A transição nada mais é do que uma etapa do treinamento na qual o corredor, já esgotado física e emocionalmente de uma temporada competitiva, necessita renovar seus recursos orgânicos para iniciar um novo ano com disposição para a busca de melhores marcas pessoais. A transição, ainda que de importância crucial, é o momento de se treinar despreocupadamente e deixar as provas de lado.
Nessa etapa, recomenda-se que os treinos sejam diversificados, para promover uma recuperação ativa e proporcionar a manutenção do condicionamento adquirido anteriormente. Assim, é normal ocorrer uma perda da condição atlética, isto é, o corredor não se encontrará no melhor de sua forma para as competições, já que os treinos não serão específicos.
Portanto, na transição o atleta deverá abster-se de participações em provas, principalmente aquelas mais competitivas, pois poderá ficar frustrado com o seu desempenho. Entretanto, essa redução momentânea de condicionamento é necessária para que o organismo se renove para enfrentar a preparação de base.
QUILOMETRAGEM. A base, já conhecida pela maioria dos corredores, é a etapa em que o volume de treinamento (aumento da quilometragem, principalmente) irá alcançar seu ponto mais alto durante a preparação. Estamos falando de uma base nos moldes tradicionais, pois a maioria dos praticantes de corrida não possui o lastro fisiológico suficiente (histórico de treinamento) que lhes permita avançar em treinos específicos, esperando obter resultados satisfatórios e duradouros. Muitos talentos são perdidos devido ao que se denomina de "abismo metodológico", ou seja, a utilização de métodos e meios de treinamento específicos em momentos precoces ou inoportunos.
Nessa etapa, portanto, o objetivo principal da preparação é aumentar a quilometragem, mas com variação de método (corrida contínua / rodagens e corrida em ritmo alternado / fartleks), sempre de modo gradual e progressivo. Isso possibilitará ao corredor o aumento da resistência aeróbia, que lhe dará margens fisiológicas para avançar nos treinos específicos que virão durante a temporada.
A transição pode estender-se entre 4 a 6 semanas e a base, de 4 a 8 ou até 12/16 semanas, a depender das condições do atleta e de suas metas na temporada. Para isso, testes físicos e avaliações do condicionamento podem ser realizados pontualmente para obtenção de informações relevantes sobre a condição física geral e específica do corredor e se estas estão em conformidade com as propostas de treinamento seguintes e com os objetivos que se pretende alcançar.
A transição e a base são etapas fundamentais para pessoas de qualquer nível esportivo. Portanto, fiquem atentos, pois aqui poderá ter início uma temporada competitiva de sucesso.