POR TOMAZ LOURENÇO
O destaque deste artigo é a TABELA abaixo, que revela a proporção de concluintes nas 18 maratonas oficiais do país já acontecidas (com percurso devidamente aferido), que conseguiram entrar no Ranking Brasileiro de Maratonistas 2023. Para tal, é necessário completar os 42,2 km abaixo dos tempos-limite de cada faixa etária, daí poder se concluir (apressadamente…) que onde os índices foram altos é sinal de serem locais mais propícios para marcas rápidas ou mais fáceis para encarar a longa distância.
Ledo engano! Logicamente que percursos planos são ótimos, assim como temperaturas baixas/amenas, sem contar um bom abastecimento no trajeto, organização em geral correta, público entusiasta no caminho e mesmo grande número de participantes, que acabam se estimulando durante os 42 km.
Mas o que define mesmo conseguir ou não um bom resultado é a preparação que se fez, nos meses anteriores da maratona, conforme se constata ao encontrar um alto índice de ranqueados em Uberlândia, que sabidamente não oferece boas condições de percurso e clima. Mas reúne sempre expressivo número de corredores bem treinados, notadamente aqueles que estão fechando a preparação para a Comrades, a famosa ultra na África do Sul.
Também vai afetar as marcas dos concluintes o clima no dia da prova. O grande exemplo, no caso da TABELA, é que nas quatro maratonas acontecidas no dia 27/08, os corredores foram beneficiados por uma queda de temperatura. Na da Fila, com temperatura entre 11 e 14 graus, 68% conseguiram se ranquear, contra apenas 55% no ano passado, exatamente no mesmo percurso. O mesmo valeu para Vitória, com chuva.
Já na Internacional de João Pessoa sol forte e calor, mesmo com saída às 5h15, prejudicaram os corredores. E como falamos em outro post, surpreendente o percentual de ingresso no RANKING em Blumenau, igualando-se a Porto Alegre, que leva a fama de ser a “mais rápida” do Brasil. Mas aqui colabora a presença de muitos corredores devidamente preparados, o que não acontece, por exemplo, no Rio e em São Paulo. Também excelente o índice alcançado pelos participantes da primeira edição em Criciúma, favorecidos pelas baixas temperaturas.
Os participantes em Floripa foram igualmente beneficiados pelo clima, o que aliado ao percurso plano dever ter sido determinante para que 69,6% ingressassem no RANKING, melhorando o índice do ano passado, que foi de 63,4%. Já em Porto Alegre, com temperatura apenas amena, o índice caiu um pouco em relação a 2022, quando 73,3% se ranquearam.
A largada no Rio, a partir das 5h, parece que tem ajudado os maratonistas a encararem com menos dificuldade o percurso absolutamente plano, com metade dos concluintes conseguindo ficar entre os melhores maratonistas do país, sendo 51,1% agora e 51,3% em 2022.Nas duas da capital paulista os trajetos não ajudam, com o agravante que na que ocorre em abril há sempre a possibilidade de temperaturas pouco favoráveis, enquanto que na de final de julho a situação se inverte.
Em relação às outras duas maratonas realizadas no dia 24/09, em Salvador o percentual de ranqueados não se alterou em comparação com o verificado no ano passado, que foi 46,1%. Já em Foz do Iguaçu, o tradicional alto índice, em função da qualidade dos participantes que para lá vão estimulados pela premiação em dinheiro nas categorias de idade, sofreu grande queda este ano, devido ao forte calor. Para se ter uma ideia, em 2022 conseguiram lá se ranquear 62% dos participantes.
Em síntese, quer conseguir um grande resultado nos 42 km ou pelo menos correr bem a distância? Treine! Comprar o Adidas (R$ 4 mil), que a nova recordista mundial de maratona usou em Berlim, também não vai ajudar…
CONCLUINTES E RANQUEADOS EM 2023
Tomaz Lourenço é jornalista, 76 anos; lançou a revista Contra-Relógio em outubro de 1993, sendo seu editor até a última edição em abril de 2021. Correu mais de 60 maratonas no Brasil e exterior, além de 2 Comrades; seu recorde nos 42 km foi ao estrear na distância, em Blumenau 1992, com 3h04. Contato: tomazloureno1947@gmail.com