21 de setembro de 2024

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Perfil admin 10 de março de 2015 (0) (113)

Roselaine Silva: o novo nome das corridas brasileiras

Moça de sorriso largo, conversa boa e asas nos pés. Assim é Roselaine de Sousa Silva, corredora que começa a escrever seu nome na história do atletismo brasileiro. No ano passado ela foi campeã do Ranking Caixa CBAt de Corredores de Rua, título só decidido na São Silvestre, a última de 29 etapas da competição. Roselaine somou 515 pontos, três a mais do que Marily dos Santos. "Foi uma conquista difícil. Mas acreditei no título até o último metro da última prova e acabei recompensada. Nunca vou esquecer", diz.
O Ranking de Corredores de Rua tem como objetivo a difusão da modalidade, reunindo grandes atletas brasileiros e premiando os melhores. Este ano eles disputam 32 etapas, com organização independente da CBAt, por indicação da Caixa Econômica Federal. Os dez primeiros colocados no masculino e no feminino na classificação final integrarão o Programa Nacional Caixa de Apoio aos Corredores de Elite de 2014. E na atual temporada Roselaine trilha o mesmo caminho de sucesso de 2012, já que com mais da metade das provas já realizadas, ela lidera com vantagem.

APOIO DA EQUIPE. E pensar que essa paulista, nascida e criada em Caraguatatuba (litoral norte de São Paulo), gostava mesmo era de futebol… Tanto que chegou até a jogar com algumas meninas da seleção brasileira. "Um dia vi um pessoal em um campo, na minha cidade, e fui lá para saber o que estavam fazendo. Disseram que não era futebol e sim atletismo e me perguntaram se eu gostaria de experimentar", conta a corredora. Então com 24 anos, Roselaine aceitou o convite do técnico Adão Dias Durval. E mostrou que tinha talento desde o início, vencendo as primeiras provas das quais participou na região.
O esporte, porém, não era sua única atividade. "Trabalhava oito horas por dia em uma creche, cuidando de crianças. Só depois do experiente é que podia treinar". Foi um início difícil, sem patrocínio, com apoio apenas de comerciantes locais… Depois de dois anos, no entanto, já despontando na corrida, foi convidada a integrar a equipe de atletismo de São José dos Campos, no Vale do Paraíba. Ali ficou por quatro anos, até ir para o Cruzeiro, em 2012, onde treina com Alexandre Minardi.
A parceria com o clube mineiro, segundo Roselaine, é muito boa. "É difícil viver do esporte devido à falta de patrocínio. Por isso, esse apoio que o Cruzeiro dá aos atletas é importante. Sou muito grata. Ali temos retorno financeiro e respeito. Quando chegamos a uma prova, os adversários até tremem ao ver nossa camiseta azul. E depois que venci o Circuito Caixa, tive um aumento de salário", revela. Dos prêmios que ganha, a corredora repassa uma porcentagem ao treinador e o restante é dela.
"Não sei se comecei tarde ou na hora certa. Só sei que à medida que ia evoluindo, minha esperança de conquistar um lugar ao sol também aumentava. Passei por momentos delicados, mas sempre acreditei que tinha algo bom lá na frente. E quando via reportagens com grandes atletas brasileiras, dizia a mim mesma que um dia estaria entre elas." Entre suas inspirações estão as corredoras Lucélia Peres, Maria Zeferina Baldaia e Sirlene Pinho.

DE OLHO NAS OLIMPÍADAS. Hoje, aos 32 anos, acredita que está em uma ótima fase. A principal meta da temporada é conquistar o bicampeonato do Ranking Caixa CBAt. "Será muito importante para minha carreira. Sei que o campeonato não está ganho, pois ainda há muitas provas pela frente, mas lidero desde o início e sigo determinada a vencer", diz com convicção. Roselaine atribui seu bom desempenho a um treinamento de qualidade. "Não tenho medo de sofrer. Me dedico totalmente aos treinos, em dois períodos do dia, com sol ou chuva."
Casada com o treinador Simonal César, ainda tem fôlego para cuidar da casa, fazer supermercado, enfim, gerenciar a rotina doméstica… Mas para ela todo empenho, toda gota de suor em treinos e competições valem a pena. "Já consegui dar uma casa aos meus pais e sigo em busca de outras realizações. É muito boa a sensação de dever cumprido graças a meu trabalho".
Para o próximo ano, os planos ainda não estão definidos. "Talvez eu entre na briga do ranking novamente e treine com foco para subir ao pódio de provas importantes como a Maratona de São Paulo e a São Silvestre." Mas Roselaine quer mais, muito mais. "Sonho com as Olimpíadas do Rio em 2016. Estarei lá, se Deus quiser, disputando a maratona! Sou muito feliz fazendo o que faço. Se não fosse o atletismo, eu nunca teria saído de Caraguatatuba e conhecido tantos lugares e pessoas especiais. Pretendo correr até quando for possível."

 

MELHORES MARCAS E CONQUISTAS
# Nos 10 km, a melhor marca de Roselaine é 34:47, obtida na Tribuna de Santos, em 2013.
# Nos 21 km, seu recorde é 1:15:00, na Meia das Cataratas, em 2012. "Fui a quarta colocada geral e a única brasileira a subir no pódio, em uma competição onde estavam atletas como Marily dos Santos, Sueli Pereira Silva e Edielza Guimarães. Foi nessa prova também que consegui o índice para o Mundial de Meia-Maratona, na Bulgária."
# Embora já tenha corrido maratonas, ela não considera seus resultados satisfatórios. "Não tive tempo para fazer treinos específicos para os 42 km. Consegui 2h48 na Maratona de Recife e 2h55 na Maratona de Curitiba, no ano passado, quando fui só para pontuar no ranking."
# Entre as conquistas mais recentes estão o quarto lugar geral (segunda brasileira) na Meia-Maratona de São Paulo; campeã nos 10 km da Corrida 9 de Julho, em Boa Vista; segundo lugar geral (primeira brasileira) nos 10 km do Circuito Caixa de Salvador e terceira colocada geral (primeira brasileira) na etapa de Campo Grande.
# Roselaine também já correu no exterior. Em 2007 esteve no Japão, para o Revezamento Ekiden, e no ano passado participou do Mundial de Meia-Maratona na Bulgária. "Foi maravilhoso ser convocada, mas infelizmente não corri bem porque estava com uma lesão no quadril." E em dezembro, convidada a participar dos 10 km da Carrera Internacional Rio/Cali, na Colômbia, subiu ao pódio na quinta colocação. "O que mais me impressionou foi o assédio das pessoas. Todo mundo queria tirar foto comigo, porque eu estava com o uniforme do Brasil. Foi uma experiência inesquecível. Nem a campeã da prova foi tão procurada…"

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