20 de setembro de 2024

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Sem categoria André Savazoni 8 de abril de 2016 (0) (144)

Rumo a Boston: Ana Lucia da Silva e o puro prazer da corrida

12939127_998674743556161_1571733782_n (3)Ana Lucia da Silva, de 45 anos, ou melhor, Ana Corredora, mora em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Como muitos corredores pelo Brasil, seguir planilhas não é com ela. “Eu sempre digo e repito, correr para mim é puro prazer”. Começou há seis anos, de forma toda errada, como ela mesma afirma, o que acabou interrompendo essa relação da corrida por 1 ano e meio. Mas com determinação e tratamento, voltou às ruas e às montanhas. Assim, correndo, chega a Boston, o que considera uma honra. “Por causa da corrida tive, e tenho, oportunidade de conhecer cidades, países e pessoas incríveis.” Ana é mais uma personagem entre os 154 brasileiros inscritos na edição 120.

“No final de 2009, levantei em um sábado e disse: Vou começar a correr! Assim mesmo, do nada. Estava naquela fase que me achava megagorda (sendo que nunca fui!), mas queria uma forma rápida de eliminar peso, por isso correr era a coisa mais lógica a se fazer. O problema é que estava sedentária há mais 25 anos. Jogava vôlei quando mais nova, cheguei a ser federada no esporte (dos 8 aos 12 anos). Minha carreira foi interrompida quando machuquei o joelho em um treino e depois disso nunca pude jogar.

Então levantei e fui até o Horto Florestal, morava próximo na época, e comecei intercalando caminhada com corrida.  Fiz isso em um final de semana e no seguinte. Depois de duas semanas, estava inscrita em uma prova de 10 km. Cheguei ao local da corrida e fiquei alucinada com toda aquela agitação. Escutava os papos dos corredores e apenas imaginava do que eles estavam falando! Eram tantos assuntos sobre provas, distâncias, tênis, roupas, relógios… Veio a largada e foi incrível. Terminei a prova em 57 minutos. Na época eu nem sabia se isso era muito ou pouco para uma pessoa que treinou dois finais de semana e estava correndo pela primeira vez.

Quando estava indo embora, um corredor puxou conversa comigo e perguntou sobre o meu tempo. Eu disse que era a minha primeira prova e que havia treinado dois finais de semana. Infelizmente, não lembro o nome dele, mas ele com certeza foi um peça fundamental na minha trajetória na corrida. Ele disse que o que fiz tinha sido excepcional. Disse para eu investir em treinos e em um tênis correto porque eu tinha futuro nas corridas!

Comecei a correr aos 39 anos. O que era para ser uma forma de eliminar peso rapidamente se tornou um vício saudável. Eu posso afirmar que corro por puro prazer. Em menos de três meses,  corri a primeira meia-maratona e em menos de 1 ano a primeira maratona! Mas como em tudo que começa errado, como foi o meu caso, alguns acontecimentos no meio do caminho começaram a aparecer. Eu corri com o tênis errado por muito tempo e realizei provas longas em um espaço de tempo muito curto. Sem falar que comecei a participar de provas de montanha. No meio disso tudo, ainda tem o detalhe que tenho condromalácia. Com as corridas se tornando cada vez mais frequentes e viagens para correr começando a fazer parte da rotina, os joelhos doíam cada vez mais e ficavam inchados constantemente.

Resumindo, em uma prova de montanha 21 km, em junho de 2012, rompi o ligamento do meu tornozelo. Eu já estava com fratura por estresse no tornozelo, mas isso não foi o suficiente para que eu parasse e cuidasse da lesão. Toda a minha recuperação e volta às corridas demoraram 1 ano para as provas de rua e mais 6 meses nas de montanha. No total, 1 ano e 6 meses de pura determinação para voltar a correr. A minha volta foi na Maratona de Santiago em 2014. Terminei em 4h08. Nunca chorei e vibrei tanto em uma chegada!

No final de 2014, entrei para um grupo de corredores da minha cidade, Franco da Rocha, e conheci o Mauro Rezende.  Ele tem no currículo quase 40 maratonas e já foi corredor profissional. Ele me passou várias técnicas de corrida. Ele briga comigo até hoje por não seguir planilhas. Eu não faço tiro, treino lançado, ritmado…ou seja, eu só corro! Eu sempre digo e repito para ele, correr para mim é puro prazer!

Em 2015 fui para a Maratona de Lima, no Peru. Baixei 20 minutos em relação a Santiago. Terminei em 3:48:14. Fiquei em êxtase! Passei ainda os 10, 15 e 21 km também com minhas melhores marcas. Foi com o tempo conquistado em Lima que consegui o índice para Boston, outra façanha que nunca tinha passado pela minha cabeça. Muitas pessoas podem pensar: “Qualquer um pode correr em Boston”. Mas eu discordo. Eu sou amadora e, como muitos corredores amadores espalhados pelo Brasil e pelo mundo, acredito que conseguir o índice é uma honra!

No dia 18 de abril vou correr a minha quinta maratona e será em Boston. Feliz?  Muito. Porque cruzar a linha de chegada de uma maratona é a conquista de todos os nossos sonhos e objetivos. Eu corri uma ultra no ano passado, de 50 km de montanha, e a chegada foi uma conquista de vida.  Depois que cruzamos provas que exigem de nosso corpo e, principalmente, levam nossa mente ao extremo, percebemos que tudo que quisermos realizar e conquistar é possível. É isso que a corrida significa para mim. Vontade de viver cada dia intensamente e ir atrás dos meus sonhos. Por causa da corrida tive, e tenho, oportunidade de conhecer cidades, países e pessoas incríveis.”

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