Ao lado do Japão, os Estados Unidos são os países das maratonas. São mais de 500 provas de 42 km por ano, grandes, médias e pequenas. O mercado é realmente enorme. Tanto que três Majors são nos EUA (Boston, Chicago e Nova York) e uma no Japão (Tóquio). Isso faz também com que haja trabalho de todas as formas. E também golpes. O site Marathon Investigation (www.marathoninvestigation.com) é famoso por “ficar de olho” nas falcatruas nas corridas, no triatlo, nas ultras…
Como exemplo, o Marathon Investigation foi o meio que denunciou o corte de caminho de milhares de corredores na Maratona da Cidade do México. Um total de 5.806 participantes foram desclassificados em 2017 e 3.900 em 2018!
Pois bem, lógico que o site estava de olho também na 123ª Maratona de Boston, realizada no dia 15 de abril! A prova é a “queridinha” dos norte-americanos por causa do índice e da busca pelo Boston Qualifying, o BQ. Isso muda os corredores de patamar. Ter o BQ é um status que rende admiração nesse mercado das corridas. E, logo, um dos denunciados pelo site é um brasileiro, que supostamente concluiu Boston em 3:01:55 em 15 de abril, mas logo foi desclassificado pela organização, a Boston Athletic Association (BAA), por não ter tempo registrado nas passagens a cada 5 km. O tempo de “conclusão”: 3:01:55.
No total, de acordo com o Marathon Investigation e o regulamento de Boston, são 12 registros de tempo e o brasileiro teve apenas dois. No km 5, percorridos em 34:06. E depois no km 40.5, com 2:50:29. Dali até o final, ou seja, a última milha, ele percorreu em 6:42 por km. Sabe quanto dá para fazer 3:01:55? 4:03 por km de ritmo médio!
O brasileiro se “classificou” para Boston com o resultado da Maratona de Chicago de 2017, “concluída” em 3:17:06. O Marathon Investigation achou estranho o desempenho e também foi atrás dos dados, descobrindo que havia apenas uma registro de passagem na prova também. A questão principal, e sem respostas, é como que Chicago não o desclassificou? Isso ainda não foi explicado, ainda mais pois a Contra-Relógio conhece história de outros corredores que realmente fizeram a prova, mas houve problema com o chip e dois pontos de controle não foram computados, o que já rendeu a desclassificação e uma dor de cabeça por semanas até provar por fotos e dados que haviam feito realmente todos os 42.195 m.
Agora em Boston, houve a desclassificação, mas sem antes o brasileiro chegar falando ao celular na reta final (em depoimento de leitora que estava próxima da Finish Line e o reconheceu após a denúncia) e posar, todo sorridente, com a histórica e desejada medalha de Unicórnio no peito! Essas imagens do pós-prova podem ser vistas na reportagem do Marathon Investigation, que pode ser acessada na íntegra, em inglês, clicando aqui.