O DESAFIO DA MARATONA
Em virtude de ter me lesionado com uma distensão no quadril em decorrência da prática de corridas, li uma reportagem sua na revista Contra-Relógio. O que mais me chamou atenção é que além de ser médico o senhor também é atleta. Gostaria de saber se é benéfico ou prejudicial o que se passa no organismo ao se correr uma maratona.
Paschoal Cassimiro, via email
Sua pergunta é motivo de intensa discussão no mundo acadêmico e extremamente controversa na prática da corrida. Costumo dizer aos meus pacientes que o desafio de correr uma maratona é muito mais mental do que físico. Obviamente que uma preparação adequada para se correr os 42 quilômetros é condição absolutamente necessária para minimizar os danos ao nosso corpo e conquistar uma experiência gratificante. Do ponto de vista estritamente físico, correr uma maratona não lhe trará nenhum benefício extra além daquele que você já adquire realizando um programa de atividade física regular, contemplando exercícios aeróbicos, de força e de alongamento. Porém, todos nós que corremos sabemos do poder viciante da corrida, e a distância da maratona logo se torna um desafio a ser conquistado, muito mais para satisfazer nossa mente do que nosso corpo. Prejuízos vão existir, porém cabe a cada um de nós tomar as devidas medidas para que eles sejam infinitamente menores que os benefícios trazidos pela atividade física constante e pelo alcance dos desafios que ela nos impõe diariamente.
ESPORÃO CALCÂNEO
Sou corredor há muitos anos e tenho 58. Depois de curado de uma fasciíte plantar, muita fisioterapia durante meses, ainda não voltei a correr. Como resultado tenho um esporão na parte dianteira do calcâneo e por isso gostaria de saber que cuidados devo ter na volta às corridas. O médico recomendou palmilha com furo no meio. Tenho feito os alongamentos recomendados e não tenho mais dor nenhuma. O esporão vai me impedir de correr? Essa palmilha vai resolver? Terei que fazer cirurgia? O médico que me atende não é corredor e não entende a importância da corrida para quem a pratica, e é mais fácil ele dizer, como já disse: "faça outro esporte, bicicleta, natação".
Roberto Pederneiras, Rio de Janeiro, RJ
Realmente para aqueles que não correm é muito mais fácil dizer para fazer outro esporte do que tentar buscar uma solução para o problema. Pelo seu relato você está muito bem encaminhado, não tendo mais dor e realizando seus alongamentos religiosamente. Como você mencionou, seu problema foi a fasciíte plantar, uma inflamação da faixa de tecido conjuntivo na planta do pé, mais freqüentemente acometida em sua origem junto ao osso do calcanhar (calcâneo), que traz como conseqüência a formação do esporão de calcâneo pela repetida força de tração nesta região, e que permanecerá em seu pé infinitamente. Porém, na maior parte das vezes não é o esporão que dói, e sim a degeneração da fáscia plantar. Não creio que isto vai impedi-lo de correr, mas terá que sempre alongar seus pés, utilizar uma calcanheira sem furo no meio, pois seu objetivo é apenas elevar a parte de trás do seu pé em relação à parte da frente, evitar andar descalço ou com sandálias baixas, e utilizar massagens de gelo diariamente no região. Não vejo a cirurgia como uma alternativa ao seu problema.
CUIDADO COM OS SINTOMAS
Tenho 47 anos e após correr durante uma hora, tenho sintomas tais como dormência nas mãos, calafrios, vermelhidão da pele e tontura. O que é isto? Que exames devo fazer? Que cuidados devo tomar?
Edson Antonio da Silva, via email
São poucas as informações que você nos enviou acerca de seus sintomas após este treino de uma hora, porém creio que merecem cuidados importantes. Se já ocorreram antes, ou se você já sentiu tonturas em outras ocasiões, pare de correr ou fazer qualquer atividade física e procure seu cardiologista para uma avaliação imediata, pois podem estar relacionados à incapacidade de seu coração receber sangue e oxigênio suficientes para o esforço que você está se submetendo. Quando foi que realizou exames de rotina com o clínico geral? Foram feitos eletro cardiograma de esforço ou exame de Doppler? Já fez algum ergoespirométrico? E exames de sangue apresentaram alguma alteração? Devemos lembrar que antes de ingressar em qualquer tipo de programa de atividade física são necessários todos estes exames e a liberação do cardiologista para que a atividade seja feita de forma segura e responsável.