma pista excelente, mas da mesma forma é de uso pra lá de restrito. Vergonha!
É examante isso, Leo. Uma cidade como BH, uma das principais do país, não tem uma pista pública de atletismo. Imagine, então, o restante dos municípios… Desse jeito, como vamos evoluir no esporte? Sem falar nas pessoas que poderiam usufruir dela.
É Rodney, essa situação, infelizmente, se repete por todo o Brasil. Uma pena.
Moro em SP capital há mais de 10 anos. Natural de Guarulhos. Em ambas as cidades não existem pistas públicas. As existentes, alem de mal cuidadas, são de difíceis acessos aos amadores. A burocracia que impõe impossibilita que normais igual a mim usufruam de algo que eu pago com meus impostos. Infelizmente, uma andorinha não faz verão. Por isso, devemos cobrar juntos nossos governantes para que façam algo a respeito deste assunto. Reclamar apenas não vai mudar nada. Temos que lutar.
Taí a idéia, porque em vez de só questionar, não se cria um movimento seguido de uma campanha, para arrecadar assinaturas, envolvendo as provas que todo domingo tem uma, as empresas que patrocinam, para fazer parte dessa campanha e assim abrir as portas das pistas de atletismo a todos que queiram, conhecer e praticar atletismo.
Não se pode esquecer de criar regras, dentre elas só pessoas federadas podem entrar em uma pista com um profissional de educação fisica, ou que já corra por algum tempo, com a intenção de diminuindo o risco dos atletas que não conheçam o esporte, se machucar.
Boa estratégia Nilton. Esse movimento seria excelente para o atletismo. Abraço, André
Olá André!
Legal saber do história da existência dessa tradicional pista de atletismo pública em Jundiaí.
A apenas 4 km da minha casa também existe uma pista oficial pública de atletismo, também com 400 metros, muito parecida com esta que você treina, ela esta localizada no Parque do Ceret, no bairro de Vila Formosa, bem na divisa com o bairro do Tatuapé, na cidade de São Paulo. Já fiz centenas de treinos nesta pista, todo meu treino em pista é feito junto com a equipe Marcorrer, quem passa o treino é o professor de educação física Marco Antonio Pinto, mais conhecido como Marcão, credenciado pela IAAF, CBAt e FPA.
Só uma pergunta porque chama “Pista do Bolão”, o dono era gordão ou pessoal jogava bola no local? risos!!!
Abraços!!!
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Pinguim, a pista fica no complexo Dr. Nicolino de Lucca. Lá, tem o ginásio poliesportivo, em formato de bola (meia bola). Por isso, o Bolão.
Abraço
André Savazoni
Perto dos comentários de vocês eu me sinto um privilegiado pois onde vivo (Porto Alegre) há 3 pistas de atletismo aberta ao público: a da ESEF-UFRGS, Parque Farroupilha e do CETE. A do CETE é excelente, reformada a pouco e com um carpete fantástico. A do Parque Farroupilha é toda de areia. Meio ruinzinha, mas dá para quebrar o galho. E a da UFRGS é de cimento e está mal cuidada (mas está programada para ser reformada em breve) que é onde eu treino uma vez por semana por ser mais próximo de casa. Também dá para quebrar o galho.
Abs
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Xará, no ano passado, treinei na pista do Parque Farroupilha no sábado antes da Maratona de Porto Alegre. Dava para usá-la bem na época. E o local do parque para rodar é bem interessante.
Abraço
André
É André, a reforma da pista do Bolão não é discurso nem sonho.
Já está pronta desde o ano passado e agora é uma das melhores do país!
E realmente pública, aberta a todos a semana inteira!