Respeito, código de conduta e as corridas de rua

É comum criticarmos as organizações de provas. Algumas vezes, com muita razão. Outras, porque somos exigentes e queremos sempre mais. O que, muitas vezes esquecemos, é de olhar para nosso próprio umbigo, de respeitar quem está ao lado. Felizmente, há um crescimento dos apaixonados por corridas e, com isso, uma melhora geral no esporte. Porém, essa evolução também traz responsabilidades e prudências. Veja alguns exemplos:

Por que muitos corredores optam por largar em baias que não condizem com seu desempenho? Na Meia Maratona de São Paulo, por exemplo, ao se inscrever, o atleta definia o tempo previsto para concluir os 21,1 km. No kit, recebia uma pulseira com a cor correspondente ao tempo aproximado. Mas, na largada, muita gente não respeitou a cor e foi para as baias da frente. Então, se competimos para melhorar nossos tempos, para baixar nossas marcas, por que largar onde não deveríamos e atrapalhar? Isso tem sido cada vez mais comum.

Por que muitas pessoas optam por “cortar” caminho e não cumprir o percurso? Na Meia de São Paulo, o que vi de gente passando pela calçada, criando uma tangente para a curva, não foi pouco. Você sabia que, ao fazer isso, está roubando? E o que é o pior, roubando de você mesmo? Os 21,1 km são pela rua, não pela calçada. Se fizer isso, vai correr menos e, ao final da prova, quando for comemorar o recorde pessoal, saiba que correu menos. E, dependendo das vezes que tomou essa decisão, a diferença de tempo será grande!

Outro erro que parece pequeno, mas que pode trazer consequências é correr com a inscrição de outra pessoa. Se você está correndo sozinho e desmaia, será socorrido com o nome da pessoa que está “representando”. A organização conta com os dados de quem se inscreveu. Numa situação emergencial, você pode ser medicado com um remédio que é alérgico, por exemplo. E o número do telefone de emergência será de uma pessoa que pode nem te conhecer. Até chegarem em algum parente seu, vai demorar. Claro que estou sendo radical nesse exemplo, mas é uma situação que pode ocorrer.

Nas provas, pegamos água, tomamos gel e atiramos no chão. Nesse caso, é o que deve ser feito. A organização conta com uma equipe de limpeza vindo atrás. Agora, durante os treinos, sabe quem vai “limpar” o que você atirou no chão? Ninguém ou a água da chuva. Com cidades cada vez mais impermeabilizadas e lixo acumulado pelas ruas, bueiros entopem e os alagamentos são constantes.

Citei alguns exemplos apenas para alertar que um código de conduta pessoal é imprescindível para que a corrida de rua continue crescendo e que todos cheguem e saiam felizes dos treinos e, principalmente, das provas. Devemos continuar cobrando os organizadores e as autoridades, mas precisamos, primeiro, respeitar o próximo e nos respeitar.

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