20 de setembro de 2024

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Sem categoria André Savazoni 11 de abril de 2016 (1) (120)

Rumo a Boston: relembrando a estreia, há quatro anos. Momento único

O momento está chegando. Os brasileiros começaram a viajar ontem, como Solonei Rocha da Silva, e irão pegando os voos de hoje a sexta-feira. Daqui a menos de uma semana, todos estarão correndo a Maratona de Boston. Transcrevo, aqui, o texto que escrevi na emoção da estreia na centenária prova norte-americana, um dia muito atípico, quente, mas inesquecível. Dizem que a emoção da primeira vez em Boston é única. Confesso que estou indo para a quinta participação e em todas me emociono demais, de formas diferentes, mas não menos intensas. Para, então, aumentar a ansiedade e a expectativa, segue a crônica de 16 de abril de 2012.

“Boston é a maratona das maratonas? Hoje, depois de percorrer as 26.2 milhas da prova americana, posso garantir com toda a certeza que sim. Possui um charme que não encontrarei em lugar algum. Já corri Nova York? Não. Mas Boston é feita pelas famílias, que literalmente abrem suas casas para a passagem dos corredores há 116 anos. Esse é o diferencial. É o staff dos staffs. Com água gelada, apoio irrestrito, sorvete, duchas, esponjas, palavras de incentivo, respeito… Essa Boston dos sonhos, porém, também pode ser um pesadelo. Cruel. E bem quente. Como foi nesta segunda-feira, 16 de abril de 2012. Mas, já dianto, faria (e farei) tudo novamente!

Boston é diferente de tudo porque não é corrida na área central, mas sim nos vilarejos (seriam bairros, mas aqui tratam como cidades) percorridos nos 42 kms. Sem grades na ruas nem nas casas, sem qualquer separação física, com o público literalmente dentro da prova. Isso é Boston. Inclusive, foi esse público que garantiu que, não só que eu completasse a prova com todas as dificuldades e sofrimento, como os outros participantes.

Dentro da cidade de Boston, você corre as últimas três milhas, para arredondar. O restante, é no coração dos moradores. Algo impressionante e inesquecível. Por mais palavras que eu encontre para descrever, só uma confirmação posso te dar: treine muito, acerte uma maratona, tenha o Boston Qualifying (BQ), separe um bom dinheiro para a viagem e corra a prova. Vale muito a pena. Só assim poderá senti-la. Boston é uma prova para vivenciar, para vestir a camisa e curtir.

Nesta segunda-feira, na prova mais quente em 116 anos (por que não ganho na Mega-Sena, já que tenho tanta “sorte” com maratonas no calor?), Boston mostrou ao mesmo tempo seu lado cruel. Sabe aquele desenho de criança do Pica-Pau com o anjinho aconselhando e o diabinho mandando ver? Foi a analogia que encontrei para representar o que foi a prova. O sonho e o pesadelo juntos, lado a lado, desde a largada às 10h com 26,7ºC e só esquentando, até os 32°C, sem brisa, sem sombra, sem refresco. Se acham que estou exagerando, os vencedores fizeram 2h12 no masculino e 2h31 no feminino, então….

Mantive uma prova constante, até o km 15, dentro do programado para sub 3h, mas não seria possível.O corpo poderia entrar em colapso (e não tenham dúvidas, teria entrado). Segurei, fechei a meia em 1:32:00 e decidi, ao cruzar o tapete das 13.1 milhas, que em termos de desempenho, a Maratona de Boston terminava ali para mim. O restante, seria curtição (na medida do possível, claro). Batendo mão nas criancinhas, tomando sorvete (dois picolés) e um geladinho (chup-chup em alguns estados) para refrescar, colocando gelo no boné, na nuca, pegando água gelada da população, tentando de alguma forma “esfriar” o radiador. E tudo isso entregue pelo público, a grande alma de Boston.

Fechei em 3:26:13, em termos de tempo, bem acima dos 3:09:28 que me levaram a Boston (ou dos 3:09:34 de Punta de Este, ambas em 2011), ou do sub 3h que estava preparado, mas nunca tinha sentido durante a prova e, principalmente, nas últimas três milhas, festejando, fazendo “aviãozinho” como o Vanderlei Cordeiro de Lima, festejando com os punhos cerrados, cantando com a população, cruzando a “Finish Line” tão sonhada e, 100m à frente, chorando como uma criança. Nem sei de onde veio a água, já que estava com o corpo seco! Foi inesquecível, emocionante e, apesar do sofrimento, do corpo pegando “fogo” até agora mesmo com várias cervejas, às 23h quando escrevo este texto, faria tudo de novo. Boston é realmente tudo o que falam e mais um pouco. Pode me aguardar, dona Boston, que irei voltar. Mas, na próxima vez, já que esperou 116 anos para esse calor, por favor, me dê um bônus!”

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One Comment on “Rumo a Boston: relembrando a estreia, há quatro anos. Momento único

  1. Para mim essa primeira vez em Boston está batendo como se fosse a primeira maratona! Não vejo a hora e largar!

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