Precisamos mesmo de mais provas? Não deveríamos ter um ‘planejamento’?

Tenho uma dúvida, com uma resposta quase definitiva. Precisamos mesmo de mais provas no Brasil? Estamos, ano a ano, crescendo em número de eventos, porém, não na mesma proporção em concluintes nem em qualidade. Junte-se a isso no “atrativo”, no “desejo” de participar da prova X ou Y.

O amigo e treinador Nelson Evêncio, presidente da Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo (ATC), juntou alguns números que podem representar muito. Em 2013, a cidade de São Paulo teve seis provas de meia-maratona. Incluindo São Bernardo, Santo André, Campinas (duas) e Praia Grande, no Estado  foram 11 eventos. Somando todos, 21.232 concluintes. E, nesse caso, vejam, não quer dizer que foram 21.232 pessoas correndo 21 km. Bem menos do que isso. Eu, por exemplo, apareço três vezes nessa contagem – fiz Meia Amil de Campinas, Golden Four Asics e Praia Grande. No Rio de Janeiro, foram 24.100 das quatro provas na distância – com o mesmo fator se repetindo.

Não seriam muitos eventos, principalmente em São Paulo? Não “dispersa” o interesse? A Mizuno anunciou um novo circuito de meias-maratonas no lugar das 10 milhas. Porém, esses mesmos 16 km não eram uma “porta de entrada” para quem faz 10 km e sonha com os 21 km? Precisaríamos, por exemplo, de mais provas de 15 km, intermediárias, a meu ver.

O mesmo na maratona. Temos provas de 42 km demais. Claro que respeito outras opiniões. Mas três, no máximo quatro, maratonas excelentes no Brasil, concentradas no período mais frio, com largada bem cedo, seria o ideal. Criaria um atrativo, um desejo, uma vontade de participar delas.

Dentro desse parâmetro, concordo (e defendo) o que o Tomaz Lourenço escreveu no editorial da Contra-Relógio do mês de dezembro: precisamos de mais provas de 25 km e 30 km. Que serviriam não somente como longão para quem assim quiser, mas como um teste, um passo para chegar aos 42 km.

Acredito que chegou o momento de focarmos a qualidade e menos a quantidade no Brasil. Ter menos eventos, mas de excelência, principalmente de 21 km e 42 km, com distâncias intermediárias de 15 km e 25km/30 km, não vai deixar a corrida menos interessante, com opções reduzidas, pelo contrário (e sobram 10 km…). Vai criar aquela vontade de competir. E de treinar para elas.

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