Releitura Redação 6 de agosto de 2021 (0) (1855)

Palmilhas corretivas: quando elas são necessárias?

Tudo em cima – Yara Achôa – JANEIRO 2008

Segundo os especialistas, ter uma perna mais curta que a outra é normal – de cada cinco pessoas, três têm. Mas para o corredor, apenas alguns milímetros podem causar problemas mais sérios e atrapalhar a performance. Por isso, às vezes é necessário recorrer às palmilhas ortopédicas. Veja quando!

Nosso corpo não é perfeitamente simétrico. Algum grau de discrepância todo mundo tem. “É muito difícil encontrar uma perna exatamente igual à outra, da mesma forma que é incomum um olho com o mesmo grau de deficiência que o outro”, diz o ortopedista Reinaldo Garcia, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo. Essa diferença pode ter causa óssea (a pessoa nasceu com a assimetria ou ela foi provocada por algum acidente e, nesse caso, é irreversível – pode-se fazer a compensação por meio de palmilhas se a desarmonia gerar desconforto) ou muscular (quando ocorre uma retração dos músculos, provocado, por exemplo, por má postura). “Cerca de 60% das pessoas têm pequenos encurtamentos. Mas a maior parte não percebe até surgirem dores ou outros problemas”, revela Fabio Ravaglia, ortopedista especializado em esporte e presidente do Instituto Ortopedia & Saúde, de São Paulo.

Segundo os médicos, até 2 cm não interfeririam na qualidade de vida e nas atividades do dia-a-dia. “Isso em casos crônicos, ou seja, quando os defeitos surgiram na infância e acompanharam o crescimento. É que a bacia realiza um movimento de báscula que compensa essa desproporção e permite a adaptação”, explica o ortopedista Reinaldo Garcia. Porém, quando se trata de um problema agudo, como a seqüela de uma fratura, o organismo “não tem tempo” de compensar e o uso da palmilha torna-se inevitável.

Para quem corre, no entanto, 0,5 cm (ou 5 mm) seria capaz de causar desconforto. “Pode levar a dores nos joelhos, quadril, tornozelos, problemas na coluna e na cervical, hérnia, artrose, além de prejudicar a performance pelo estresse criado na musculatura”, avalia Fabio Ravaglia. E mais: a diferença acentuada facilitaria a ocorrência de lesões como tendinite do calcâneo e fasciíte plantar. Com 1,5 cm de diferença entre uma perna e outra, Joaquim Cruz (ouro nos 800 m das Olimpíadas de Los Angeles 1984) é o caso mais famoso no atletismo, sendo obrigado a usar um tênis especial que compensa a desproporção.

 

SALTO DE QUALIDADE

As fisioterapeutas Renata Gigiletti Perrone e Andrelina Magalhães, do Studiu Passu, de São Paulo, especialistas em podoposturologia (reprogramação postural através de palmilha), afirmam ainda que com apenas 1 mm de desigualdade entre os membros inferiores o indivíduo estaria perdendo força e mais propenso a problemas posturais. Tudo por conta da instabilidade provocada, já que os pés são a base do equilíbrio estático e dinâmico. Elas partem do princípio desenvolvido na década de 80 pelo fisioterapeuta francês René Bourdiol, que criou um conceito terapêutico em que as bases da correção postural seriam neurológicas e não somente mecânicas.

Explicando: a região plantar possui uma infinidade de neurosensores que são sensíveis às variações de deformação, conforme a gente pisa. Devido a um mínimo contato com a sola do pé, seria desencadeada uma estimulação dos receptores plantares, sendo instantaneamente transmitida ao sistema nervoso central, abrangendo a coluna vertebral, membros superiores e inferiores, regulando a tensão dos músculos posturais e corrigindo suas assimetrias.

O tratamento para a diferença entre as pernas de ordem muscular consistiria, então, na reprogramação da postura por meio da utilização de palmilhas. E para produzir os estímulos na região plantar são desenvolvidas peças (denominadas de elementos, barras, cunhas ou calços) que desencadeiam as correções. Estas peças variam de tipo, espessura e densidade e são fixadas nas palmilhas, ficando em contato com o pé. “Elas são dispostas em uma órtese denominada de palmilhas proprioceptivas ou posturais e são determinadas por uma avaliação”, diz Andrelina Magalhães.

Estas palmilhas têm como objetivo reduzir o pico de pressão e distribuir a força de reação do solo por toda a região plantar. Por estarem posicionadas entre o pé e o calçado, as mesmas aumentam a eficiência do controle postural durante a posição ereta, na caminhada e na corrida. “No caso do atleta, a idéia é proporcionar o equilíbrio correto entre as estruturas articulares, musculares e tendinosas, para que possam suportar a sobrecarga física, sem compensações que levem a lesões”, completa Renata Perrone.

