Blog do Corredor André Savazoni 6 de junho de 2012 (35) (195)

Por que cada vez mais amadores estão se dopando?

O doping está enraizado na cultura esportiva, infelizmente. No atletismo, seja em pistas ou nas ruas, não é diferente. Casos emblemáticos, surpresas… dúvidas nunca sanadas. Certezas que os exames negam. Desconfianças do trabalho feito em “laboratórios” no passado (ou presente?). Histórias não faltam. Porém, um fator atual me chama a atenção: por que, na corrida, cada vez mais amadores estão se dopando?

Como não há controle antidoping entre os amadores, mesmo em provas com premiação em dinheiro nas faixas etárias, as histórias proliferam-se.

Outro ponto fundamental é saber onde acaba a suplementação e começa o doping. Tanto que um atleta de elite não pode (e não deve) tomar nada sem falar com seu médico, treinador, nutricionista, clube… Já os amadores, em busca de retornos rápidos… mas para quê?

Sinceramente, a corrida para nós, simples mortais – que não almejamos recordes mundiais, nem classificações olímpicas ou ainda grandes somas financeiras (o que não dá sinal verde para o doping, mas justifica o risco de uma bobagem enorme, que deve ser punida) –, é um esporte extremamente individual. Brigamos contra nós mesmos, contra nossas principais marcas, contra nosso desempenho no mesmo percurso em anos anteriores…

Ao tomar uma substância que vai te fazer ficar melhor (e vai realmente), você não está roubando de si mesmo? Fazendo algo que “limpo” não faria?

Além de tudo isso, devemos lembrar que os danos causados para a saúde (leia corpo) podem ser irreversíveis…

Então, surge a dúvida: por que cada vez mais amadores estão de dopando?

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35 Comments on “Por que cada vez mais amadores estão se dopando?

  1. é uma coisa que eu também gostaria de saber… O Profissional, até que dá pra entender, afinal de contas, o cara vive da corrida, mas um amador? pra quê? Eu sou um corredor super competitivo comigo mesmo, mas nunca abrirei mão de tomar minha cervejinha, meu vinho, comer besteira, enfim, de desfrutar dos prazeres da vida pra ganhar 1 minuto a mais numa prova. Não vivo financeiramente da corrida, então pra que essa paranóia?

  2. Eu também não entendo! Já tirei muita gente do pedestal ao saber que eles tomam “remedinhos milagrosos” pra melhorar a respiração ou o que quer que seja!
    Eu até tomo thermo’s e CLA’s, mas para ver se consigo queimar uma “banhazinha residual”, mas para desempenho, nada!
    Durante a prova só meu gel e olha lá, quando não o esqueço!
    Estamos ai pra nos vencer e como fazer isso se sabemos que estamos trapaceando conosco mesmo? Que “vitória” é essa?
    Ok, voce vai se destacar na rede social, mas e consigo mesmo?

  3. Este assunto merece muita reflexão e esclarecimentos quanto aos danos que isso pode causar à saúde das pessoas que estão fazendo esta opção. Fica a sugestão para uma próxima matéria, que seria ainda mais interessante colocar depoimentos de pessoas que optaram por este caminho e as consequências na vida das mesmas.

  4. Sua pergunta não tem sentido. Alguns atletas amadores se dopam porque algumas pessoas, em qualquer atividade, vão tomar decisões estúpidas. Fazer um esporte interessante não tem o condão de alinhar o caráter torto de ninguem.

  5. Nem em profissionais é possível entender, quanto mais nos amadores.
    Um dos principais pontos que levam o amador, ou mesmo o profissional ao dopping, é a falta de caráter, mas no caso dos amadores, sei que isso pode não soar muito bem, esse excesso de exposição que hoje é gerado pelas mídias sociais, a necessidade de mostrar aos “amigos” a sua notável performance, os “atletas” com cabeça fraca, acabam se entregando aos meios ilícitos para a conquista dos resultados.
    Vale lembrar a lista de substâncias consideradas dopping é muto extensa, e até mesmo medicamentos de uso corriqueiro constam nessa lista.
    Parabéns pelo tema André. No triathlon também falamos muito sobre isso.
    Abs.

    @klebercorrea

  6. A resposta para a pergunta do último parágrafo é simples: Porque tem vidas medíocres, são uns fracassados.

    Abraços!

  7. Creio que nos últimos tempos o ‘runner world’ ficou medíocre e vazio. Vemos pessoas super preocupadas em GPS, performace, nutrição e esquecem do básico que é suar e se sentir bem. A vaidade de dizer que são sub isso ou aquilo, ou a vontade de passar os colegas de clube geram estas distorção de vidas vazias. O equilíbrio da vida familiar x profissional x espiritual é que deve ser sempre visto e é tão esquecido hoje em dia.

