19 de setembro de 2024

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Sem categoria André Savazoni 1 de março de 2016 (6) (101)

Rumo a Boston: análise sobre mais uma maratona no Brasil e em São Paulo

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Crédito da foto: Asics/Roosevelt Cássio/Boliche Filmes e Fotos

O impacto foi positivo. Com exceção dos problemas no site oficial devido ao grande acesso (o que deveria ter sido previsto antecipadamente), a “chegada” da São Paulo City Marathon, a prova de 42 km da Asics, foi recebida de braços abertos. Porém, não podemos analisar alguns fatos e comparar dentro dessa série do Blog, intitulada Rumo a Boston, que trata não apenas da centenária corrida dos Estados Unidos como também dos eventos ao longo do mundo. Há prós e contras? Com certeza.

Vamos pensar mundialmente. Quando você fala da Maratona de Nova York, o que lhe vem à cabeça? E a de Buenos Aires? E a de Berlim? E a de Chicago? E de Barcelona, Roma, Madrid, Viena, Tóquio, Londres, Paris, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Santiago… Em uma única prova, correto? Ninguém responde, mas qual? Qual Maratona de Pari? Qual de Boston? Qual de Nova York? Pelo menos, eu penso assim e acredito que a maioria também. Mesmo que em alguns locais até existam provas menores de 42 km, como em Nova York e Paris. Mas são “complementos”. A partir desse ponto, caberia duas grandes maratonas nesses locais citados? Não dividiria as atenções, o público? Então, por que duas em São Paulo?

Veja, não estou nem comparando organizações ou percursos no caso de São Paulo. Se a Yescom/Globo é melhor que a Iguana/Asics. Nesse Fla-Flu sem conteúdo. Apenas pensando em provas de 42 km. Já não temos maratonas suficientes no Brasil e maratonistas de menos? Um novo evento fará aumentar o número de pessoas treinando e correndo maratonas ou irá apenas dividir os corredores mais um pouco? Quem iria para Porto Alegre desiste para ir para a City Marathon? Quem faria São Paulo agora em abril adia a prova para julho? Quem ficou sem inscrição no Rio neste ano ganha uma opção? São questões sem uma resposta definida, mas que precisam ser colocadas na mesa.

Um grande prova, quando surge, isso em todo lugar do mundo, pensa também nos turistas e nos pontos turísticos. Se bem que São Paulo, pelo número de corredores, já seria suficiente para um volume grande nos 21 km (como sempre ocorreu nas etapas da Golden Four). Agora, largando no Pacaembu e terminando no Jockey, por mais que a organização monte um esquema, deixa o evento um pouco mais trabalhoso. Exemplo: as largadas serão às 6h. Para deixar o carro na chegada e voltar para a largada, será preciso estar por lá ao redor de 4h. Se for o contrário, correr até o final e voltar, terá a espera dos horários do sistema de transporte. Quem é de São Paulo, se vira. Quem é de fora, terá de se planejar muito bem.

Quanto ao percurso, passando pelo Minhocão, subindo e descendo a Brigadeiro, cruzando viadutos, não é o exemplo de prova rápida, como sempre defendeu a Asics nesses cinco anos (inclusive, deixou os 21 km em São Paulo bem mais complicados), mas isso é uma questão de escolha. Nesse ponto, o trajeto está definido. Não gosta de subida, não vai. Só corre prova plana, fica em casa. Não há o que comentar. Poderia ser diferente? Sempre pode. Você deixa de sonhar com Nova York por que tem muita subida? Claro que não. Agora, as negociações com secretarias de trânsito, ainda mais no Brasil (em nenhum lugar é fácil), sempre são “suadas”.

Para terminar, voltando ao início desse texto, o que também têm em comum todas as provas que eu citei acima? A tradição. E o que faz parte da tradição? A data. Você sabe, com variação de um final de semana ou alguma exceção, o mês e a data aproximada da realização da maratona. Assim, pode se programar. Nova York, no primeiro domingo de novembro. Boston, na terceira segunda-feria de abril. Berlim, no último domingo de setembro. Barcelona, no segundo final de semana de março. E por aí vai. A data da São Paulo City Marathon, no último domingo de julho, é tradicionalmente (pelo menos nos últimos anos) da Maratona do Rio. Que neste ano mudou por causa da Olimpíada. Assim, teremos duas provas no mesmo dia em 2017? Tudo vai mudar de novo? Como se planejar? Mais um tema que não tem uma resposta fechada, mas está na mesa para as opiniões.

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6 Comments on “Rumo a Boston: análise sobre mais uma maratona no Brasil e em São Paulo

  1. Excelentes apontamentos André.

  2. A Maratona do Rio tem tido várias datas nos últimos anos, em 2013 foi dia 7/7, em 2014 por causa da copa foi no final de Julho (a mesma data de 2013 coincidiria com a final da Copa), em 2012 foi 8/7, em 2011 17/7. A Maratona do Rio é que não tem uma data fixa, já a Asics promete sempre usar final de julho/início de agosto como referência.