 

A CONFECÇÃO DA PALMILHA

Após a avaliação postural fisioterápica completa – que envolve análise de pés, tornozelos, joelhos, coluna, postura – o fisioterapeuta faz a prescrição das palmilhas. O paciente passa então pelo pedígrafo – uma espécie de xerox dos pés para ver onde há pontos de pressão – para a confecção das palmilhas. “Elas são personalizadas, feitas de material leve, macio, flexível, fácil de limpar, e ainda com mecanismos de impulsão e amortecimento, já que durante a marcha normal o peso é multiplicado em torno de três vezes e na corrida o peso passa a ser cinco ou seis maior”, diz Renata.

O paciente pode encomendar um ou mais pares, adaptáveis a calçados esportivos e sociais. “No caso dos corredores, para não incomodar, prefira um número maior de tênis”, recomenda o ortopedista Fabio Ravaglia. E o ideal é usá-las no dia-a-dia, o maior tempo possível.

É feita uma reavaliação das palmilhas a cada 40 dias, até completar o período de adaptação, de cerca de 120 dias. “Nas primeiras semanas podem ocorrer dores musculares leves, pois o corpo está se acostumando com a correção”, fala Andrelina.

As palmilhas, quando bem conservadas, duram um ano. E visitas regulares – semestrais ou em alguns casos até anuais – vão determinar a continuidade do uso ou a modificação dos elementos que as compõem. Experimentando conforto a seus pés e com melhora do desempenho – principalmente por causa da eliminação das dores – dificilmente o corredor as abandonará…

Serviço – Studio Passo: tel (11) 5539.5175

 

PERNA MAIS CURTA: COMO SABER

A diferença é comprovada por meio de um exame de RX (escanometria) ou até tomografia (mais sensível), mas você pode perceber a discrepância a partir de algumas observações simples.

 

* Olhe-se no espelho e note se o ombro e o quadril estão mais caídos de um lado.

* Repare se as barras de suas calças ficam na mesma altura.

* Ao dobrar os joelhos verifique se o fêmur tem o mesmo comprimento. O mesmo vale para a tíbia.

* Meça com uma fita métrica, usando dois pontos fixos – um na bacia e outro no tornozelo, por exemplo. Vale ressaltar que essa não é uma avaliação exata e pode levá-lo a preocupações desnecessárias. Em caso de dúvida, o melhor é procurar um especialista.

(Fonte: Reinaldo Garcia, ortopedista)

 

OUTRAS RECOMENDAÇÕES PARA PALMILHAS

Palmilhas não são assessórios e sim tratamento. Além de indicadas em casos de discrepância de membros inferiores, elas também podem ser prescritas para:

  • Metatarsalgia: dor na parte frontal do pé, na área dos ossos metatarsos
  • Hálux valgo: joanete em fase inicial
  • Esporão de calcâneo: um crescimento ósseo extra no osso do calcanhar
  • Fasciite plantar: dores na planta dos pés
  • Pés chato e cavo
  • Joelhos valgo e varo: projeção dos joelhos para dentro e para fora da linha média do corpo, respectivamente
  • Conforto para os atletas e desempenho no esporte
  • Alterações posturais: escoliose, cifose

 

O QUE É BAROPODOMETRIA

Trata-se do estudo da pisada e, por conseqüência, da postura. É importante porque orienta o paciente quanto à escolha do calçado correto, evitando e prevenindo lesões. O teste é simples e dura em média 20 minutos.

O baropodômetro eletrônico é um equipamento desenvolvido para o estudo das pressões plantares estáticas e dinâmicas, com a mais alta concepção de tecnologia. O especialista coloca uma palmilha fina -composta de filetes computadorizados que identificam os pontos de maior tensão da pisada – dentro do calçado do esportista, que caminha em uma passarela com sensores, em uma plataforma de aproximadamente três metros, conectada a um computador. Os dados são transmitidos ao equipamento. Depois o fisioterapeuta analisa essas informações e identifica o tipo de pisada do paciente, que pode ser classificada como supinadora (passada para fora), pronadora (passada para dentro) ou neutra.

O procedimento permite a avaliação do ciclo completo da marcha com análise biomecânica e estrutural e identifica agentes diretos ou indiretos que proporcionam ao indivíduo uma instabilidade corpórea.

 

VOCÊ FAZ SEU TÊNIS

Aqui a questão é puramente estética: no site Nike ID (www.nikeid.com), a famosa marca de calçados disponibiliza os principais itens de seu catálogo para você se divertir e montar seu próprio tênis. Por enquanto, o serviço só está disponível para entregas nos Estados Unidos e na Europa. Mas existe uma loja em Nova York que oferece a personalização. Se estiver de passagem por lá, é possível encomendar seu modelo original.

Dá para escolher as cores de todas as partes do calçado, da sola até a língua, bem como o tom do Swoosh, o tradicional símbolo da grife. E mais: escrever seu nome ou qualquer outra mensagem que desejar no tênis.

Após a customização, efetua-se o pagamento (o preço não varia em relação a um modelo tradicional, que custa a partir de 120 dólares ou 125 euros, mas há uma taxa adicional de envio de cerca de 10 dólares ou 9 euros). A entrega da obra-prima, que vem em uma caixa especial forrada com veludo, leva duas semanas.

 

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