Performance e Saúde admin 4 de outubro de 2010 (0) (266)

Qualidade vs. Quantidade: Qual a Melhor Opção para o Corredor?

Na preparação dos corredores é muito comum ouvirmos falar de treinos de qualidade ou mesmo quantidade de quilômetros "rodados". De um modo geral, por treinos de qualidade, entendemos como sendo aqueles em que a intensidade dos estímulos e o treino específico prevalecem, ou seja: os treinos intervalados, fracionados, rodagens em ritmo de competição ou mesmo um fartlek direcionado para objetivos específicos.

No lado oposto, temos as rodagens, que têm como propósito o aumento da quilometragem semanal / mensal para a melhoria do nível da resistência geral do corredor. A essas rodagens, podemos afirmar que são treinos de quantidade, pois não há uma rigidez na determinação do ritmo, mas apenas uma preocupação com o aumento gradual e progressivo da quilometragem a ser percorrida, de preferência em ritmo suave e / ou confortável.

O corredor deve, na preparação para a competição, mesclar treinos de qualidade com trabalhos de quantidade e treinos regenerativos, pois isso é o ideal para apresentar uma melhora efetiva do seu estado de treinamento, ou seja, o desenvolvimento da sua capacidade física para a competição.

Entretanto, podemos destacar duas situações em que uma ou outra situação pode prevalecer: os corredores principiantes e os corredores experientes.

Corredores principiantes

Para quem está iniciando na corrida, é fundamental que o treinamento exija, gradual e progressivamente, o aumento contínuo da quilometragem a ser percorrida durante a preparação. O corredor principiante ainda não está apto a realizar treinos de elevada intensidade e, para que isso aconteça, é necessária a formação de uma base aeróbia, que pode ser desenvolvida pelos treinos de rodagens e trotes.

A base aeróbia é fundamental para o corredor, pois garante o desenvolvimento da resistência orgânica geral, permitindo que o mesmo, futuramente, possa introduzir em seus treinamentos, trabalhos específicos e de maior intensidade.

O método de treinamento mais difundido e utilizado, nesse caso, é o Long Slow Distance, ou LSD, que significa distância longa em ritmo lento. O LSD prevê sessões de treinamentos em que o corredor seja capaz de manter um esforço mínimo para o alcance dos benefícios do exercício físico, durante um tempo razoavelmente prolongado.

Assim, os trotes e as rodagens realizados a um ritmo entre 60-75% da freqüência cardíaca máxima servem muito bem a esse propósito, isto é, desenvolver os mecanismos fisiológicos relacionados à resistência geral do corredor.  A duração desses estímulos pode variar de 20 a 60 minutos, conforme seja o progresso alcançado pelo corredor durante o treinamento. O corredor principiante será beneficiado ao realizar de 3 a 5 sessões semanais (de acordo com a sua disponibilidade de tempo), utilizando o método LSD.

Os treinos devem ser executados em ritmo lento e confortável, como já foi dito, e o corredor deve ter como objetivo o aumento da distância a ser percorrida em cada sessão. Esse aumento, entretanto, deve acontecer de modo suave, algo como 5-10 minutos ou 1-2 km por treino ou semana. Assim, o corredor principiante, deverá, em um primeiro momento, preocupar-se com o aumento da duração do exercício físico, ou seja, correr por mais tempo buscando alcançar maiores distâncias.

Corredores experientes

Os corredores experientes, que já treinam continuamente há muitos anos, apresentam uma base aeróbia sólida adequada para a aplicação de trabalhos mais intensos ou de qualidade em sua preparação. Esses corredores já desenvolveram a sua resistência orgânica a um nível adequado para o esforço físico prolongado.

Nesse caso, os corredores podem ser beneficiados por treinos mais específicos e com ênfase no ritmo e na intensidade. Para o corredor experiente que não dispõe de tempo para treinar mais que três vezes na semana, a preparação para uma maratona, por exemplo, poderia ser realizada do seguinte modo:

TREINO 1 Terça-feira
PISTA OU SEMELHANTE
2 km trote; 12 a 15 x 800m (ritmo de competição) x 200m (trote); 2 km trote

TREINO 2 – Quinta-feira
CAMPO OU PARQUE 2 km trote; 1,5 km (forte); 6 km (confortável); 1,5 km (forte); 2 km trote

TREINO 3 – Sábado
ESTRADA OU RUAS
24-32 km (ritmo de competição)

Esse exemplo de preparação poderá ser executado durante as cinco semanas que antecedem a maratona, sendo que na última semana o corredor fará apenas trotes entre 40-60 minutos na grama, seguidos de alongamentos.

Em conclusão…

Podemos concluir que, na preparação para a competição, a realização de treinos exclusivamente de qualidade ou de quantidade será de acordo com cada caso específico. Não podemos afirmar que este ou aquele treino é melhor ou pior, pois ao adotarmos uma ou outra situação, devemos considerar as necessidades do corredor em particular.

Assim, para os corredores principiantes, o treino de qualidade (intenso e específico), comprometerá o desenvolvimento integral de seu potencial orgânico, pois devemos primeiro trabalhar a resistência e depois a velocidade. Em primeiro, a formação da base aeróbia.

No caso dos corredores experientes, já "rodados", os treinos de quantidade podem torná-los lentos e sem vigor para enfrentar as demandas da competição e, somente os trabalhos específicos e de maior intensidade, o deixarão aptos para novos recordes pessoais.

Portanto, para cada caso, uma situação se fará mais apropriada, cabendo ao corredor e ao treinador a escolha da melhor opção.

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