  3. Bons apontamentos, concordo. Mas, sem defender gregos e troianos falar em percurso, data, tradição (OMFG!), e até proposta do circuito (que se modificou desde 2012, não apenas para os mais rápidos, mas TAMBÉM para aqueles que queriam fazer sua estréia de meia), de uma prova centenária como Boston de uma prova cuja quaisquer informações oficiais só temos há menos de 24 horas. Puxado.

    Eu vejo pelo lado positivo. Não é Qq maratona que está pra acontecer, é uma cujo, a despeito de erros ali e acolá, se tornou padrão-ouro de meias maratonas em menos 5 anos. E o projeto de virar uma maratona já não é de hoje. Devíamos dar o benefício da dúvida, sim, ver com bons olhos. Quem sabe o sucesso de uma maratona Asics não impulsiona que as outras maratonas saiam da sua zona de conforto medíocre e temos um desenvolvimento na organização de corrida no Brasil. Talvez, não mais que talvez, uma das principais, se não mais a principal gap entre Qq maratona brasileira e a sua venerada Boston.

    Tempo ao tempo, enfim. A hora Eh de treinar, seja para maratona ou para mim, que não pensava em fazer uma meia e agora vai fazer 2.

    ABS

    N.

  4. Concordo com o Nelton: vamos dar tempo ao tempo. A grande procura já no primeiro dia mostra que, apesar de termos mais maratonas do que corredores, os atletas estão sedentos por novidade. Principalmente novidades que elevem o nível da organização das provas e de provas que pensem no atleta comum, que é quem faz a festa.

    Sobre começar em um lugar e terminar em outro, não há motivo para tanta crítica e sofrimento. Largada e chegada ficam relativamente próximas de estações da linha amarela do metrô. Dá para deixar o carro na Paulista, por exemplo. Creio que com o tempo, a organização pode até facilitar o acesso ao metrô.

    Interessante é que quem vai correr Nova York também tem esse “problema”: acorda cedo e num frio maior do que aqui para pregar o ônibus ou a balsa até a largada. Espera um tempo sentado do chão pela largada. No fim, caminha um bocado até sair do Central Park e ainda tem de pegar o metrô até o hotel. Não vejo ninguém colocar isso como problema.

    Por fim, provas tradicionais começaram pequenas também. Ainda não dá para comparar uma major com o que temos aqui, mas as provas daqui tem de evoluir. Lembremos que corrida é um esporte democrático. Não é todo mundo que pode pagar o preço de tudo que está envolvido em uma major. Precisamos ter boas opções aqui e com preço acessível.

    A atitude da organização desta nova prova é no mínimo corajosa. Vamos torcer para que essa coragem se traduza em qualidade. E que sobreviva a prova que for melhor para os corredores. Ou: que vença o melhor.

  5. O que essas maratonas grandes lá fora têm em comum também é que o povo e o poder público apoiam. Lá eles vivem a prova e tudo que envolve. Passa essa impressão, pelo menos.

    Por aqui, tem que largar às 6h por causa do trânsito. O pensamento ainda é meio limitado. Tomara que essa maratona da Asics consiga mudar um pouco isso.

  6. Fábio e Nelton, concordo com os pontos. Tanto que comentei, não escrevi sobre certo ou errado, apenas levantei alguns pontos exatamente para isso, discutirmos.
    Só dois fatores me chamaram a atenção neste primeiro momento (os outros, com certeza, temos de aguardar os meses para sabermos). O fato de não terem se preparado para o acesso enorme ao site (o que era óbvio e já tínhamos conversado há semanas) e no regulamento, não há nada que fale de trasporte ou esquema largada ou chegada (como tem em Nova York citada pelo Fábio). Pode ter a divulgação depois? Sim. Por isso, a frase de que vamos aguardar.
    Um complemento a mais, como citou o Fábio, comparar o transporte público (metrô principalmente) com o de São Paulo não dá. Fora isso, como citei, a diferença nisso é para quem é de fora da cidade, para o turista ou até para pessoas da Grande SP (terão de usar carro).
    Eu torço, como o Nelton falou (mas sou bem descrente) que uma ótima organização da City Marathon crie “filhos”. Porém, em cinco anos, tivemos o exemplo das largada separadas por ritmos na Golden Four (somente para citar um ponto) e fora a Corpore, que já fazia isso bem antes nos 21 km, quem mais “copiou” ou “seguiu” nos 21 km? Nem a do Rio (junto com a maratona) que é um sucesso de público, tem isso (fora o pelotão que você paga para largar na frente…)
    Abraço
    André

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