Sem categoria André Savazoni 15 de junho de 2018 (0) (182)

Rock’n’Roll Lisboa

A série Rock’n’Roll, que começou nos Estados Unidos, já está bem tradicional em Portugal, mais precisamente na capital Lisboa, que recebeu nova edição do circuito, no último dia 15 de outubro. Como vem ocorrendo neste ano nas principais provas no Hemisfério Norte, a temperatura esteve mais elevada do que o normal, chegando a 30°C, porém, com o céu azul, se as dificuldades aumentaram, o visual ficou ainda mais bonito. Foram 4.658 concluintes nos 42 km e 7.320 nos 21 km, números recordes, sem contar a minimaratona que não tem classificação geral. Somando as duas distâncias, tivemos 414 brasileiros completando as provas em Lisboa.

Com as bandas musicais ao longo do trajeto, uma das características das provas Rock’n’Roll, o trajeto da maratona largou às 8h em Cascais e seguiu pela estrada costeira, cruzando as cidades de Carcavelos, Estoril e Oeiras, com vistas deslumbrantes sobre o mar. Na sequência, os corredores passaram pela Torre de Belém e pelo Mosteiro dos Jerônimos, já em Lisboa. Seguiram então para a Cidade Baixa até o Rossio, regressando à zona ribeirinha, para se juntar ao percurso da meia-maratona até a linha de chegada, na Praça do Comércio. O início dos 21 km é na famosa Ponte Vasco da Gama, às 10h30.

“Maratona extremamente bem organizada. Conta com selo ouro da IAAF. Hidratação correta. A cada 3 km com água e isotônico a cada 6 km, além de três pontos de gel de carboidrato e de frutas. Todos os postos de hidratação contavam com voluntários, incluindo inúmeros escoteiros. Os 42 km são praticamente planos, sempre na orla, primeiro ao lado do mar e depois do Rio Tejo. Para se ter uma ideia da altimetria, a inclinação máxima foi de 50 metros nas marcações do meu GPS. A dispersão na Praça do Comércio também esteve muito bem organizada. Fiquei realmente bem impressionado com a prova”, afirmou Gustavo Maia, do Programa Fôlego.

De acordo com o corredor, a principal falha foi na entrega dos kits, que ocorreu na quinta, sexta e sábado no Parque das Nações, Pavilhão de Portugal da Expo 98. “Fui no sábado, tinha uma fila de duas horas de espera. O espaço é pequeno e havia poucas pessoas trabalhando. Muita gente reclamando. No domingo, a prova compensou tudo, mas esse foi um problema”, disse Gustavo. Inclusive, no sábado no final da tarde, por meio da página oficial da Rock’n’Roll Lisboa no Facebook, a organização assumiu a falha e pediu desculpas aos participantes, salientando que houve um pico de chegada de corredores no sábado e que realmente a demora foi grande, algo que, segundo eles, nunca havia ocorrido e que será corrigido para a edição de 2018.

TEMPERATURA ALTA. Na meia-maratona, houve duas questões, uma ligada à outra. “Como fez um calor fora do normal no domingo, chegando a 30°C, algo não esperado nesta época do ano, na maratona afetou menos, pois larga às 8h. Mas na meia, que tem início às 10h30, já começou com forte calor”, contou Gustavo, que teve a esposa Thaysa participando dos 21 km. Ela explicou que a temperatura elevada foi realmente a maior dificuldade, agravada pelo primeiro posto de hidratação ter ocorrido somente no km 7, ao contrário do que constava no mapa do trajeto disponibilizado pela organização. Outros corredores ouvidos pela reportagem da Contra-Relógio reforçaram esse problema e a questão de, na maior parte do trajeto, a água estava quente.
Adriana Reston, de Porto Alegre, também participou dos 21 km da Rock’n’Roll. “Gostei bastante do kit e adorei o percurso, com inúmeros pontos turísticos. Emocionante o final na Praça do Comércio, passando pelo Centro Histórico de Lisboa. Não sabíamos se corríamos ou parávamos para observar as belezas! Incrível também a largada na Ponte Vasco da Gama. O que faltou mesmo foi a hidratação nos primeiros quilômetros. Depois, acertaram, mas com água quente e muita gente passando mal. Uma ducha no caminho ajudou a refrescar os participantes e também o sorvete na chegada. Vale a participação pelo trajeto, lindo, apesar do calor. Faria novamente, com certeza”, disse a corredora.
Opinião parecida teve Henrique Farias, também de Porto Alegre. Ele destacou a estrutura do local da Expo. “A entrega do kit, próximo ao Shopping Vasco da Gama, ocorre em um local pequeno para as dimensões do evento. O kit é simples, com camiseta (diferentes cores e modelos para 42 km, 21 km e 6 km) e alguns brindes dos patrocinadores. A logística para chegar do Centro de Lisboa para o ponto de largada é muito boa, os metrôs e trens são liberados para todos os participantes no domingo. Tudo organizado e ágil. A mudança do percurso neste ano, com chegada na Praça do Comércio, realmente foi um diferencial muito positivo, pois o local é bonito e sempre bastante movimentado. No final da corrida era entregue um outro kit com frutas, águas, boné, barras de cereal e picolé, que devido ao calor caiu muito bem.”, completou o gaúcho.

