Na semana passada, escrevi sobre o tema, falando da “venda” de inscrições nas redes sociais (algo proibido no regulamento) e de outros exemplos de como a corrida de rua (ou qualquer outro evento) demonstra como está o comportamento do brasileiro hoje em dia.
Em muitos pontos, não é algo exclusivo de nosso país, longe disso. É do ser humano. Valores estão sendo esquecidos ou, o que é pior, nem são aprendidos.
Aguardei alguns dias para esse texto. Até para que a organização da São Paulo City Marathon (a prova em questão) pudesse agir ou não. Felizmente, em muitos casos, agiu e merece elogios.
A triste realidade é que, gostando ou não do que escrevi, concordando ou não, a prova ratificou o post anterior. Infelizmente.
A começar pelo “pipoca”, um tema nem citado, com a camisa da prova, que simplesmente entrou na frente do vencedor da maratona e “cortou” a fita no pórtico de chegada. Simplesmente estragou a comemoração de Raphael Magalhães. Ainda saiu rindo e xingando os fotógrafos. Com a camisa da prova. Há vídeo disso.
Depois, pessoas que cortaram caminho e acabaram recebendo a medalha top 100 ou top 20, seja nos 21 km ou 42 km. Corrigir ou acertar 100%, com esse comportamento, é praticamente impossível com a premiação na hora, no momento da chegada.
Apenas eu vi três pessoas cortando caminho (em dois pontos, por falha da organização pois não havia tapete nos retornos dos vaivéns dentro da USP na maratona). Sem falar, por relato de assinantes, de gente cortando o caminho com poucos quilômetros no Centro Velho.
Um terceiro ponto, os homens correndo com números de mulher e alterando completamente a classificação feminina nos 21 km. Alguns casos documentados pela amiga Valéria Mello Cattaruzzi e enviados pela organização. Por isso, inclusive, que aguardei. E a organização agiu, como citei acima.
O caso da Valery é simples e foi “fácil” para comprovar. Ela foi top 20 e, então, ao sair a classificação, estava em 36 no geral. Tudo bem, há o tempo líquido, mas seria uma diferença muito grande, até porque, no ritmo abaixo de 1h35, foram poucas. Hoje, na atualização, ela está em 16º.
Bastou comparar os números de peito com as fotos da prova…
Houve, ainda, casos em que as passagens de 5 km foram melhores que a do Marilson! Recordes brasileiros e sul-americanos na distância no feminino, incluindo os dos 10 km… Ou seja, não eram reais. Pode ter falha do equipamento, claro, e em alguns casos isso se justifica, mas por coincidência, esses tempos “loucos” estão em alguns dos desclassificados.
Isso não é uma novidade. Nem uma regra. Há quem corra intencionalmente para ter um índice ou uma classificação (só lembrarmos do Desafio Boost do ano passado com namorados ou maridos correndo para classificar as namoradas ou esposas para o 1 km). Melhor nem comentar.
Esse (e o caso dos idosos) é muito simples de resolver. Já escrevi essa sugestão e fica novamente para os organizadores. Número de mulher com cor e marcação diferentes, de fácil visualização e identificação. Chegou no pórtico, é homem com número de mulher, desclassifica na hora. Precisará de poucos funcionários para organizar isso.
No caso dos idosos, idem. Número de cor diferente e com alguma marcação de destaque. Cruzou o pórtico e não é idoso, não só desclassifica como emite a cobrança dos 50% que foram descontados na inscrição (com isso constando no regulamento).
A análise da prova, ficou para uma segunda etapa e estará na cobertura da edição de setembro da Contra-Relógio.