Um artigo publicado este ano no prestigiado New England Journal of Medicine tenta desfazer mitos como este. De onde veio esta ideia ninguém sabe, mas o fato é que para afirmarmos algo assim precisaríamos medir o gasto calórico de indivíduos durante a atividade sexual nas mais variadas situações. Diferentes hipóteses precisariam ser testadas, já que o gasto de um homem deve ser diferente do de uma mulher, o de um indivíduo de 20 anos não deve ser o mesmo que o de alguém com 80 anos de idade, poderão existir diferenças entre um casal no início de um namoro e de outro casado há 5, 10 ou 20 anos, entre dias mais e menos animados, em diferentes posições e por aí vai…
Sem recrutar uma grande amostra de pessoas, representativas de todas as possibilidades e dispostas a se voluntariar para este tipo de estudo, fica difícil ter uma resposta para esta pergunta. O que parece claro é que, em se tratando do universo da nutrição, muitas afirmações ainda carecem de evidências científicas.
Um mito bastante difundido é o de que o consumo de vitaminas antioxidantes previne o envelhecimento, pois combatem os radicais livres. O que muita gente não sabe é que os radicais livres possuem muitas funções importantíssimas no nosso organismo, principalmente nos protegendo contra micro-organismos causadores de doenças. O excesso de radicais livres realmente pode danificar células saudáveis, porém o consumo indiscriminado pode ser bastante prejudicial, não contribuindo em nada para a prevenção do envelhecimento.
ENVELHECIMENTO INEVITÁVEL. Existem, aliás, mais de 300 teorias científicas que tentam explicar como ocorre o inevitável envelhecimento humano. Uma das mais aceitas é a de que danos no DNA, que se acumulam ao longo do tempo, danificam as células, encurtam os telômeros e levam ao aparecimento de tumores. Para prevenir os danos no material genético, uma alimentação variada e rica em alimentos de origem vegetal é a melhor estratégia.
O consumo de alimentos contendo fibras dietéticas (presentes nos cereais integrais, frutas e verduras) diminui, por exemplo, o risco de câncer de esôfago, cólon e reto. Hortaliças sem amido (como folhosos, abobrinha, tomate, berinjela, couve-flor e brócolis) reduzem o risco dos cânceres de boca, faringe, laringe, esôfago, pulmão, estômago, cólon, reto. Já as hortaliças que contêm alicina (alho, cebola, alho porró e cebolinha) diminuem o risco de câncer de estômago, cólon, reto, ovários e endométrio. E as pimentas baixam o risco de câncer de boca, laringe, faringe, laringe, estômago, pâncreas, fígado, cólon, reto, próstata e pulmões.
Telômeros são estruturas que protegem as extremidades dos cromossomos. Quanto maior é a exposição às toxinas, maior o encurtamento dos telômeros e mais veloz é o envelhecimento e o aparecimento de doenças. Para prevenir o encurtamento rápido dos telômeros, o ambiente deve ser controlado. O estresse é um dos fatores que mais contribuem para a diminuição do comprimento dos telômeros, assim como o tabagismo e o consumo excessivo de álcool. Por outro lado, dietas com baixo índice glicêmico, ricas em fibras, ômega-3, vitaminas C, D e E protegem os telômeros.
NOVO GURU. Comer pouco também é, de longe, a intervenção que melhor estende a longevidade em modelos animais. Populações mais magras também parecem viver mais. Mesmo assim, nem todos os pesquisadores concordam com isso. O físico e jornalista Gary Taubes, autor dos livros "Why we get fat", "Good calories, bad calories", "Diet delusion" e "Bad Science", todos sem tradução para o português, é um dos que mais questionam na atualidade a eficácia e os benefícios das dietas hipocalóricas.
De acordo com o autor e seus muitos seguidores, o que engorda e acelera o envelhecimento não é o número de calorias da dieta e sim o consumo exagerado de carboidratos. Estes nutrientes em sua forma simples são rapidamente absorvidos, provocando uma exagerada secreção de insulina, a qual aumenta o estoque de gordura corporal, conduz à inflamação e à maioria das doenças metabólicas da atualidade.
A solução, de acordo com o autor e pesquisadores desta linha, é reduzir drasticamente o consumo de carboidratos simples e de alto índice glicêmico, incluindo açúcar, farinhas, pães, biscoitos, bolos, pizza, arroz, batatas e laticínios. Nutricionistas esportivos são extremamente resistentes a esta visão da nutrição, já que a secreção de insulina promove o anabolismo, o ganho de massa magra e o estoque de glicogênio para futuros treinos e competições. Até o momento os estudos científicos têm mostrado que atletas com maior consumo de carboidratos têm um rendimento superior em relação aos que possuem menor consumo de carboidratos e maior consumo de gordura.
EXERCÍCIO ENGORDA! Taubes também provoca a comunidade científica ao indicar que as pessoas não façam exercícios se quiserem emagrecer. Para ele, a atividade física aumenta o apetite em um grau que o torna uma ferramenta ineficiente na perda de peso. Sua visão gerou uma série de debates acalorados nos Estados Unidos, envolvendo profissionais de saúde, como cardiologistas, educadores físicos e nutricionistas, que não concordam com sua visão reducionista, já que o exercício comprovadamente tem se mostrado benéfico para a saúde física, emocional e também para a redução e manutenção do peso.
Na mesma linha de Taubes está o livro "The Smarter Science of Slim", de Jonathan Bailor, formado em ciências da computação e autoproclamado um estudioso e palestrante do mundo fitness. Bailor também declara guerra aos carboidratos de alto índice glicêmico, retirando do prato grãos, farinha, batatas, arroz, massas. Na dieta entrariam apenas frutas e vegetais bastante ricos em fibras e água (como melão, morangos, pêssego, ameixa, laranja, maçã, folhosos, pepino, brócolis, repolho), acompanhadas de carnes e peixes. Além disso, advoga que precisamos de apenas 20 minutos de exercícios vigorosos por semana para atingir a boa forma desejada.
São muitos os paradoxos da ciência. O que Taubes e Bailor fizeram, além de alcançarem fama internacional ao saírem da física e da computação, respectivamente, e migrarem para o mundo da nutrição, foram levantar hipóteses a serem testadas. Gary Taubes, por exemplo, conseguiu angariar fundos para pesquisa, criando o Nutrition Science Initiative, instituto dedicado a estudo da obesidade e doenças a ela associadas. Conseguiu também o apoio de universidades importantes, que se comprometeram a planejar testes rigorosos para avaliar a diferença entre os diferentes planos alimentares na redução de peso e na qualidade de vida. É esperar para ver.