Eu poderia dizer que estou extremamente realizado pelo sub 3h de domingo na Maratona de Buenos Aires depois de muito treinamento. Um sonho alcançado. Demorei um dia para escrever porque, claro, tudo tem de ser difícil, meu chip deu pau nas últimas duas passagens, mas o resultado já está acertado pela organização – 2:59:55 (2:59:57 no bruto).
Que encaixei o ritmo desde o início e que até o km 35 foi tudo fluindo muito bem. Sem deixar de fazer força, mas me segurando para não fazer besteira, não empolgar.
O clima ajudou bastante. Não fez o frio que todos esperavam, mas o fato de estar nublado e úmido, foi positivo. Além do vento contra ter sido somente na primeira metade. Tinha medo da região do porto, mas havia apenas uma leve brisa.
Os últimos sete quilômetros foram na raça, principalmente os três finais. Que do km 41 até a chegada fiquei orgulhoso da força mental que tive para acelerar e buscar o resultado.
A maratona, realmente, é uma prova única. Inesquecível. Cada uma que você completa, torna-se diferente. Um momento que precisa ser sentido. Já são sete. E não vão parar por aí.
Tudo isso não é novidade alguma. Cairia no lugar comum. Mas esse texto não vai falar sobre isso. Serve para homenagear uma pessoa.
Na vida, você passa por relacionamentos, apaixona-se, sofre, chora, sorri, diverte-se… agora, encontrar uma companheira, para qualquer momento (qualquer um), é um privilégio maravilhoso. Uma bênção.
Para chegar a esse sub 3h, a dedicação é imprescindível. Nem preciso dizer. Não sou atleta profissional. Tenho família, não dá para fazer sozinho. Há sempre os acordos, os ajustes, a troca de favores e gentilezas. O aperto nas despesas, o corte de gastos…
Treinar cinco, seis vezes por semana. Semana após semana. Ano após ano. Fazer os longões de sábado, conciliando os horários. Como também foi mordida pelo “bichinho da corrida”, quando a coisa pega, ela não pode ir treinar com as amigas, já que tem as crianças… Sexta (feriado) ou sábado que vem, o longão é seu, prometido!
Na noite de sábado, recebi mensagens de incentivo, carinho e apoio dela.
Durante os 42.195 m em Buenos Aires, ela esteve comigo. Na minha mente e no meu coração. Me empurrando.
Nos últimos três e sofridos quilômetros, quando tinha de buscar forças sei lá onde para apertar o ritmo, era nela que pensava. Senti sua mão me puxando, me aplaudindo, me incentivando, sem querer nada em troca. Como faz todos os dias. Há dez anos.
Mari, minha companheira de vida, sem você, esse sub 3h não seria alcançado. Essa conquista é nossa. Obrigado por tudo.
PS – Quero aproveitar para fazer duas menções honrosas.
Ao meu treinador, Marcos Paulo Reis, que sabe me aturar (competir demais, treinar às vezes mais forte do que deveria, dar uma “esticadinha” nos longões), fazendo de conta que não sabe! Uma parceria que encaixou. Que venha a próxima maratona!
E ao grande Juan Carlos Asef, um embaixador dos amigos em Buenos Aires, dando toda a atenção, levando passear, contando histórias sobre a política e cultura argentinas, apresentando realmente a cidade. E que neste final de semana teve um papel ainda mais primordial. No sábado, levando eu e o Danilo Balu até a entrega do kit, fazendo um reconhecimento dos dez últimos quilômetros da maratona (que foram determinantes no domingo) e, no dia da largada, nos colocando na frente. Sem deixar de passar o último conselho: “Façam a prova de vocês. Não se empolguem com a elite aí na frente. Corram no ritmo de cada um”. E na chegada, estava ele lá, torcendo por meu sub 3h e correndo para me abraçar. Juan, muito obrigado.