POR LUCIANO MARTINS | @luciano_vmartins
Na segunda-feira, dia 15 de abril, ocorreu a 128º Maratona de Boston, a maratona mais antiga e famosa do mundo. Conseguir um lugar nesta maratona já se tornou uma mística. Muitas vezes é um desejo de consumo e um sonho que pode durar anos. O evento deste ano teve aproximadamente 30 mil inscritos de 129 países e a participação de mais de 600 brasileiros. Destacamos aqui os dois melhores brasileiros em Boston, Mariana Luchezi e Miguel Morone, que compartilham um pouco sobre a experiência única nesta prova fantástica.
Mariana Luchezi, que ano passado foi a melhor brasileira em Chicago, repetiu o feito em Boston, com 2:49:33. “É aquela prova desejo, considerada a maratona das maratonas. Era um sonho. Achei linda. Possui percurso desafiador, com sobe e desce o tempo todo, porém estava muito bem preparada fisicamente e mentalmente para enfrentar as dificuldades”, disse Mariana, que realizou uma preparação intensa e a ajudou a não sentir tanta dificuldade. “Eu me senti bem durante toda a prova, a temperatura estava agradável e treinei muito para enfrentar as duras subidas. Encerrei a prova muito emocionada e feliz pelo gigante resultado.”
O momento mais difícil para Mariana foi administrar as dores que começaram a aparecer por volta do km 26. “O percurso muito irregular gera muito mais fadiga muscular, porém a cabeça estava muito bem preparada para aguentar”, diz Mariana, que lembra também do seu momento mais emocionante na prova. “Foi quando entrei na reta final, nos últimos 700 metros avistando o pórtico, a galera gritando. É de arrepiar. E sabia que tinha entregue meu máximo e que fecharia com um tempo incrível. Tinha alcançado o objetivo.”
Agora Mariana fará algumas provas no Brasil, como os 10 km da Tribuna de Santos e a meia maratona na SP City e em Porto Alegre, todas como preparação para incluir mais uma major no currículo, a Maratona de Berlim, em setembro.
Miguel Morone fez sua segunda participação consecutiva na Maratona de Boston na elite máster. No ano passado ele se inscreveu na prova com o tempo realizado na Maratona de Porto Alegre e teve a grata surpresa de receber o convite da organização para largar na elite máster. “Fui entender o que significaria isso e descobri que largaria junto com os melhores do mundo e competiria com os atletas acima de 40 anos, valendo premiação em dinheiro. Melhor de tudo, largaria ao lado do Kipchoge.”
Morone explica que teve uma preparação muito dolorosa em 2023, não permitindo uma evolução física naquela ano. “Fui pela realização de um sonho, completei na garra a prova e fiquei com um gostinho de quero mais”, disse ele, que foi buscar novamente o índice para a elite máster na Maratona de Berlim de 2023, onde foi o melhor brasileiro.
“Treinei durante 20 semanas ininterruptas. Mesmo com o verão do Rio de Janeiro tive uma excelente preparação para prova e entrei nela muito confiante de um bom resultado, entrei para ser campeão. Disputando comigo na Elite Master tinham três ex-atletas olímpicos, atletas com tempo menor de 2:15 na maratona. Mas Boston é uma prova diferente e me preparei muito para aquelas subidas.”, declarou o atleta.
A largada para Miguel foi um divisor de águas. Ele comentou que foi estratégico largar com nomes conhecidos como Sisay Lemma, Evans Chebet, Gabriel Geay, Hellen Obiri, Sara Hall e Sharon Lokedi. Sabendo de seus adversários cuidou bastante do grupo. Dois atletas da mesma categoria de Morone saíram em disparada com o grupo principal e ele entrou no grupo com um atleta com referência de três participações em Boston, com 2:17 como melhor tempo, 3° colocado no ano anterior. Os adversários foram estudados por ele.
“Arrisquei, pois ele estava em um ritmo mais forte do que meu planejado. Não tive opção. Estava bem, sensação de esforço dentro da linha de controle, frequência cardíaca estável. Tudo indo perfeitamente bem. Torcida nas ruas jogando aquela energia incrível, sol, temperatura na casa de 15°C, tudo certo para uma grande disputa”, relatou ele de forma confiante.
“Passamos a meia maratona para 1:09:05 e a partir dali as coisas começaram a ficar difíceis para o meu lado. Perdi o contato com o terceiro colocado, mas tentei me manter firme no ritmo, acreditando sempre, pois a prova ainda tinha a parte mais dura: as colinas de Newton, a série de quatro subidas que terminam com a Heartbreak Hill.”
Sua motivação veio de muitas fontes, mas especialmente do pensamento no seu filho.
Completou a prova com um tempo de 2:24, conquistando o 5º lugar da Elite Master, sendo o melhor brasileiro e sul-americano na competição, além de alcançar o 47º lugar na classificação geral. O pódio não veio, quem sabe uma nova preparação para o ano seguinte não esteja nos planos para completar o sonho. Sua esposa, Clarissa Du Bocage, também realizou a prova finalizando com um tempo de 3:13.
Morone agora está se recuperando, mas já se preparando para seu próximo desafio. que é a Maratona de Chicago, no dia 13 de outubro. E finaliza nossa entrevista dizendo “Boston é Mágica! Se eu puder sugerir uma prova, viva essa experiência de Boston. É incrível!”