Como aconteceu com a Maratona de São Paulo e com a do Rio, a SP City não evoluiu este ano, apesar da expectativa da organizadora Iguana Sports, que chegou a divulgar que poderia se chegar a um recorde de participantes, talvez até mais que 5 mil corredores. Na realidade, o total de concluintes foi de 3.799, pouco menos que os 4.033 de 2019. Já nos 21 km completaram 8,6 mil, totalizando então quase 12,5 mil.

O que chama a atenção é a enorme diferença para o número de inscritos anunciados, que seria de 5.413 nos 42 km. Como se sabe que as quebras ou desistências em maratona não chegam a 5%, fica-se sem compreender onde foram parar os mil corredores a mais. Especialmente porque a prova aconteceu com uma temperatura bem favorável, sempre o principal fator a afetar a performance.

Essa discrepância entre os inscritos anunciados e os efetivamente chegados é fato absolutamente comum nas corridas brasileiras, mas no caso das provas da Iguana esse exagero não costuma ser corriqueiro. Inclusive, digno de nota positiva para essa organizadora paulistana, conhecida pela perfeição de seus eventos, é a divulgação no mesmo dia dos resultados completos, ao contrário de outras que escondem ou dificultam essa informação, exatamente para não ficar patente que os números anunciados não refletem a realidade.

A SP City não é uma prova muito favorável para bons resultados, notadamente por apresentar um percurso difícil na primeira metade. Se não bastasse, os maratonistas têm uma companhia animadora nos 21 km iniciais, correndo ao lado dos que fazem a meia e que são o dobro de participantes, mas na segunda parte esse apoio desaparece, tornando ainda mais duro o trecho final dos 42 km.

A CR até tentou estimular a Iguana a dividir a meia-maratona em dois segmentos, ou seja, dar opção para se largar junto com a maratona (a partir das 6h, para um percurso com algumas subidas) ou na marca dos 21,1 km (às 8h em trajeto praticamente todo plano), mas apesar da receptividade por igual às duas alternativas, conforme enquete no site da CR, a organizadora decidiu por não implantar a novidade sugerida, pelo menos neste ano.

Com certeza tal mudança acarretaria maior participação nos 42 km, na medida em que os maratonistas saberiam que fariam a segunda e sempre mais dura metade da prova com muitos acompanhantes, além de não terem que enfrentar certo congestionamento nos primeiros quilômetros do evento, como acontece agora.

Como se pode ver no QUADRO, por enquanto apenas as maratonas de Uberlândia e Porto Alegre apresentaram crescimento e até expressivo, sendo que na prova gaúcha foi em função da forte comunicação feita no site e redes sociais da CR, destacando suas condições favoráveis a bons resultados, isto é, percurso plano e temperatura baixa, além da boa organização, a cargo de Paulo Silva e seu filho Paulinho Stone.

Essa divulgação especial na CR colaborou, sem dúvida alguma, para o sucesso nas inscrições, mesmo com a concorrência direta da maratona carioca, na semana seguinte. Destacando-se que essa difusão ocorreu durante vários meses, aspecto fundamental para informar aos interessados em encarar o desafio dos 42 km.

A irrisória premiação oferecida na SP City Marathon (R$ 1.400 para os campeões nos 42 km) não atraiu obviamente atletas de elite, sendo vitoriosos Samuel Ribeiro (2h26) e Flavia de Moraes (3h18!).

SÉRGIO ROCHA. Entre os participantes neste domingo (31/07) na capital paulista, o ex editor de arte da CR, Sérgio Rocha, que se prontificou a ser marcador de ritmo na maratona, convocando seguidores do canal Corrida no Ar (na foto acima, ele com a bandeirola). Sua proposta era levar o grupo para completar em 4 horas, mas acabou fechando em 4h19. Contudo, ele já está no Ranking da CR, com seu tempo de 3:58:15 em Porto Alegre.

Sérgio Rocha fez um trabalho brilhante na revista Contra-Relógio, melhorando em muito seu projeto visual, além de implantar o podcast CR, experiência que o ajudou e estimulou a criar o Corrida no Ar, de enorme sucesso.

Fotos capa e abertura: Tião Moreira