  8. Outro dia comentei sobre isso. Eu me dopo. Mas antes que me xinguem, esclareço. Especialmente nessa época de temperaturas em alteração constante, minha rinite e meu estado alérgico ficam em alerta vermelho. E tomo o meu antihistamínico, o conhecido Allegra para, enfim, tentar ficar mais ou menos. Não seu, talvez a fexofenadina (princípio ativo do Allegra) seja uma substância dopante para a Wada. Mas a pseudoefedrina, que vem no Allegra-D, certamente o é!! Também tomo o meu Foradil (ou Fluir) para asma e ainda tenho dúvidas sobre a inserção ou não do formoterol (princípio ativo do medicamento) na lista de substâncias dopantes. Devo me dopar, portanto, e não nego. E não vou deixar de correr “dopado”, porque meu “doping” relaciona-se com a minha saúde, e nem vou deixar de correr porque acho que estaria “dopado”. Nesse sentido, a questão é diferenciar o que é o doping “verdadeiro” do doping “não intencional”, uma diferença que não existe para profissionais, mas pode existir para amadores!! Muitos amadores não aceitam o doping, mas aceitam a idéia de tomar suplementos ou polivitamínicos diversos tendo por objetivo a performance ou recuperação. E aí? A barreira entre o permitido e o proibido é apenas o que está na lista? É o que pode fazer mal? É o que meramente alimenta? Oras, além do meu doping “não intencional” eu tomo geis de carboidrato durante as provas, tomo alguns suplementos pré-esforço (maltodextrina) e pós-esforço (o famoso Endurox R4). Eles me foram prescritos por uma nutricionista e obviamente o objetivo é tomar esses negócios para melhorar algo na minha vida esportiva. Mas é doping? Muita gente faz a mesma coisa, sem problema algum. A intenção é algo essencial para condenar ou não a conduta desse atleta amador, mas é muito subjetiva.

  9. “Considera-se como doping a utilização de substâncias ou métodos capazes de aumentar artificialmente o desempenho esportivo, sejam eles potencialmente prejudiciais à saúde do atleta ou a de seus adversários, ou contrário ao espírito do jogo. Quando duas destas três condições estão presentes, pode-se caracterizar um caso de doping, de acordo com o Código da Agência Mundial Antidoping (AMA).” – Informações sobre o uso de medicamentos no esporte COB –
    A definição por si só já explica muita coisa, mas penso que qualquer artifício que fuja do “espírito do jogo” é degradante para o atleta que o pratica.

  10. O Nishi vai me desculpar, mas não existe qualquer necessidade de fazer essa discussão filosófica e tentar fazer distinções onde não existem diferenças. O que estamos falando aqui é claro, é dopping, tem intenção e objetivos claros e é feito de forma coordenada. Não se fala de tomar um suplemento, de usar kinect tape ou power balance. Fala-se de tomar EPO, hormônio de crescimento e testosterona.

    Parafraseando, doping neste caso é como pornografia. Todo mundo sabe reconhecer quando vê.

    Em tempo, o remédio para asma, se informado previamente, não é considerado “resultado adverso”.

  11. Acho que me expressei mal ou o Luiz não entendeu. Também, misturei duas reflexões num comentário só. A primeira coisa que quis dizer é que há desconhecimento de muitas pessoas (necessariamente amadores) sobre o que é doping objetivo (ou seja, ingerir substância considerada ilícita). A história da Maurren Maggi e da pomada pra depilação (considerando-a verdadeira) é inaceitável para uma profissional, mas quantas amadoras fazem isso? E podemos considerá-las como amadora dopada, com toda a carga negativa que essa definição possui? A outra coisa que quis dizer é mais filosófica mesmo, é a discussão sobre o que pode ser considerado doping, algo mais complexo. É a história de a maconha ser doping mesmo não trazendo benefícios para performance, e o gel de carboidrato ou o suplemento não ser, mesmo trazendo o benefício de ser um alimento portável ou depurado. Em tempo, não acho que uma substância de natureza alimentar deva se considerado doping, é só uma reflexão.

  12. Amadores se dopam pelo mesmo motivo que se tornam alcoolatras, fumantes. Pelo mesmo motivo que agridem seus filhos, esposas ou maridos. Pelo mesmo motivo que subornam um guarda de transito ou ocupam uma vaga dedicada a idoso ou deficiente físico. O motivo é um só, na verdade dois: baixíssimo nível cultural e falta de educação! E tudo começa numa infância mau assistida. Abcs!

  13. Nishi, eu acho que eu entendi sim. Mas você está falando de problemas de fronteira (1) doping por desconhecimento (2) substancias com pouco ou nenhum efeito.

