20 de setembro de 2024

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Sem categoria André Savazoni 14 de abril de 2016 (4) (226)

Rumo a Boston: foi o ano mais complicado, mas ao mesmo tempo de maior expectativa

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Boston nesta quinta-feira: céu azul para os maratonistas Crédito: David Homsi

Estar em Boston não é algo fácil. Foram meses de preparação e chegou o grande dia. Daqui a pouco, eu e a Mari Savazoni partimos para o aeroporto. Nesta sexta-feira, por volta das 10h, estaremos respirando o ar frio da cidade, mas ao mesmo tempo quente e revigorante do ambiente da maratona. Será a minha quinta participação e a estreia da Mari. De todas, a mais difícil para chegar, mas ao mesmo tempo a que cria a maior expectativa. Por inúmeras questões, principalmente financeiras, só tivemos realmente a certeza há poucos dias, por isso, a vontade está triplicada.

Montar a logística e o planejamento para Boston exige meses de preparação, corte de gastos, dedicação, ansiedade… Por opções de vida, como fazer uma nova faculdade, de Educação Física, no meu caso e ter mais tempo para acompanhar o dia a dia dos filhos, principalmente para a Mari, influenciam nesse aspecto.

Sentimos, também, na pele, como é a relação entre marketing, patrocínio e esporte no Brasil. Dedicamos tempo e centenas de horas para esse projeto “Rumo a Boston”, que você está acompanhando há praticamente três meses. Buscamos parcerias de diversas formas, sendo muito bem recebidos e elogiados, porém, na hora de concretizar… Temos algumas conversas excelentes encaminhadas, mas nada fechado ainda 100%. Uma pena.

Treinamos durante bastante tempo, com muita vontade e dedicação, mas só tivemos mesmo a certeza que estaríamos em Boston há poucas semanas, por isso, a gana de correr é muito maior.

A maratona, para nós, é um estilo de vida, um aprendizado para o cotidiano, realmente, uma escola. Levamos todos esses fatores para o trabalho, relação familiar e de amizade, para os filhos…

Ontem, na academia, lendo enquanto pedalava uma entrevista do Drauzio Varella, bem antiga, de cinco anos atrás, ele comenta sobre essa “dor” da maratona, o desgaste, o sofrimento dos treinos, diz que usa a metáfora inclusive no tratamento dos pacientes de câncer. Respeito demais o dr. Drauzio e não discuto a questão da “dor” no sentido figurado (algumas vezes, realmente, no sentido real), porém, está longe de ser sofrimento. É uma opção. Ao escolhermos treinar realmente com afinco para uma maratona, tudo fica menor. Não pode nem deve ser uma obrigação. Dessa forma, com o poder de escolha, por mais difícil que seja o treino, é um prazer, uma sensação indescritível de bem-estar.

E, assim, chegamos nesse momento. Nesta manhã, fizemos, juntos, eu e Mari, o último treino de 7 km. Abaixo de ritmo de maratona para ela. Um pouco mais fácil para mim, Porém, ritmados, juntos, passos repetidos, como se fosse ensaiados, como se  fossemos um só. Foi dessa forma que caminhamos até chegar aqui. Em uma unidade.

Como o percurso de Boston, foram subidas e descidas nesses cinco meses de preparação. Em alguns momentos bem íngremes como nas cirurgias do Pedrinho devido à fratura no braço. Ficaram para trás. Ainda não está 100%, mas bem perto disso. Na falta de tempo, na hora de fazer contas, de procurar organizar a questão financeira, de buscar alternativas, de trabalhar, de cortar gastos, de criar projetos e fazer reuniões.

Mas, como faremos na segunda-feira, dia 18 de abril, na 120ª edição de Boston, fomos encarando as subidas de frente, bebendo água e respirando, acelerando quando possível nas descidas, mantendo o ritmo da vida, curtindo cada detalhe dos treinos, vivendo a incerteza se chegaríamos ao final (estar realmente em Boston). Numa prova de 42 km, para quem já correu, não é assim mesmo? A metáfora da maratona com a vida não é algo distante, impossível de refletir. Basta parar um pouco e deixar a mente fluir.

Assim, nessas últimas linhas, escrevo o texto final da série em solo brasileiro. O próximo será produzido diretamente de Boston, que hoje, como você pode ver na foto enviada pelo amigo David Homsi, que acompanhou inloco, desde 2012, essa nossa experiência na maratona norte-americana, amanheceu com céu azul, brilho do sol e ar gelado, com 8°C em média. Chegou o momento. Uma boa viagem para quem embarcará hoje ou amanhã. Até daqui a pouco, em Boston.

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4 Comments on “Rumo a Boston: foi o ano mais complicado, mas ao mesmo tempo de maior expectativa

  1. Uma boa viagem para vocês André e Mary. Acompanhei muito os seus treinos pelas redes sociais e textos. Vocês já venceram esta prova, e assim como na vida irão vencer juntos muito mais! Admiro muito vocês e me espelho. Estou na torcida! Divirtam-se muito!

  2. Mais um texto excelente, muito legal André!
    Também acompanhei diariamente os posts aqui no site da Revista, só tenho a dizer que estão sendo essenciais; dia 24 em SP, após 4 anos neste mundo viciante das corridas, vou fazer minha primeira Maratona…e posso afirmar com toda certeza que vocês estão servindo como exemplo de determinação, de paixão…Parabéns, boa viagem, boa prova! Que Deus acompanhe vocês e cuide de todos os detalhes. Estarei aqui na oração e na torcida!

  3. Parabéns André. Prá mim, só em 2017. Porém eu já me garanti. Fiz o indice em Santiago, dia 03.

  4. Excelente viagem para você, André, e para a Mari.
    Para que opta em correr maratona, não está escolhendo somente uma distância, mas sim um estilo de vida, pois ser maratonista requer planejamento, dedicação, muitas renúncias, mas colhemos com esta escolha muito aprendizado e alegrias!
    Divirtam-se!

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