Não fujo a essa regra, apesar de procurar utilizá-lo com discernimento, ou seja, quando não se está "no dia", não adianta querer brigar com ele, conforme descrito na matéria "Contra o relógio sim, escravo dele não!" (edição 158 – novembro 2006), que pode ser vista no site da CR.
Estou me preparando para a Comrades e nos domingos faço meus longos com distância crescente, em percurso devidamente medido. Em meados de março tinha um treino de 30 km e saí para ele bastante animado, passando as voltas (de 3 km) entre 17 minutos e 17:30. A cada volta, fazia as contas, olhando o relógio, de que conseguiria terminar os 30 km bem abaixo do que esperava, e continuava forçando o ritmo, sempre de menos de 6 minutos/km.
Só que nas duas últimas voltas o cansaço chegou, o ritmo caiu vertiginosamente e completei com muito esforço, dolorido e com ameaças de cãibras. Inclusive durante a semana ainda sentia os efeitos do treino.
No domingo seguinte o longo seria de 35 km e resolvi experimentar correr sem preocupação com o ritmo, ou melhor, faria em ritmo confortável, no melhor possível, mas sem forçar. E para isso retirei até o relógio do pulso.
O resultado foi excelente! Acabei o treino não esgotado, nada de dores ou cãibras e ao ver o relógio (da cozinha…) constatei ter completado em 3h48, ou seja, no bom ritmo de 6:30/km.
O melhor veio durante a semana seguinte, quando dos "longuetes" de terça e quinta (treinos em torno de 3 horas), que foram feitos com muito ânimo, exatamente por não ter me cansado demais no longão de domingo.
Como minha principal preocupação é fazer muita quilometragem, visando a Comrades, o ritmo fica em segundo plano e assim pretendo me preparar daqui pra frente, inclusive nos três últimos longões (de 6, 7 e 8 horas, dias 3, 10 e 17 deste mês) em que o relógio é usado apenas como referência do tempo total do treino. Apenas na Maratona de Porto Alegre voltarei a me preocupar com o cronômetro, tentando completar a prova em torno de 4 horas, para ganhar um pouco de ritmo para a Comrades e para entrar no Ranking Brasileiro de Maratonistas em minha faixa etária (60/64 anos).
A experiência de correr sem relógio em percursos medidos (e portanto sem a pressão de estar verificando o ritmo que se está fazendo) pode ser interessante para quem está querendo encarar distâncias maiores e não se sente muito confiante. Sair para correr em ritmo confortável vai permitir esse aumento, sem traumas, e o que é melhor, sem dores e grande esgotamento. Experimente!