Por que a discussão não é sobre a bagunça da largada da São Silvestre?

A São Silvestre segue no meio de uma polêmica em São Paulo devido às alterações no percurso – chegada no Obelisco do Parque do Ibirapuera, além de mudanças no miolo, com a saída da descida da Consolação e do Minhocão (corte específico este que, a meu ver, fará um bem danado para quem vai correr a prova). Respeito a opinião dos dois lados, mas como jornalista fui fazer uma pesquisa no site oficial da mais tradicional corrida de rua brasileira e, talvez, da América Latina. Descobri dados interessantes sobre os percursos (que mudaram inclusive de distância desde 1925, como todos sabem, mas a discussão nesse momento é outra, já que os 15 km foram mantidos).

De 1925 a 1929, largada na Avenida Paulista (Parque Trianon) e chegada na A.A. São Paulo na Ponte Pequena – 5 edições.

De 1930 a 1941, largada na Avenida Paulista esquina com a Angélica, e chegada no C.R. Tietê – 12 edições.

De 1942 a 1944, largada da Avenida 9 de Julho (Túnel) e chegada no C.R. Tietê – 3 edições.

De 1945 a 1948, largada no Estádio do Pacaembu e chegada no C.R. Tietê – 4 edições

De 1949 a 1950, largada na Praça Oswaldo Cruz, esquina com a Avenida Paulista e chegada na Rua da Conceição, no Ed. Palácio da Imprensa – 2 edições.

De 1951 a 1952, largada e chegada na Rua da Conceição, Ed. Palácio da Imprensa – 2 edições.

De 1953 a 1965, largada na Avenida Cásper Líbero e chegada na Rua da Conceição, no Ed. Palácio da Imprensa – 13 edições.

De 1966 a 1978 e de 1980 a 1990, largada e chegada na Avenida Paulista, 900, Ed. Cásper Líbero – 23 edições.

1979, largada na Avenida Paulista, 900, Ed. Cásper Líbero, com chegada no Estádio do Pacaembu – 1 edição.

De 1991 a 2010, largada na Avenida Paulista, em frente ao Masp, e chegada na Avenida Paulista, 900, Ed. Cásper Líbero – 20 edições.

Então, resumindo os dados, por 63 edições a São Silvestre teve largada na Avenida Paulista (estou contando as duas da Praça Oswaldo Cruz também, é claro), com chegada na Paulista por 43 vezes, o que se tornou usual, é verdade, de 1966 até 2010 (com a exceção de 1979, quando o término foi no Estádio do Pacaembu).

Assim, acredito que as pessoas indignadas têm (e devem) protestar, expressar suas opiniões (felizmente isso é possível nos dias atuais, nunca podemos deixar de lembrar pois nosso passado é muito recente), porém, a tradição realmente da São Silvestre era a prova noturna e não o seu percurso que, como pode ser visto nos dados acima (e visualizado no site da prova), mudou inúmeras vezes.

O que eu gostaria, sinceramente, é que fosse discutido (e corrigido) o principal problema da São Silvestre, e que faz milhares de corredores deixá-la de lado: a incrível zona na concentração (principalmente em dias de calor, que são comuns), a falta de separação por ritmo e a não adoção das ondas de largada, com os fantasiados e carregadores de cartazes tendo um espaço específico para festejarem, mas lá atrás. Pontos para mim inadmissíveis para uma corrida com o número de inscritos e a importância que tem.

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