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Blog do Corredor Especial Redação 1 de julho de 2012 (0) (103)

Quantas maratonas você pretende correr este ano?

Como forma de aumentar a interatividade e conhecer melhor você, leitor, criamos uma área de enquetes em nosso site. No mês de abril foi ao ar a seguinte pergunta: "Quantas maratonas você pretende correr em 2012?" Participaram dessa pesquisa 624 corredores, que registraram os seguintes números no quadro da página ao lado.

Segundo os especialistas, uma ou no máximo duas maratonas no período de um ano é o ideal para um atleta amador. "Não recomendo mais do que isso. Lembrando que deve haver um bom intervalo entre as provas, já que existe a necessidade de um período de recuperação do corpo", diz o cardiologista Marcelo Cantarelli, diretor do Grupo Angiocardio, de São Paulo.

"Mais do que duas é entrar em uma ‘zona perigosa'", concorda o treinador Ricardo Arap, diretor da Race Consultoria Esportiva, de São Paulo. "Os riscos vão desde lesões por excesso de treinamento até questões como não manter o equilíbrio da vida como um todo, já que a preparação para uma prova dessas exige dedicação e disciplina", completa.     

A distância de 42 km é a preferida do médico Dario Garcia, 25 anos, de Marília (SP). Mas nem por isso ele abusa. "Gosto de correr para melhorar minha marca, viso performance. E isso exige treinamento disciplinado e duro, além de tempo para me recuperar entre uma prova e outra. Sendo assim, o ano só me permite correr duas maratonas, sem que o risco de lesão aumente", explica. Sua próxima será em Porto Alegre, em junho. "Depois quero fazer uma fora do país, quem sabe a Maratona da Disney, em busca do sub 2h50".

Também atrás de boas marcas na distância, o professor Alan Nardi de Souza, 30 anos, de Araras (SP), limita suas participações. "Tanto pela exigência dos treinos quanto pelo desgaste que a prova provoca", explica ele, que corre com um grupo de amigos e monta sua própria planilha, tendo como base orientações de revistas.

Os critérios de escolha de Alan são as "oportunidades" que aparecem. "Foi o que me fez optar pela Maratona de São Paulo em 2011. Muitos amigos diziam que não era a prova ideal para uma estreia (e não é mesmo…) e que eu deveria escolher Rio ou Porto Alegre. Mas São Paulo é perto para mim e praticamente não tenho gastos. Esse ano minha inscrição para a Maratona Linha Verde, em Belo Horizonte também foi baseada na facilidade que encontrei".

 

EXPERIÊNCIA ÚNICA. Em quatro anos de corrida, o analista de sistemas Wellington Michel Barros, 29 anos, de São José dos Campos (SP), já correu cerca de 100 provas – entre elas três maratonas. Para ele o ideal é fazer apenas uma de longa distância por ano. "E a cada ano uma diferente. Assim, cada maratona se tornará única. Sei que com isto perco a chance de ir melhor numa segunda participação, mas ganho em saber que aquela maratona, que encaro como uma oportunidade, jamais se repetirá e darei o meu melhor para fazer valer todo o treinamento. Este é e sempre será o meu lema!"

A escolha de Wellington começa com uma pesquisa em sua turma de corrida. "Em um primeiro momento procuro saber por meus amigos quais maratonas estão no calendário deles. Dentro desta pré-seleção defino com a minha namorada a melhor para podermos encaixar em uma viagem de turismo", conta. Para este ano, ele planeja fazer a de Recife (Maurício de Nassau) ou a Buenos Aires ou a Cross-Country Búzios.

Gerente de engenharia em uma empresa de telecomunicações, Marco Campelo, 30 anos, do Rio de Janeiro, afirma que sua meta é correr uma maratona a cada seis meses. "Além do desgaste físico tenho que levar em conta minha rotina. A preparação exige muito tempo: acordar cedo todos os dias, manter alimentação regrada, dormir cedo sexta à noite, abrir mão de alguns programas com os amigos para fazer aquele longo de 32 km no dia seguinte… Correndo duas maratonas por ano acho que consigo um balanço saudável com a vida pessoal. Acima disso, pode gerar estresse desnecessário com família e namorada".

Uma das primeiras coisas que Marco leva em conta na hora de definir sua maratona é a expectativa de temperatura para o dia da prova. "Prefiro correr em clima frio. Minha estreia foi no Rio em 2009 e sofri muito com o calor. Em 2011 fiz Buenos Aires e a experiência foi bem mais agradável. Outro critério utilizado é o percurso da prova – prefiro as mais planas. Optar por uma corrida no exterior, além de uma desculpa para viajar e conhecer um novo lugar, me ajuda a focar mais nos treinos, pois gera um compromisso de não fazer feio depois de investir tempo e dinheiro. Planejo com pelo menos três meses de antecedência, pois é o tempo que preciso para os treinos específicos".

 

TRÊS NÃO É DEMAIS. Mas há quem não se contente com duas por temporada. É o caso de Marco Enrico Troiano, 41 anos, gestor de TI de São Carlos (SP). "Faço, em média, três maratonas por ano. Vou quando tenho disponibilidade financeira e opto principalmente por provas que sejam bem organizadas. Em 2012 já corri Santiago, no Chile, em abril; correrei Porto Alegre, em junho; e se tudo der certo, Curitiba, em novembro. Mas acredito que conseguiria fazer até quatro sem maiores problemas ou riscos de lesões". Marco treina sozinho e diz que sempre planeja suas provas. "A distância exige respeito. Não me aventuro se não me julgar preparado".

Para os "famintos por maratonas", no entanto, o cardiologista Marcelo Cantarelli alerta: "O desgaste varia muito de pessoa para pessoa e deve ser avaliado individualmente. Mas o corpo humano não foi construído para o excesso, qualquer que seja ele. A maratona é um esforço excessivo e não deve ser encarado com uma coisa normal. Não é normal encarar 42 km como se nada fosse acontecer. O corpo sofre mesmo no caso dos atletas profissionais, mais adaptados. O limite de cada um deve sempre ser respeitado".

Para quem "não sente nada agora", o médico lembra também que a conta pode ser cobrada mais adiante. "O excesso de exercício somado a períodos não adequados de recuperações pode acelerar o envelhecimento devido às perdas metabólicas, imunológicas e sobrecargas articulares, musculares e cardiovasculares. A avaliação por profissionais habilitados da área de atividade física e médicos, antes e após as provas, é fundamental para que o atleta tenha boa saúde e se mantenha no esporte", conclui.

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