SAÍDA NA PONTE. A largada da meia-maratona começa com um aclive longo e depois uma descida, mas na parte mais bonita da ponte estaiada Vasco da Gama, seguindo para a área do porto e em direção ao centro histórico da capital. “Achei a feira também um pouco confusa, principalmente para quem não tinha recebido o e-mail com número do peito. Perde-se um pouco de tempo em todo o processo. A gratuidade para o transporte público no dia da corrida facilita demais o deslocamento. No meu caso, peguei o metrô até o local da Expo e depois os ônibus da prova para a área de largada, na ponte, já que o acesso era somente para quem tinha número de peito. Cheguei na ponte às 8h30 para a largada às 10h30. Em qualquer condição climática, o tempo de espera é longo. Este ano, especificamente, foi de duas horas de sol na cabeça. Quando se vai para o outono europeu, se espera um clima agradável, o que não ocorreu no domingo de corrida, depois de dias amenos e nublados” disse Rodrigo Andrade, de Belo Horizonte.
Um fator que chamou a atenção do corredor mineiro foi a quantidade de participantes com meias de compressão e manguitos, provavelmente esperando o frio que não veio. “Talvez, por isso, tenha visto muita gente parando, passando mal ao longo dos 21 km. Os postos de abastecimento de água e de bebidas isotônicas estiveram em uma distância adequada, mas em temperatura ambiente, sempre quente. Foram sempre entregues nas mãos dos corredores pelos staffs, muitas vezes os escoteiros, já com as tampinhas abertas, mas não refrescavam. A promessa de uma prova rápida, como está no site, faz pensar em uma meia-maratona plana, mas tivemos vários sobe e desce, em alguns viadutos e ruas, o que em um clima favorável não atrapalharia nada para quem está preparado. O que trouxe dificuldade nesse caso foi mesmo o calor. O suporte da população é mais visto no trecho final, com bastante gente. Resumindo, uma corrida bem organizada, que entrega o que promete. Recomendo pelo trajeto lindo, pelo povo extremamente acolhedor, por ser em uma cidade maravilhosa, com comida excelente, de culinária rica, tanto para o pré-prova quanto para a comemoração depois”, afirmou Rodrigo.

ELITE – Nos 42 km, a dobradinha foi queniana. Vitória de Ishhimael Chemtam com 2:10:51, superando El Hassan Elabassi, do Bahrein. “Apesar do forte vento e do calor, estou muito feliz por ter vencido pela primeira vez em Lisboa”, afirmou Chemtam, que tem 2:08:20 como melhor marca pessoal e que este ano foi segundo colocado na Maratona de Viena, na Áustria.
Já entre as mulheres, Sarah Chepchirchir venceu com o tempo de 2:27:57. Ela é a recordista do percurso, com 2:24:13 obtido na edição de 2016. Em fevereiro deste ano ganhou a Maratona de Tóquio, a primeira Major da temporada, com 2:19:47.
Mais informações e resultados completos em www.runrocknroll.com/lisbon/.

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