    Mas antes desta discussão, o que eu vejo e que eu entendi que o André aludiu no post dele é que existem AMADORES (assim como profissionais, naturalmente) tomando doping com GRANDE efeito sobre a performance e com PLENO conhecimento.

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    Exatamente, Luis e Nishi. O Luis exemplificou bem o nível que queria chegar na discussão. É o doping tomado por amadores conscientemente para obter resultados. Declaradamente para isso. E tendo resultados. A que custo, aí, só o tempo irá nos dizer. O financeiro já sei que é bem alto…

    Abraço
    André

  14. André, você tocou nesse assunto por que ficou sabendo de algo nas faixas etárias em Porto Alegre?

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    Não Julio, estou com esse tema na cabeça faz um tempo, não foi uma prova especificamente, mas histórias de várias. O que ouvi sobre Porto Alegre, mas não vi, só escutei os comentários, foi de gente cortando caminho, mas que a organização está sabendo e já tomou ciência. E lá havia três tapetes de cronometragem, o que ajuda bastante.

    Abraço
    André

  15. André, fiquei curioso, que tipo de substância o pessoal amador tem utilizado? EPO ou qualquer tipo de coisa mais complexa? Não conheço ainda no meu círculo de amizade amadores que façam uso de doping, apenas suplementação.

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    Breno, as duas coisas, mais leves e mais complexos. De tudo um pouco. Principalmente de coisas que omitem as dores, dão mais resistência… Já ouvi muitas histórias de EPO sim.

    Abraço
    André

  16. Aí sim, Luis. Acho que, na verdade, abordamos o mesmo fato com pontos de vista diversos. E em relação a esses amadores que querem, pretendem e buscam obter resultados de propósito (e aí entra a tal da intenção), não tenho dúvida de que é um absurdo até maior do que os dos profissionais, por causa da evidente burrice implícita nesse comportamento. Como ele não depende disso pra viver ou não ganha nada em termos financeiros, faz isso pra que? Satisfação de ego, de ser “o melhor”? Mas não é, porque teve ajuda, oras!!! Eu tenho o sonho de ir a Boston, por exemplo. Mas estou longe do índice. E mesmo que uma substância dopante me prometesse isso, tomaria? Valeria a pena? Seria eu que conseguiria o índice ou seria o laboratório???

  17. Nas maratonas isso ainda não acontece, mas no Ironman de Florianópolis todo ano tem amadores (entenda-se aquele atleta que tem um emprego fora do esporte de 6 ou 8 horas diárias) que chegam na frente de atletas profissionais…

  18. Julio Cesar, a implicação é leviana. Chegar na frente de atletas de elite (não existem profissionais propriamente no triathlon brazuca, pois não dá pra viver dos prêmios) não é sinal de doping. Nem o contrário.

  19. Eles estão se dopando porque querem resultados, mas não vale, nunca, sendo amadores que somos. Só tomo gel e olhe lá. Vim descobrir lendo os comentários o que é o tal do EPO. Prefiro minha água e gel e recordes pessoais suados e sofridos.

  20. Coca-cola e paçoca estão na lista de doping??? 🙂

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    Depende do que você mistura na Coca-Cola, rs, e na paçoca!!!!

    Abraço
    André

  21. Tênis com amortecimento também é doping!

  22. Falando sério, entre os pangarés, entre os quais me incluo com meu Recorde Pessoal de 45:19 nos 10K, não se fala de doping. A gente só pensa em se divertir.

    Parte do problema é isso. A gente tem que tentar um melhor tempo? Sim, mas sem esquecer que o principal é a diversão. Tudo na vida tem parte principal e parte complementar. A parte principal não exclui a complementar. Na corrida de amadores, a parte principal tem que ser a diversão (na minha modesta opinião) e a parte complementar é a competição.

    Se não for assim, vai-se embora a saúde. Indo-se embora a saúde, como vamos convencer os não corredores a nos liberarem as ruas nos domingos para Maratonas, Meias, 10K, 5K?

  23. André, a propósito, tem um livro chamado “The Doper Next Door: My Strange and Scandalous Year on Performance-Enhancing Drugs”. O autor é um jornalista que fez “reposição” de testosterona durante um ano e conta a história. Eu ainda não li (estou esperando o audiobook), mas já vi e li algumas entrevistas. Pode melhorar seu endendimento do assunto. O nome dele é Andrew Tilin. Essa aqui no You Tube (em inglês) é interessante: http://www.youtube.com/watch?v=TnAXquLj-vs

  24. Oi André, muito interessante o post. Como é possível saber, com certeza, se cada vez mais amadores estão se dopando? Que eu saiba não existe controle/estatística sobre isto…
    De qualquer forma, certamente há (e sempre houve) os pobres de espírito que se dopam. Infelizmente só descobrirão tarde o mal que fazem a si mesmos.
    Abraço!

