A revista está publicando neste mês o sempre aguardado Ranking Brasileiro de Maratonistas, com a listagem daqueles que conseguiram entrar nesse seleto grupo. Correr uma maratona não é coisa para qualquer um e no Brasil poucos corredores se animam a enfrentar o desafio e conseguem completar os 42 km. E fechar a prova dentro dos tempos-limite do Ranking é ainda mais complicado, daí que quem participa do Ranking pode dizer, com orgulho: sou um maratonista de verdade!
O Ranking leva em conta o melhor resultado do corredor em uma de nossas 6 maratonas oficiais (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba e a estreante Foz do Iguaçu) e depois avalia se ele conseguiu ficar abaixo do tempo máximo estabelecido para sua faixa etária (Veja os tempos de corte). Em seguida a revista faz a classificação por categoria, para homens e mulheres, publicando a cobiçada lista.
Para o Ranking 2007 tivemos a participação de uma nova maratona oficial brasileira, a das Águas em Foz do Iguaçu, promovida pelo Sesc-PR, que teve poucos inscritos em função da data escolhida (1º dia de um feriado prolongado), assim como foi reduzido o contingente de corredores em Florianópolis também por questão de data, no caso a mudança em relação à previamente divulgada, causando muitos cancelamentos de inscrição.
O Ranking de 2007 pouco se diferencia, em termos de número de participantes, do ano anterior. A listagem que estamos publicando no encarte traz os 2.724 corredores que conseguiram entrar na seleção, contra 2.771 em 2006. Igualmente semelhantes são os dados de concluintes em nossas maratonas oficiais: 5.868 no ano passado, contra 5.969 anteriormente, sendo que conseguiram índice para o Ranking 3.173 corredores em 2007, enquanto em 2006 foram 3.283.
Considerando que muitos fazem mais de uma maratona (alguns fizeram as 6), pode-se supor que correram maratonas no Brasil no ano passado em torno de 5 mil pessoas e mais da metade conseguiu entrar no Ranking. Os números poderiam ser bem maiores, tanto de concluintes como de participantes, mas para isso a revista considera que os organizadores precisam colaborar, fazendo as largadas bem mais cedo e caprichando no abastecimento (especialmente na segunda metade), colocando música no percurso etc.
Se essas mudanças não acontecerem, os números referentes às maratonas brasileiras vão continuar estáveis, ao contrário das outras provas de menor distância que só crescem nos últimos anos, e a procura por maratonas estrangeiras vai continuar firme, já que lá fora os 42 km costumam ser menos duros, especialmente pelo clima.
QUANTOS VÊM TERMINANDO
A evolução das 5 maratonas tem sido relativamente semelhante, ou seja, impera uma certa estabilidade, com alguns fatos pontuais (veja gráfico). Porto Alegre teve bom número de participantes em 2005, em função de uma forte publicidade local pela Rádio Gaúcha, promotora do evento. São Paulo não oferece mais premiação em dinheiro nas faixas etárias, desestimulando a presença dos chamados corredores amadores competitivos, exatamente ao contrário do verificado em Curitiba e mesmo nas demais maratonas, cuja premiação não é tão alta, mas existe. Quanto à Floripa, a mudança de data e a própria incerteza de que ocorreria, um mês antes, levou a desistências, inclusive muitos a trocando por Buenos Aires, no mesmo dia (4/11).
NÚMEROS DO RANKING BRASILEIRO
O quadro apresenta números interessantes, mas precisa ser "lido" com algumas informações, para que os dados não distorçam a realidade. Efetivamente trata-se do percentual de corredores de cada prova que conseguiram entrar no Ranking Brasileiro de Maratonistas 2007, mas vamos aos comentários sobre elas:
Os números referentes a Porto Alegre são bastante reais, ou seja, a prova oferece boas condições para resultados rápidos e tem corredores de todos os tipos (desde os muito competitivos e que treinam bastante a até alguns relaxados) e quase 2/3 consegue índice. É verdade que boa parte segue para a capital gaúcha com boa preparação, exatamente em busca de um recorde pessoal ou simplesmente para garantir o ingresso no Ranking, o que também explica o sempre alto percentual.
Os 41,0% de São Paulo tem um pouco a ver com o percurso não muito plano (mas melhor do que o de Curitiba e bem melhor do que o de Foz do Iguaçu), mas principalmente é reflexo da "qualidade" dos participantes, com muita gente entrando na prova sem estar devidamente treinado, estimulados pelo apelo da TV.
Os dados do Rio são ingratos, uma vez que a prova é muito bonita e o percurso quase todo plano. O problema é a temperatura para os mais lentos, que pode facilmente chegar ou superar os 30 graus, inviabilizando grandes marcas. A maratona carioca é talvez a que tem maior potencial de crescimento (inclusive com turistas estrangeiros, ainda mais que nessa época não acontece maratona na Europa e Estados Unidos, em função do verão no hemisfério norte), mas só vai deslanchar se a prova tiver largada bem cedo, de madrugada mesmo.
O número de Floripa é totalmente enganador. Ele é alto porque os poucos participantes que lá estiveram no ano passado eram em sua grande maioria corredores competitivos, em busca da premiação em dinheiro no geral e categorias. E esses corredores entram no índice em qualquer maratona… Para Foz do Iguaçu vale a mesma coisa, e o índice só não foi mais alto porque o percurso lá é todo em sobe e desce; por outro lado, ajudou no ano passado ter chovido e ficado nublado todo o tempo, se não…
Curitiba revela dados reais, compensando pontos positivos e negativos. No primeiro grupo estão a excelente organização e a ampla e boa premiação em dinheiro no geral e nas faixas. No segundo, o percurso e a temperatura, que quando abre o sol (como em 2007) torna terrível a prova para os mais lentos. Em 2006, quando ficou nublado e choveu no final, 52,0% conseguiram o índice, contra apenas 47,3% em novembro último. Também Curitiba tem, necessariamente, de antecipar as largadas para 6h30 e 7h00.
PARTICIPAÇÃO DE CADA MARATONA NO RANKING
O gráfico revela que 32,5% dos resultados no Ranking são provenientes da Maratona de São Paulo, participação esta (assim como as demais) decorrente diretamente da quantidade de concluintes que conseguiram índice. Mas a relação não é direta porque existe ainda a seleção do melhor resultado de cada corredor. E na prática constata-se que não há uma regra, apesar de na comparação de marcas Porto Alegre costumar levar alguma vantagem. Mas são muitos os casos que o melhor resultado da pessoa é no Rio, Curitiba ou São Paulo. Também deve-se lembrar que centenas de corredores fazem apenas a maratona mais próxima de onde vivem, e outro tanto se prepara melhor para uma determinada prova.
OS MELHORES BRASILEIROS EM 2007
Nossos maratonistas não têm conseguido resultados que os coloquem na elite mundial, que pode ser considerada aquela com marcas sub 2h10 para os homens e sub 2h30 para as mulheres. A exceção é Marilson Gomes dos Santos, seguido de alguns poucos corredores com tempos razoáveis, obtidos no exterior. Na listagem, os três primeiros estão pré-selecionados para os Jogos Olímpicos de Pequim, pois conseguiram correr abaixo de 2h15 (índice A; o B é 2h18), mas a seleção vai até abril. Já em relação às mulheres as três primeiras também estão, por enquanto, com vaga para Pequim, mas com o índice B (2h42; o A é 2h37).
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