Sem categoria André Savazoni 3 de fevereiro de 2016 (3) (230)

Rumo a Boston: Emoções e vivências diferentes nesses quatro anos

Boston_AndreMinha estreia em Boston foi em 2012, meio que por acaso. Tinha corrido duas maratonas (São Paulo na estreia e Curitiba em 2010) e fui para Porto Alegre para baixar o tempo. Ao fazer, na época, 3h09, me avisaram que era índice. A partir daí, então, comecei realmente a entender o que era a maratona norte-americana. A Mari também estreou, mas como torcedora, tendo uma visão diferente: do lado de fora, de acompanhar a chegada e, claro, que nesse meio tempo, temos a bomba!

Na viagem em 2012, sinceramente, já conhecia as histórias de Boston, a tradição, mas, hoje, posso dizer com tranquilidade, não conhecia nada. Para ter essa sensação completa, só estando lá. E, adianto, vale à pena. Foi o ano do calor atípico, da cidade florida, das pessoas nas ruas (tradicionalmente, está frio, ainda a transição do inverno para a primavera, com os parques cinzas e marrons, com as árvores sem flores, com os esquilos ainda meio “ensonados”. Esse ano foi diferente. Uma imagem que nunca mais vi em Boston na época dos 42 km.

A Mari, também, começou a se apaixonar pela cidade e por todo o ambiente nesses dias. Ao ficar, depois, mais de três horas na Boylston Street vendo os corredores chegarem. Os de handcycle, a elite e, finalmente, os amadores. Nesse momento, aquela “picada” dos 42 km começou a fazer mais uma vítima. Talvez nem ela soubesse, mas a contaminação era sem volta (mas isso, no texto de amanhã, ela irá contar com mais detalhes, nas palavras e emoção dela). Para mim, foi até hoje a maratona que mais me diverti. Sem me preocupar com tempo, com nada, fiz festa, tomei sorvete, brinquei com as crianças e sorri por 42.195 m. Estava completamente apaixonado.

Mari_BostonEntão, ao acabar Boston no calor, eu tinha uma certeza: queria voltar. Iria emendar os treinos e buscar um novo índice em Porto Alegre, um mês depois. O que acabou dando certo. E, para 2013, foi o ano em que cheguei melhor preparado aos EUA. Também foi um ótimo aprendizado. Aqui, calor. Lá, muito frio. O corpo sentiu. Não tomei os cuidados necessários. A famosa “janela de imunidade” fazia uma vítima. Febre, mal-estar, mas consegui correr bem a prova. Meu melhor resultado em Boston, 3h01. Mas isso tudo ficou em segundo plano. Foi o ano da bomba, do atentado terrorista.

Por sinal, foi o período em que ficamos mais tempo em Boston. Nosso voo de retorno ao Brasil seria apenas no outro sábado, ou seja, vivemos todos os momentos daquela semana fatídica. Trabalhei muito, enviando notícia e fotos para o jornal que trabalhava na época, dei entrevistas, acompanhei a perseguição, a tristeza das pessoas, o pedido de desculpa dos moradores de toda a região para a gente, choramos, gritamos, nos revoltamos… E, lá, também, tivemos duas certezas. Que voltaríamos em 2014. Com as crianças. A segunda, da Mari, já completamente “adoentada”, o que ela tanto negou, já era uma convicção: ela iria correr maratonas. Mas não somente isso, ela iria correr e um dia estaria ali, em Boston (mas, opa, essa é a história de amanhã).

Em 2014, com as crianças, tivemos uma outra visão de Boston. A visão, também, das gerações que moram lá. De acompanhar todo o ambiente com os pequenos, de fazer cartazes, de escrever mensagens, de correr pelos parques, de perseguir esquilos, de brincar, de torcer e ter o exemplo dos pais. Uma diversão única. Tanto que adoramos e nos apertamos financeiramente para que as crianças nos acompanhem nas viagens, que tenho essa experiência. Os dois são tão apaixonados por Boston como nós. Se perguntarem, hoje, onde querem morar (claro que Disney não conta, não é cidade), Boston estará na ponta da lista.

A última participação até este momento foi a única em que estive sozinho, em 2015. Curti demais a cidade e o ambiente, porém, a experiência acabou sendo também interessante. Como me machuquei na véspera da viagem (uma ruptura muscular) sabia que correr forte, de fazer tempo, era apenas um sonho. Não tinha condições físicas, mas Boston não é um local para ir e parar. E corri mais atrás, vi um outro ambiente, pude verificar na prática que a estrutura médica e de apoio por trás de uma Major é impressionante, sem falar no nível do atendimento e respeito das pessoas envolvidas. Uma aula de como fazer.

Em 2015, também, já sabia que a Mari tinha feito o índice para 2016. Eu também. Ou seja, a certeza que voltaríamos, juntos, para uma quinta e, novamente, diferente, experiência, com os dois com a classificação e os dois correndo juntos pelos 42.195 m mágicos de Boston.

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3 Comments on “Rumo a Boston: Emoções e vivências diferentes nesses quatro anos

  1. Me lembro muito de ter acompanhado a rotina de treinos do Iberê para essa prova. Alguns amigos das antigas comentavam sobre Boston nas rodinhas após os treinos.
    No dia da prova, acompanhando tudo por twitter, me lembro das pessoas comentando de vc, do iberê. Daí, me lembro de vc comentando nos podcasts da contra-relógio, enfim, a coisa cresceu muito, e vc foi o responsável.
    A minha vontade de correr Boston, nasceu nessa época.

  2. Muito legal seu relato André… Neste ano estarei acompanhando vcs dois pela net e na torcida pelos RP, que com certeza, virá para os dois!!!! Abraços!!!

  3. Gostoso de ler esse relato. Torço muito por vocês! A gente acompanha de longe todo o empenho e rotina de vocês, e claro, com toda essa dedicação e disciplina, só pode terminar com bons resultados!
    Sucesso!!! Bjs

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