  25. Creio que o amador se dopa pelo EGO.
    Seja quando busca resultado em competiçoes esportivas ou para resultado estetico.
    Sugiro assistirem ao documentário que aborda o assunto
    Bigger, Stronger and Faster

    http://youtu.be/CMk4N6SLgGo

  26. Para mim tanto o profissional e o amador é tudo burro! Pois com saúde não se brinca, para que buscar a fama de forma ilicita? Quero ver a saúde de quem se dopa mais tarde quando pegar um cÂncer ou outra doença…

    Quer correr corra limpo!!!

    Um abraço,

    Jorge Cerqueira
    http://www.jmaratona.com

  27. Acho ridículo tomar o que quer que seja para querer se dar de bem. Aconteceu comigo quando eu era adolescente: tomei 4 pílulas de um thermogênico proíbido na época (a dose máxima era 1 por dia) para me dar de bem no campeonato de jiu-jitsu que eu iria participar. Resultado: tive uma taquicardia pensei até que iria morrer. Fiquei uns 20 minutos deitado no chão hiperventilando e coração pulando. Meu amigo de academia foi parar no hospital. Ridículo minha atitude na época! Cuidado pessoal…
    P.S: o André tá se dopando por isso anda fazendo esses tempos maravilhosos! Rs

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    Pior, Rafael, que o resultado muitas vezes é esse mesmo. Pode ficar só em um susto, ou maior… rs

    Caramba, você descobriu? Falando sério, para eu tomar neosaldina, só na última instância. Com pai homeopata e acupunturista em casa…

    Abraço
    André

  28. É verdade, o que o André anda tomando?? Rs…

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    Bem, ontem foram duas cervejas, uma Petra Bock e uma Petra tradicional. No jantar, três vinhos tinto, dois argentinos e um chileno, além de um espumante… hoje só água e Coca-Cola zero… kkkkkkkk

    Abraço
    André

  29. André, belo assunto!! Já faz um tempo que venho “pesquisando” e conversando com pessoas do meio – amigos, médicos, blogueiros e treinadores. Todos afirmam com boa dose de segurança que o doping entre amadores é mais usado que nos profissionais. Principalmente atletas na casa dos 33, 32 minutos no 10km, porque estão próximos de uma premiação ou de serem vistos por “olheiros”. Talvez a imprensa, com o seu poder, possa investigar mais profundamente e tentar diminuir essa praga maldita. Abraços, Lelo

  30. Ótima pergunta/tema abordado pelo André Tarchiani Savazoni e que rendeu bastante comentário e ‘retweetadas’. Parabéns.

    Li os comentários e concordo com a Lelo, muitos amadores quando estão na casa dos 35 min para os 10km se empolgam e buscam melhorar performance se dopando.

    A vaidade também é algo que leva esses atletas utilizarem substancias para melhorar o rendimento em competições. O doping na corrida de rua é muito comum, muitos dos atletas profissionais e amadores estão correndo dopados.

    As competições em sua grande maioria não fazem exames nos vencedores, é muito comum também não encontrarmos esses atletas que correm dopados em competições que possuem exame antidoping.

  31. Boa notícia. No campeonato brasileiro juvenil de natação, em Recife, tem anti-doping. São jovens de 14 e 15 anos. É de menino que se torce o pepino (as meninas também estão sendo testadas).

  32. Fiquei contente com a decisão, acho justo pois quando nesta faixa etária ocorre problemas de doping acho que a culpa maior são dos pais, que em certos casos até administram tais substâncias para os filhos em busca de melhores resultados e recordes. Meu filho estava em Recife nesta competição e só corrigindo a faixa etárias dos atletas era de 15 e 16 anos categoria de juvenil deste ano (I e II)
    Abraço a todos.

  33. Sou um atleta amador bem conhecido em minha cidade
    Pratico corrida de rua, de 10,15 km meia-maratona, maratona e sou especialista em corrida de montanha, e posso dizer com certeza que o doping é muito comum no esporte que pratico.
    Digo isso porque eu me dopo desde quando comecei a tentar competir pra ganhar há cerca de 6 anos,
    Uso esteroides anabolizantes, testosterona já usei também eritropoetina (EPO) e muitos atletas que conheço fazem uso das mesmas substancias, a 6 anos não faço uma corrida sem estar dopado e não pretendo parar de me dopar.

  34. e fraqueza se dopar, pensando no assunto fiquei com uma duvida po de guarana e doping

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