Sem categoria admin 4 de outubro de 2010 (0) (1104)

Quantas maratonas no ano?

Existe no mundo da corrida algumas "verdades" ou recomendações que vão se repetindo, até que alguém coloque em dúvida a afirmação ou mesmo de quem teria partido tal norma. Isso vale para a famosa "alongue antes de correr para evitar lesões", sem qualquer embasamento científico ou comprovação prática, "beba 1 a 2 copos de água a cada 20 minutos", não só uma bobagem como também um risco para a saúde (hiponatremia) e por aí vai.

No que se refere à participação em maratonas há uma total confusão nessas recomendações. Talvez com base nos atletas de elite, existe um "número mágico" de que se deve fazer no máximo 2 maratonas por ano. Isto vale, sem dúvida, para os profissionais, que se preparam duramente por 3 ou 4 meses especificamente e dão tudo na prova, necessitando um bom período de descanso para se recuperarem.

Lógico também que para quem não está acostumado a fazer longas distâncias, no máximo 10 km, por exemplo, a participação em uma maratona vai acarretar um enorme desgaste e conseqüentemente exigir algumas semanas para passar a "ressaca".  Da mesma forma para aqueles que enfrentam os 42 km de forma muito séria, lutando contra o relógio, os efeitos são mais marcantes e exigem um retorno gradativo aos treinamentos e um maior espaçamento entre maratonas.

Mas para quem entra em maratona sem outro compromisso que apenas terminar numa boa e vai aos poucos aumentando sua quilometragem semanal, sem forçar no ritmo, fazer longões nos fins de semana é algo absolutamente normal, acessível a todos e com o mesmo risco de lesões de treinos mais curtos, desde que a pessoa não esteja com sobrepeso, use tênis com correto amortecimento etc.

Nem absurdo, nem heróico. Em outras palavras, fazer várias maratonas no ano não é uma coisa absurda ou heróica, mas sim apenas uma questão de se treinar o corpo para tal. Passei por esta experiência ao fazer minha preparação para a Comrades, quando em março, abril e maio praticamente todo fim de semana fazia longões, que começaram em 30 e chegaram a quase 70 km, incluindo aí a participação nas maratonas de Porto Alegre e São Paulo, como "treino".

No Brasil temos poucas maratonas, apenas meia dúzia, e mais outro tanto nos países vizinhos, mas na Europa e Estados Unidos são centenas, praticamente todo fim de semana, e milhares de corredores lá participam, completando dez, vinte, trinta provas no ano.

Como sabem os maratonistas, não dá para comparar o prazer de fazer uma "provinha" de 10 km com uma de 42 km. Aqui é realização, um desafio superado, uma sensação difícil de explicar, ou melhor, quem quiser saber precisa entrar numa maratona.

Curiosamente, a revista Correre, principal publicação italiana dedicada às corridas de rua e maratonas, faz anualmente um ranking de todos os maratonistas daquele país nas 54 provas do país e também nas principais pelo mundo. Cada um se classifica no ranking pelo seu melhor resultado, só que aparecem, na seqüência todas as marcas alcançadas por cada corredor. E os números são interessantes: muitos entram na listagem com apenas uma ou mesmo duas maratonas; mas a maioria aparece com mais de três, sendo que centenas com cinco a vinte e dezenas com mais de trinta.

O ranking organizado pela Correre, referente às provas de 2006, inclui 3.155 mulheres e 25.272 homens. Ou seja, cinco vezes mais do que temos no Brasil. Coisa de país europeu desenvolvido, com clima agradável em praticamente todo o ano, para se enfrentar os 42 km.

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