Notícias admin 9 de agosto de 2012 (0) (117)

Solonei vence a Maratona de São Paulo

Quem sentou em frente da TV ou saiu às ruas de São Paulo no dia 17 de junho esperando que mais uma vez teríamos uma dobradinha queniana e um passeio dos africanos na 18ª Maratona de São Paulo em cima dos brasileiros foi, no mínimo, surpreendido. Deu Brasil no masculino. Não que o campeão não tivesse condições de ser cotado para estar lá disputando um lugar entre os primeiros. Mas, por uma série de circunstâncias, o nome dele nem citado foi entre os brasileiros de destaque na prova, até porque sua inscrição aconteceu de última hora e veio anunciada apenas pelas redes sociais.

O que se viu nas ruas da capital paulista foi o atual campeão pan-americano de maratona, o paulista Solonei Rocha da Silva, enfrentar a esquadra africana de igual para igual e mostrar ao mundo que poderia ser um dos brasileiros selecionados para os Jogos Olímpicos de Londres, o que ninguém duvidava. Mas havia outros atletas também em condições. E as duas vagas restantes, uma vez que uma delas já era do Marilson Gomes, ficaram com Paulo Roberto de Almeida, que perseguiu como ninguém um lugar em Londres, e Franck Caldeira, que mudou de equipe e técnico e para muita gente ressurgiu das cinzas. Solonei ficou fora dos Jogos, depois de amargar um tempo de 2h14 na sua tentativa de obtenção da vaga na Maratona de Londres, realizada em abril.

O título da Maratona de São Paulo com certeza não diminuiu a dor do atleta de Penápolis, de 30 anos, mas sem dúvida serviu para mostrar que poderia compor a equipe olímpica. Mais do que isso, estimulou o atleta, que tem recente carreira como profissional no atletismo (desde 2009) a continuar sua trajetória rumo aos Jogos do Rio em 2016. "Se eu tivesse conseguido o índice eu não poderia estar aqui. Ser campeão da Maratona de São Paulo tira um peso de cima dos meus ombros", comentou o Solonei após a vitória. 

"Em Londres eu estava muito mais preparado, mas infelizmente teve o fator climático ali que me prejudicou. Corri metade da prova com vento contra e sofri muito. Voltei chateado de lá e não sabia ainda o que fazer, mas conversando com meu técnico (Clodoaldo do Carmo), pedi para participar da Maratona de São Paulo. Não estava treinando tão bem quanto para Londres e por isso não tinha muita expectativa. Mas minha intenção era correr junto com os quenianos", disse Solonei. O brasileiro conseguiu sobreviver aos ataques dos africanos dentro da Cidade Universitária e provou aos poucos que não entrou na prova para ser apenas um coadjuvante.

Solonei teve a certeza da vitória na saída do penúltimo túnel. "Quando eu saí dali liderando, sabia que tinha apenas mais um túnel. E chegando ao Ibirapuera, sabia que a torcida iria estar me apoiando e seria mais fácil eu superar a adversidade dos metros finais." O brasileiro fechou a prova em 2:12:25, seguido dos quenianos Hillary Kimaiyo, com 2:16:37, e Katui Kipkemoi, com 2:17:32.

Entre as mulheres, o Quênia comprovou o favoritismo. Rumokol Chepkanan definiu a prova nos 5 km finais e fechou com 2:31:31, novo recorde, que era de 2:36:01, batido em 2011, e que pertencia à marroquina Samira Raif. Na 2ª colocação ficou a etíope Adugna Didaba e depois a queniana Nancy Kipron. A melhor brasileira foi a alagoana Marily dos Santos, na 5ª posição, com 2:40:37. 

CINCO MARATONAS E TRÊS VITÓRIAS

Solonei Rocha da Silva tem uma história ainda curta como atleta profissional. Era coletor de lixo concursado na prefeitura de Penápolis, no interior de São Paulo, gostava de futebol, mas também corria. Destacou-se nos Jogos Regionais e Abertos, nos 5 mil e 10 mil metros. Foi indicado, então, para fazer um teste na antiga equipe da Rede de Atletismo, em Presidente Prudente. Em setembro de 2009, começava a parceria com o técnico Clodoaldo do Carmo, que o acompanha deste então.

"Fizemos um teste de 3 mil metros, no qual ele foi muito bem, e passamos a investir na carreira dele", lembra Clodoaldo. Solonei, então, parou de correr atrás do caminhão de lixo para dedicar-se exclusivamente ao esporte. "A evolução foi muito rápida", elogia o treinador. Em dezembro de 2009, já foi o 13º na São Silvestre, depois 6º na Meia de SP e 3º e melhor brasileiro na Meia da Corpore, ambas no começo de 2010.

Na estreia na maratona, em Porto Alegre-2010, a primeira vitória, com 2:15:45. Solonei passava a ser conhecido e os 42 km tornaram-se o foco. Na segunda prova, em Padova, na Itália, em abril do ano passado, o recorde pessoal – 2:11:32, na quarta posição. Marca inclusive que o credenciou à disputa dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, quando obteve a medalha de ouro, com 2:16:37. A meta, então, estava definida: a classificação para a Olimpíada.

Solonei foi à Maratona de Londres para buscar a sonhada vaga olímpica. Sabia que seria sua única chance. O índice foi até alcançado, mas os 2:14:57 insuficientes para garantir uma das três vagas destinadas ao Brasil. Ele sentiu o baque, mas não esmoreceu. Aproveitou para tratar de uma fasciite plantar, que o incomodava desde o ano passado e mesmo sem estar tão preparado como para a prova inglesa, decidiu correr a Maratona de São Paulo. A história final todos já sabem.

Atualmente, divide os treinos entre Bragança Paulista, onde mora, e Jundiaí, na pista de atletismo do Bolão. Treinado por Clodoaldo, é atleta do Pinheiros/Asics. Nos pensamentos atuais, um só objetivo: vestir a camisa brasileira na Olimpíada do Rio, em 2016. Para isso, sabe que precisa ganhar velocidade e buscar tempos baixos nos 10 km e na meia-maratona. (André Savazoni)

MENOS PARTICIPANTES NA MARATONA

A Maratona de São Paulo deste ano teve o menor número de concluintes desde 2005, quando 2.177 corredores completaram os 42.195 m. Agora, foram 2.342 (2.138 homens e 204 mulheres), segundo dados divulgados no site da prova – em 2011 terminaram 3.046 e em 2010, 3.030. Nos 10 km, chegaram 5.122 e nos 25 km, 2.606. O total, somando as três provas, foi de 10.070 concluintes, contra 7,5 mil em 2011. Os resultados completos estão no site www.maratonadesaopaulo.com.br

 

 

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