Sem categoria admin 4 de outubro de 2010 (0) (275)

Síndrome da banda ílio-tibial; Qual freqüência cardíaca? Ar condicionado: pomo da discórdia; Dormência nos pés; Calcificação óssea; Lesão no ombro

SÍNDROME DA BANDA ÍLIO-TIBIAL
Corro há 3 anos e sou assinante da CR há 1. Tenho 48 anos e sinto-me muito motivado a cada vez participar de mais provas, porém devido a mudança de cidade, no início de 2007, venho treinando sozinho e sem orientação de um profissional. Na primeira semana de julho comecei a sentir uma fisgada na parte lateral do joelho direito. Após consultar três ortopedistas, fazer dez sessões de fisioterapia, repouso e mais repouso, as dores persistem logo que corro uns 3 km. Submeti-me a uma ressonância magnética que apresenta a seguinte conclusão: "edema em partes moles na face lateral. Considerar a possibilidade de síndrome da banda ílio-tibial como a mais provável. Iniciei um tratamento de fortalecimento muscular sob orientação de fisioterapeutas e ainda faço tratamento com gelo no local. Tento correr, mas as dores aparecem. De início comecei a tomar o anti-inflamatório "Celebra", mas suspendi o tratamento, pois estava tendo tonturas. Não estou fazendo uso de nenhum medicamento atualmente. A sensação que tenho é que não estou fazendo o tratamento adequado, além de me sentir "agoniado" com essa inatividade. Agradeço um comentário, ao mesmo tempo que o parabenizo pela coluna, e a CR pela excelência das matérias.
Ary Augusto Barbosa, Juiz de Fora, MG

Calma Ary, que você vai sair desta condição. A síndrome da banda ou trato ílio-tibial (STIT), popularmente conhecida como "joelho de corredor", envolve uma inflamação da faixa de tecido conectivo que vai desde a crista ilíaca (saliência do osso do quadril) até outra saliência óssea palpável no lado externo da perna logo abaixo do joelho. Este tecido conjuntivo, chamado de banda (ou trato) ílio-tibial, é conectado a um músculo que pode não estar devidamente alongado ou fortalecido, sofrendo uma espécie de fricção sobre saliências do osso da coxa e evoluindo para um quadro de inflamação local e posteriormente desgaste do tecido, com inchaço (edema), dor e dificuldade para dobrar os joelhos a partir de certo ângulo. Creio que a melhora venha com medidas fisioterápicas convencionais, incluindo o alongamento da região, o que não é muito fácil de ser realizado, eletro acupuntura e trabalho de força com os músculos abdutores da coxa. A medicação antiinflamatória é discutível, e sua eficiência nesta fase não é bem comprovada.

QUAL FREQÜÊNCIA CARDÍACA?
Sou iniciante nas corridas. Um amigo, mais experiente, me disse que para saber qual seria a minha freqüência cardíaca ideal eu deveria fazer o seguinte cálculo: (220 – minha idade) onde 65% deste resultado deveria ser a freqüência mínima e 75% a freqüência máxima, ou seja, variando entre 117 e 135 batimentos por minuto, já que tenho 40 anos. Ocorre que ao iniciar a corrida dentro de um ritmo muito lento (cerca de 6 a 7 minutos por quilômetro), mais um trote do que uma corrida propriamente dita, o meu batimento cardíaco rapidamente atinge a fre­qüência máxima (135 bpm). Ao longo da corrida percebo que poderia aumentar o ritmo, contudo não faço, temendo alguma conseqüência prejudicial ao meu coração. Com base nestas informações pergunto: 1) Esta fórmula esta correta? 2) Se estiver correta, o que devo fazer para conseguir correr em um ritmo mais rápido, dentro da freqüência cardíaca recomendável?
Rodrigo Leinemann, via email

Sua pergunta é muito pertinente, considerando que você é um iniciante nas corridas. Esta fórmula para a obtenção da freqüência cardíaca máxima não está errada, mas existem outras que são utilizadas pelos profissionais de Educação Física, como: FCmax = 208 – (0,7 x idade). A partir daí, obtenha a sua FC de repouso (obtida logo após o despertar, mas sem despertador), e com ela calcule sua freqüência cardíaca residual: FCres = FCmax – FC repouso. Você já está pronto para calcular suas freqüências-alvo para a prática da corrida, com intensidades que podem variar entre 60 e 80% da FCmax: FC alvo = (FC res x intensidade) + FC rep. Obviamente, como você está iniciando nas corridas, sua intensidade de treinamento deve ser leve a moderada, e com a melhora de seu condicionamento físico, ganhará condições de realizar treinos com intensidades mais elevadas. Porém, seja prudente no começo; obtenha previamente uma avaliação clínica e cardiológica, e só então procure um profissional da área de Educação Física para lhe orientar em seus treinos.     

AR CONDICIONADO: POMO DA DISCÓRDIA
Sou corredor de rua há muitos anos e faço diversas atividades em academia. Na que freqüento, na sala de localizada, aeróbica, body jump etc, algumas pessoas pedem para ligar o ar condicionado, assim que os exercícios se intensificam e começamos a esquentar o corpo e suar. Acho isso muito desagradável e incomodativo e muitos, como eu, pedem para que o ar seja desligado. Acho que tem gente que não sabe o prazer de fazer um exercício intenso e transpirar bastante, o que é natural e necessário para o equilíbrio do organismo e os professores deveriam esclarecer essa questão, ao invés de ligar o ar condicionado para agradar a uns poucos. Qual a opinião médico/esportiva para essa prática que existe em todas as academias?
Roberto Pederneiras, Rio de Janeiro, RJ

Concordo com você em gênero, número e grau. O ar condicionado quando ligado em temperaturas muito baixas traz grande desconforto aos praticantes de exercício físico, já que a sensação criada é de frio. Músculos trabalham melhor no calor, e o rendimento do aparelho músculo-esquelético também é melhor em temperaturas mais elevadas. Vocês podem tentar chegar a um consenso, permitindo que se ligue o ar condicionado, porém em uma temperatura mais amena, para que todos possam desfrutar do prazer do exercício físico. Ou, melhor ainda, utilizar apenas ventilação.

DORMÊNCIA NOS PÉS
Venho sentindo dormência nos pés ao longo de algumas corridas, e isso tem me preocupado bastante. Essa dormência é precedida de leves dores nos tendões de Aquiles (ora acontece num dos pés, ora nos dois) e geralmente  entre o 7º e o 10º km de uma corrida, quando imprimo maior velocidade. As duas últimas vezes que aconteceu foi na Corrida de 25 km da Corpore e na última Meia do Rio. Na primeira eu parei por cerca de 4 minutos no km 9 e a dormência passou, já na segunda continuei correndo sentindo a dormência em ambos os pés entre o km 7 e o 12 da prova, até que a dormência passou. Há cerca de dois anos tive esse mesmo problema, consultei um ortopedista que pediu apenas ultra-som dos pés e nada constatou. Tenho receio de continuar correndo com esse problema e ocasionar algo mais grave. Parabéns pela coluna, sou leitor assíduo!
Eduardo Barrille, Osasco, SP  

A dormência nos pés pode representar um acometimento da inervação que segue desde a coluna vertebral até os extremos dos membros inferiores. Você tem ou já teve dores na região lombar? Formigamento nos membros inferiores? Você é diabético? Porém, pensando de forma mais simples, você não está amarrando seus tênis de forma muito apertada, ou se trocou de tênis para algum com forma mais estreita? Não creio que algum exame de imagem dos seus pés seja positivo para alguma lesão estrutural. De qualquer maneira, deixe o cadarço dos seus tênis mais afrouxados e observe se o problema melhora.

CALCIFICAÇÃO ÓSSEA
Atualmente estou passando por um estresse danado, pois de um tempo para cá venho sentindo fortes dores no calcanhar do pé esquerdo. Fui a um ortopedista e após uma ultrasonografia, o laudo foi o seguinte: Tendão calcâneo espessado e hipoecóico por tendinose e focos de calcificação na sua inserção. Na face maleolar evidencia-se o tendão tibial posterior, flexor longo dos dedos e flexor do hálux de configuração anatômica eecogenecidade normal. Tendões fibulares, com topografia normal, sem evidência de líquido em suas sinóvias. Tendão tibial anterior e extensor comum dos dedos com aspecto normal.  O médico sugeriu uma terapia com ondas de choque (ortotripsia), que apenas amenizaria, sendo o melhor a cirurgia. Gostaria de obter uma outra avaliação, através desta consultoria da Contra-Relógio.
José Correia de Figueiredo, Rio de Janeiro, RJ

A tendinose do tendão calcâneo que você apresenta ao ultrasom é uma lesão degenerativa do corpo do tendão de Aquiles, no qual já não se encontra mais um processo de inflamação, portanto a terapia antiinflamatória é discutível nestes casos. Seu quadro clínico é compatível com a tendinopatia do tendão calcâneo, cursando com dor, inchaço, crepitação, diminuição da mobilidade do tornozelo e até da força muscular. Os focos de calcificação encontrados no seu exame de imagem não são tão comuns, mas podem existir.  Acredito na linha de tratamento conservador, pelo menos no primeiro momento, através de medidas fisioterápicas efetivas, eletro acupuntura, e até a ortotripsia, mas não recomendaria procedimentos cirúrgicos antes disso. Os exercícios de fortalecimento muscular, alongamento e propriocepção (equlíbrio) são muito importantes na fase em que o paciente esteja sem dor, sobretudo exercícios de contração muscular excêntrica, nos quais o músculo faz força enquanto é alongado. 

LESÃO NO OMBRO
Tenho uma amiga que apresenta a lesão slap no ombro direito e não quer operar, e inclusive está gostando de correr. Quais os exercícios que ela pode fazer para este quadro de lesão?
Roseli Norberto, Passo Fundo, RS

Sua amiga tem uma lesão que afeta o prolongamento da cobertura cartilagínea da articulação do ombro, chamada de labrum, em sua porção anterior e posterior. Parece complicado, porém é uma lesão de partes moles, ou seja, não envolve o osso, que tem um tratamento cirúrgico em casos mais graves. Como ela não quer ser operada, creio que os melhores exercícios envolvem o fortalecimento da musculatura ao redor da articulação do ombro, porém sem provocar dor, e evitar atividades contínuas com os braços abertos além de 90°. A corrida não vai lhe prejudicar, e manterá sua amiga fisicamente ativa, o que é um aspecto importante.

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